Juventude na FENARA

IV FENARA: a partilha de sonhos, afetos, cultura, vivências da Juventude Sem Terra

“Juventude é revolução e Oziel a nossa inspiração, quando se junta a companheirada Somos, luta e marcha, vida, terra e pão”
Foto: MST

Por Paulo Romário, MST-PB, e Larissa Padilha, educadora do IEJC

Entre os dias 11 e 14 de maio de 2023 acontece a IV Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, em São Paulo. Esse será um grande momento de celebração e de expressão da Reforma Agrária e do MST nos últimos 40 anos. Serão ofertados alimentos produzidos nas áreas de acampamentos e assentamentos de 24 estados do Brasil. A Feira será uma celebração da vida e um encontro do Brasil com a Reforma Agrária, por meio dos alimentos saudáveis produzidos pelo MST. 

Além dos alimentos, será um espaço da materialização de um projeto de sociedade, um encontro de muitos militantes, amigas (os); aliadas (os); artistas populares; comida de verdade, e muitas trocas. A feira será expressão da diversidade e da qualidade dos alimentos produzidos pelo MST. É através dos produtos que dialogamos com a sociedade sobre a importância da Reforma Agrária Popular e da produção de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos, produzidos de forma cooperada e associativa, portanto, sem trabalho escravo.

A Feira também será um espaço de reflexão sobre a produção de alimentos saudáveis, alinhados com a promoção da saúde e cuidado com os bens naturais do Brasil. Ao mesmo tempo em que ela provoca o diálogo com a sociedade sobre a importância da Reforma Agrária para produção de alimentos saudáveis e superação da fome, ela também nos provoca internamente sobre as formas de produzir, de gerar renda e dignidade para as famílias Sem Terra. 

A Feira Nacional da Reforma Agrária é um espaço de partilhar sonhos, afetos, cultura, histórias, vivências, lutas, mística do Brasil inteiro. Vai ser com muita Cultura Popular Sem Terra que essa feira será construída, sendo gerada desde a primeira cerca rompida até às nossas produções, alimentada por muitas mãos, nas nossas ocupações, produções e resistências cotidianas! Portanto, os quatros dias de feira serão uma expressão da vida camponesa. 

Para a juventude camponesa a Feira ganha um destaque ainda maior, é no encontro de tantos sonhos de um novo mundo que essa Juventude Sem Terra esteve nos últimos anos na linha de frente das ações de solidariedade, seja nos roçados solidários, cozinhas solidárias e populares, marmitas da terra, enfim, são inúmeros os exemplos da juventude participando do processo produtivo e solidário exercido pelo MST no combate à fome. 

Pontuamos a solidariedade é também como uma estratégia política de fortalecimento de vínculos mútuos e no fazer frente a ataques políticos, econômicos e culturais. A solidariedade da qual falamos é a solidariedade ativa. Essa se caracteriza por ser o encontro de sujeitos distintos do campo e cidade, que tem no alimento um elo de encontro e sentido. Além disso,  processos concomitantes se encontram com o fortalecimento dos vínculos entre os movimentos populares e a classe trabalhadora e em contrapartida, as famílias se deparam com um espaço de fraternidade, amorosidade e de partilha de suas angústias.

Outro elemento, no que diz respeito, a Feira e a Juventude Sem Terra é a formação no trabalho e na organização coletiva, ela como resultado da vida comunitária e na produção de alimentos saudáveis de forma cooperada pelos grupos de jovens do MST. 

Foto: MST

Compreendemos também que a Reforma Agrária Popular é a combinação da produção de alimentos saudáveis para superar a fome, a defesa da democracia, a defesa da cultura camponesa e a constituição de novas relações humanas. Relações humanas essas que são alicerçadas nos valores do humanismo, companheirismo, solidariedade, do coletivo e sem a reprodução do machismo, do racismo e da LGBTfobia. Portanto, a produção de alimentos saudáveis não permite a reprodução das violências e das opressões. Alimentos saudáveis são produzidos com relações saudáveis. 

Desse modo, nossa Juventude Sem Terra estará expressando na feira a diversidade cultural do povo brasileiro nas suas diferentes expressões linguísticas, expressando as relações humanitárias característica da vida comunitária camponesa, a diversidade de alimentos saudáveis e lutando pela Reforma Agrária Popular. 

A feira também é um grito da Juventude Sem Terra, no qual, não tem como pensar em superação da fome e construção de soberania alimentar se a juventude continuar migrando do campo para a cidade. Por isso, é fundamental um programa para a juventude do campo. Um Programa para a Juventude Camponesa que tenha políticas estruturais e estruturantes. 

É uma juventude que trás consigo a memória, a coragem, o legado, a determinação, a solidariedade e a luta de Oziel rompendo as cercas do latifúndio, do saber e plantando um presente de alimentos saudáveis, cooperativista, e colhendo um futuro da Reforma Agrária Popular!