Rede de Combate à Violência Doméstica do MST/SP completa 3 anos e marcará presença na Feira
Por Iara Milreu Lavratti e Marília Del Passo
Da Página do MST
Neste último mês de Abril, a Rede de Combate à Violência Doméstica do Movimento Sem Terra em São Paulo (RCVD/SP) completou 3 anos de existência, com parcerias na criação de uma rede de apoio para acompanhar psicologicamente e juridicamente sujeitos dos territórios de acampamentos e assentamentos no estado.
Atualmente a Rede segue ofertando cuidados em saúde mental e assessoria jurídica e está realizando a exposição itinerante “Arpilleras: tecendo a liberdade” em Campinas/SP, pretendendo percorrer todo o estado, e participará dos dias 11 ao 14 de maio, da IV Feira Nacional da Reforma Agrária, no centro de São Paulo com oficina de bordados para a militância e apoiadora/es.
A rede, como é chamada, foi criada a partir da campanha do setor de gênero do MST “Mulheres em luta, semeando a resistência. Contra o vírus e as violências”, lançada em abril de 2020 (logo no início da Pandemia de Covid-19 no Brasil, segundo a OMS). Nesse momento foi plantada no estado de São Paulo, a semente que germinou o nosso querido coletivo de combate às violências nos territórios Sem Terra.
Organizada por um coletivo intersetorial, a RCVD atua a partir de duas frentes: de comunicação e de cuidados profissionais (assessoria jurídica e saúde mental), contando com atendimento psicossocial e jurídico, atendendo toda militância, especialmente as mulheres, LGBTS, crianças e idosos que sofrem violências em seus territórios ou também em caráter preventivo.
A frente de saúde mental opta a denominação de Rede de Saúde Mental (RSM) por sua perspectiva de atuação. E nesse período de três anos já foram beneficiadas pelo menos 800 pessoas do MST, em atendimentos individuais e coletivos. Esta frente estende-se nacional e internacionalmente, com oficinas coletivas de autocuidado (respiração, alongamento, escalda pés), Arpilleras (bordados de origem chilena), acolhimentos individuais, psicoterapia de tempo indeterminado, entre outras, de forma remota e presencial. Todo o trabalho é feito de maneira militante e solidário.
Durante esses últimos anos, a frente de comunicação/formação tem criado conteúdos audiovisuais acerca das questões de gênero e feminismo camponês popular para as bases do Movimento Sem Terra e para as redes sociais, cartazes formativos, lambes e ações de colagem dos mesmos, vídeos, áudios, artigos científicos, entre outros.
Para acompanhar os materiais audiovisuais, acessar:
Para Paula Sassaki, direção estadual do setor de gênero, as mulheres seguem resistentes, combativas e criativas no processo intenso tanto do enfrentamento às violências e do fortalecimento da construção de relações humanas emancipadas e livres de violências, quanto dos processos de cuidado em saúde mental e também de formação.
Temos uma gama grande de ações que foram feitas pela nossa Rede de maneira geral e que vão se somando nesse processo de Reforma Agrária Popular. Essas redes são fruto da nossa coletividade, daquilo que já existe no MST, tanto no que diz respeito ao enfrentamento às violências e construção de novas relações humanas, quanto aos cuidados em saúde e à saúde mental“, afirmou.
Sassaki afirma também que trabalho da Rede tem contribuído para o fortalecimento não só das mulheres, do combate ao machismo e patriarcado, mas também no processo de construção de outras relações humanas emancipadas de violências, sem as quais a Reforma Agrária Popular e Agroecologia não se realizam em sua totalidade.
Oficinas de auto cuidado
Foram realizadas diversas oficinas que proporcionaram momentos de acolhimento e de escuta, em especial com educandos e educandas do Mestrado Territorial (Unesp/ENFF) em 2022; integrantes da Brigada Oziel Alves da região sudeste (2023), Encontro estadual LGBT Sem Terra de São Paulo (2022); Encontro de saúde LGBT organizado pela Via Campesina e FioCruz (2022), além de oficinas online com estudantes de Medicina na venezuela (2021), práticas integrativas com mulheres da região sudeste (2021), entre outros.
Arpilleras na Rede
A Rede de Saúde Mental, desde agosto de 2020 propõe a oficina de arpilleras para militantes do movimento que passam em acolhimento pela RSM. Os trabalhos proporcionam a expressão não-verbal, ao mesmo tempo que vem à tona conversas multi-temáticas e problemáticas sociais vivenciadas pelas mulheres Sem Terra. Na proposta de acolhimento em saúde mental da RSM, a oficina é um campo do cuidado, além de registro e denúncia vivenciadas e contadas pelas participantes. Nesses trabalhos, mantivemos a ideia de fazer uma espécie de bolso no verso e cada arpillerista inseriu ali o que acha importante: carta, resumo sobre a arpillera, poema, sementes.
Foram 5 ciclos com 7 turmas construídas de forma virtual, híbrida e presencial. As artes estão compondo a Exposição Arpilleras: Tecendo Liberdade que tem uma curadoria com mais de 20 arpilleras feitas pelas mulheres Sem Terra.
Sobre as oficinas de Arpilleras, veja mais em: Arpilleras do MST: Mulheres, memória e resistência na luta por Reforma Agrária Popular – MST. Acesse a exposição de forma virtual em: https://arpillerasmst.wordpress.com.
Participação na Feira Nacional
A IV Feira Nacional da Reforma Agrária acontecerá entre os dias 11 e 14 de Maio no Parque das Águas Branca em São Paulo/SP na qual a Rede de Saúde Mental estará participando com a construção aberta ao público no geral de uma arpillera coletiva.
A oficina ocorrerá em frente a tenda da saúde com início na quinta-feira (11) às 14hs, sexta e sábado nos períodos da manhã e da tarde. É só chegar para construir junte!
Convite Oficina de arpilleras na FNRA
Sem feminismo não há socialismo!
Viva as mulheres Sem Terra!
*Editado por Fernanda Alcântara