Feira do MST

Feira Nacional da Reforma Agrária é um ‘espaço de pressão política’ sobre o governo, diz MST

Gilmar Mauro, um dos coordenadores do movimento, gostaria de mais rapidez do governo Lula em relação à Reforma Agrária; Feira vai até domingo (14), no Parque Água Branca, em SP
Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST. Foto: Reprodução

Por Caroline Oliveira e Gabriela Moncau
Do Brasil de Fato | São Paulo (SP)

A 4ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorre neste fim de semana, de 11 a 14, em São Paulo, é uma forma de pressionar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para avançar na Reforma Agrária. Essa é a avaliação de Gilmar Mauro, um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), feita durante coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (11).

“Eu queria que o governo acelerasse mais. A Feira é importante porque dá um apoio da sociedade à Reforma Agrária. Nós queremos financiamento. Ainda não saiu o financiamento do Plano Safra, por exemplo. Os pequenos agricultores com enormes dificuldades. A Feira pode cumprir esse papel de pressão política em torno da Reforma Agrária”, afirmou Mauro.

O coordenador destacou que o MST é um movimento independente e apartidário, a despeito da campanha massiva que realizou em torno da campanha de Lula nas eleições do ano passado. “Entendemos que ajudamos a eleger lula. Mas nós queremos autonomia em relação governo. Entendendo que nós precisamos resolver os problemas estruturais, por isso esse também é um espaço de pressão política.”

CPI do MST

Gilmar Mauro também afirmou durante a coletiva que o movimento “está se lixando” para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o MST que será aberta no Congresso Nacional. “Estamos nos lixando. Podem fazer o que quiser. Qual é o fato da investigação? Acho que vão se desmobilizar”, disse.

“Reforma Agrária é ocupação e vai continuar sendo ocupação. O MST é uma organização construída pelos Sem Terra e tem que responder às necessidades dos Sem Terra. MST é ocupação e é produção”, afirmou Mauro.

Feira Nacional da Reforma Agrária 

Foto: Juliana Adriano

A 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária do MST ocorre de quinta-feira (11) até domingo (14), depois de cinco anos da última edição, no Parque da Água Branca, na região central da cidade de São Paulo.

De acordo com os organizadores, o evento é uma forma de apresentar à sociedade não só o modelo de Reforma Agrária que o movimento defende, mas também aquele que ele produz na prática. “A ideia é mostrar a diversidade que é o nosso movimento. É uma amostra da nossa diversidade. Não dá para trazer tudo: as diferentes culturas do nosso país, em termos de alimentos ou de ações artísticas que serão desenvolvidas. Isto foi possível porque lá trás houve ocupação de terra, e essas ocupações se transformaram em assentamento”, defendeu Gilmar Mauro.

No total, serão comercializadas 500 toneladas de alimentos cultivados em assentamentos e acampamentos, vindos em 56 carretas de 23 estados brasileiros. Deste montante, 25 toneladas serão doadas em uma ação de solidariedade, no domingo (14).

Culinária da Terra já está servindo pratos típicos de todo país. Foto: Sofia Isbelo

Além das barracas e de um viveiro de árvores, a feira terá atividades formativas e também a “Culinária da Terra”: uma praça de alimentação com 30 cozinhas que servirão 95 pratos típicos de diferentes regiões do país.

A entrada é gratuita e a programação cultural inclui cerca de 200 artistas. Entre eles, Jorge Aragão, Gaby Amarantos, Johnny Hooker, Lenine, Alessandra Leão, Zeca Baleiro, Yago Opróprio, Tulipa Ruiz, Chico César, Lirinha e Alzira Espíndola.

Edição: Nicolau Soares