Produção de Alimentos
MST e Embrapa cocais realizam dia de campo em assentamento no MA
Por Elitiel Guedes
Da Página do MST
Nesse mês de Abril de lutas, o MST no Maranhão realizou um dia de campo, em parceria com a Embrapa Cocais em Itapecuru Mirim (MA). O objetivo foi apresentar o Consórcio Rotacionado para Inovação da Agricultura Familiar (CRIAF), também conhecido como Roça Sustentável, que está em processo experimental, no assentamento Cristina Alves, localizado no município de Itapecuru Mirim, e funciona em parceria com a Cooperativa Mista das Áreas de Reforma Agrária do vale do Itapecuru (Coopevi).
O assentamento Cristina Alves está chegando aos seus 16 anos de história e é fruto da luta do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra – MST. A conquista do local é o resultado de dois processos de Luta pela terra, promovidos pelo MST entre 2001 e 2007, na Região Norte Maranhense e está organizando em duas vilas, a vila 17 de abril e Cabanagem, local onde residem 113 famílias.
O trabalho coletivo é uma das modalidades de trabalho mais frequentes nas práticas agroecológicas existentes e a comercialização da farinha de mandioca representa a principal fonte de renda das famílias e da cooperativa, para além desses produtos, as famílias comercializam feijão, arroz, milho, abóbora, quiabo, maxixe, hortaliças, uma grande variedade de frutas, como abacaxi, banana, bacuri, manga e açaí, entre outras. Grande parte da produção é destinada ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Elias Araújo, agricultor e do Setor de Produção do MST, recebeu as comitivas institucionais da Conab, MDA, MAPA, SAF e Secretaria de Agricultura de Itapecuru e parabenizou a Embrapa pelos seus 50 anos, além de ressaltar a importância da empresa não só no assentamento Cristina Alves, mas também em outros assentamentos do MST e em relação ao CRIAF no aumento da produção da mandioca no assentamento. “Estamos no terceiro ano de produção nesse mesmo espaço, se fosse antigamente, haveria uma migração dessa lavoura para outra área, aqui além de estarmos produzindo mais, o solo se mantém fertilizado, e se reduz a pressão sobre áreas de vegetação secundária existente no assentamento”.
O CRIAF é uma tecnologia, desenvolvida pela Embrapa Cocais, que busca a diversificação da produção na propriedade do agricultor familiar camponesa e permite organizar a produção das famílias com incremento da produção: até cinco vezes a produtividade da mandioca e em 50% a produtividade do arroz e do milho. Nessa forma de cultivo, planta-se arroz, milho, feijão-caupi e mandioca em consórcio, separando as espécies cultivadas de forma que não haja competição entre elas por nutrientes, água, luz e espaço.
Para Francisco Ferreira assentado e agricultor, “nós temos um desenvolvimento melhor na nossa produção, o trabalho da Embrapa ajudou todas as famílias que participam dessa produção”.
Segundo Marco Bomfim, chefe-geral da Embrapa Cocais, o dia foi de comemorar os 50 anos da Embrapa e indo à campo apresentar a tecnologia, inovação adaptada, desenvolvida dentro do setor produtivo com o produtor, considerando o conhecimento local. “Foi dessa forma que a Embrapa conseguiu fazer toda essa transformação junto à cooperativa do assentamento e dos agricultores, e falando do Maranhão, esse momento é muito simbólico, pois temos o desafio de transformar a roça de toco em agricultura viável, sustentável, tirar o fogo do processo e tornar realmente essa agricultura mais rentável e mais sustentável.”
Para Jerônimo Mendes, secretário de Agricultura do Município de Itapecuru, o CRIAF é um modelo que deve ser implantado no município. “Nós somos parceiros do MST, da Cooperativa e da Embrapa e queremos avançar na produção das áreas de reforma agrária no município”.
Segundo o analista Carlos Santiago, trata-se de um policultivo das culturas alimentares mais produzidas pelos agricultores familiares camponeses para consumo familiar e comercialização in natura ou processados e subprodutos. “Esse conjunto tecnológico que compõe o CRIAF representa a organização de um tecnologias sustentáveis que fazem parte das soluções para redução do fogo na agricultura, no combate à pobreza e redução da fome, por meio da produção diversificada de alimentos”.
Ao final do evento, foi realizada assembleia com todas as instituições presentes e um ato de solidariedade às vítimas do Massacre de Eldorado do Carajás, onde 21 trabalhadores Sem Terra foram assassinados pela Polícia Militar do Estado do Pará.
*Editado por Solange Engelmann