Acampamento Pedagógico

Brigada Nacional Oziel Alves é lançada na curva do “S”, no Pará

No marco dos 27 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, iniciativa propõe avançar na formação e no trabalho de base
Ato de Lançamento da Brigada Nacional Oziel Alves, no local em que ocorreu o Massacre do Carajás, no PA. Foto: MST

Por Nieves Lopes
Da Página do MST

No dia Internacional de Luta pela Reforma Agrária, 17 de abril, o Movimento Sem Terra lançou a Brigada Nacional Oziel Alves, na curva do “S”, no Pará, local onde aconteceu o Massacre de Eldorado do Carajás. A brigada leva o nome do jovem e militante Oziel Alves Pereira, um dos 21 mortos Se Terra assassinados no Massacre.

A Brigada Oziel Alves é um instrumento de formação de militantes Sem Terra, construída com o objetivo de formar e atuar em todo o Brasil, combinando estudo, trabalho e ação coletiva, fortalecendo o trabalho de base. Além disso, a Brigada é lançada no marco da construção dos 40 anos do MST. 

Ao todo são seis brigadas em todo o país, divididas nas grandes Regiões e terão seis etapas de dez dias até o próximo ano, com o ato de formatura que acontece no 7º Congresso do MST, em 2024. A ideia é que a Brigada possa formar 700 Sem Terra.

Para Renata Menezes, da direção nacional do coletivo de juventude, a construção da Brigada tem como principal objetivo construir sujeitos dirigentes com a capacidade de análise da realidade, que possam atuar a partir do território. “A ideia é que esses jovens possam ter proposição e iniciativa para cada ação, dentro e fora do Movimento, onde possam impulsionar o internacionalismo, as campanhas de alfabetização e a produção de alimentos saudáveis”, explica.

Acampamento Pedagógico

Formação dos brigadistas. Fotos: MST

A Brigada foi lançada como parte da programação do 27º Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra “Oziel Alves Pereira”. O evento ocorreu entre os dias 09 e 17 de Abril, na curva do “S”, em Eldorado do Carajás (PA), e reuniu os brigadistas da Região Amazônica, para sua primeira etapa, onde puderam vivenciar um dos mais importantes espaços de formação da juventude do campo e da cidade. 

A atividade faz parte da 26º Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, em memória aos mártires Sem Terra do Massacre de Eldorado do Carajás/PA e os 27 anos de impunidade. Este ano o lema da Jornada é a luta “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”, que acontece em todo o país.

A etapa da Brigada no Acampamento proporcionou a possibilidade dos participantes vivenciarem a “práxis militante”, a arte e a cultura. Além disso, foi possível discutir os desafios em relação à construção de um acampamento, que trás a memória da luta pela terra e as pautas da conjuntura. 

Nesse contexto, foi realizado o ato de Batismo dos brigadistas, com a apresentação do lema da Brigada: “Rompendo cercas, construindo o presente, plantando futuros! Viva o MST!”.

O lançamento da Brigada e o batismo dos brigadistas aconteceram no encerramento do Acampamento com a apresentação de uma das cenas de “Antígona na Amazônia”, aproximando os participantes do que foi a Massacre de Eldorado do Carajás e transformando tudo em indignação para se colocar à disposição do Movimento. 

Oziel Alves, vive!

O jovem Oziel Alves Pereira, homenageado pela Brigada Nacional, foi um militante de 17 anos, que desde muito novo ingressou nas fileiras da luta pela terra no estado do Pará.

Filho de assentados do assentamento Palmares, em Parauapebas (PA), e militante, foi um dos mais importantes agitadores das massas durante o pouco tempo que atuou dentro do Movimento, onde acompanhou a Marcha que saiu de Curionópolis com destino a Belém, pela desapropriação da fazenda Macaxeira, que foi interrompida na curva do “S”, local em que Oziel perdeu sua vida ao ser torturado enquanto gritava “VIVA O MST!” e, logo após, foi assassinado pelos policiais.

A memória de Oziel se tornou uma referência para toda a juventude, mas ele não representa só a figura do jovem que foi assassinado brutalmente. “Oziel representa a escolha de vida da militância, ele representa a história de muitos militantes e dirigentes que doam e colocam suas vidas à disposição da organização”, finaliza Renata.

*Editado por Solange Engelmann