Literatura Sem Terra

MST realiza Sarau de Lançamento do Festival Literário Escrevivências Sem Terra!

Sarau online contou com a presença de cerca de mil estudantes e pelo menos 50 Escolas do Campo do MST, de todas as regiões do país; as inscrições do Festival se iniciam no dia 1 de junho
Sem Terrinha da Escola Municipal do Campo Zumbi dos Palmares, em Cascavel (PR), acompanharam o sarau. Foto: MST PR

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Pelo direito de escrever e compartilhar as letras da vida e das vivências, por meio da literatura, na tarde desta quinta-feira (25), o MST realizou o Sarau de lançamento do primeiro do Festival Literário Escrevivências Sem Terra: luta e construção, rumo aos 40 anos do MST.

O sarau online contou com a presença de cerca de mil estudantes vivenciando a plenária e a participação de pelo menos 50 Escolas do Campo do MST, de todas as regiões do país. Durante a atividade cheia de alegria, mística e muita literatura Sem Terra a companheirada do setor de cultura e educação do MST compartilhou com os presentes como irá funcionar o Festival e em quais modalidades os Sem Terra e as escolas, podem se inscrever e participar.

Matilde, educadora do MST em Minas Gerais, explicou que o objetivo do Festival é possibilitar às famílias Sem Terra de todo o país, o direito de escrever e compartilhar em vários gêneros literários suas vivências cotidianas na luta pela terra e pela Reforma Agrária Popular, nesses 40 anos de luta do MST.

A nossa tarefa é garantir aos estudantes e os/as trabalhadores Sem Terra o acesso à literatura, como um direito à alegria e à felicidade. Vamos disponibilizar o acervo dos 40 anos de luta do MST, garantindo o acesso à esses livros e a partir da leitura crítica do que vivenciamos elaborar e escrever sobre a realidade Sem Terra. Vamos chegar em julho de 2024 com um acervo imenso. A gente quer terra, Reforma Agrária e muita alegria“, comemorou.

Atividade contou com a presença de cerca de mil estudantes das Escolas do Campo. Fotos: MST

Luana Oliveira, do coletivo nacional de cultura do MST destacou que o Festival tem como público as Escolas do Campo do MST e todos os/as trabalhadores Sem Terra do país, que queiram participar com a inscrição de poemas, contos, crônicas e cartas literárias inéditas, além de estórias da literatura oral.

“O público do festival são as/os Sem Terra de todo o país e todo o corpo das Escolas do MST. O nosso objetivo é que seja um espaço de publicizar essa poética, que sempre acompanhou a luta e as vivências do MST e, que está sendo construída no marco dos 40 anos do Movimento”, argumenta.

Os apresentadores do Sarau, Julia Iara do MST Maranhão e Adilson Apiam MST no Piauí também apresentaram cada tipo de gênero literário, que serão contemplados pelo Festival, como o conto, crônica, cartas literárias, poesia e estória da literatura oral. Em seguida, convidaram Sem Terrinhas das Escolas do Campo para apresentar alguns exemplos dos gêneros literários.

Escola é o lugar que se faz amigos, não se trata só de prédios, salas, quadros, programas ou horários, conselhos.
Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha, que estuda, que alegra-se, conhece, se estima.
O diretor é gente, o coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor, na medida em que cada um se comporte, como colega, amigo, irmão.
Nada de ilha cercada de gente por todos os lados, nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém, nada de ser como tijolo que forma a parede diferente, frio, só.
O importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizades, é criar ambiente camaradagem, é conviver, é se amarrar nela.
Hora é lógico, numa escola assim vai ser fácil, estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.
É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.” (Paulo Feire).
Declamaram o poema, as estudantes Natália e Mariane, da Escola do Campo em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul.

Olá, vovô e vovó estou escrevendo essa carta porque estou com saudades de vocês, quero agradecer, a luta valeu à pena, a terra é produtiva, ela nos dá o alimento de forma saudável, o suor e o sangue que vocês derramaram é uma qualidade devida. Temos casa, escola e uma bela comunidade, as estradas são acessíveis, mas poderiam e deveriam ser melhores. Mas, isso é prosa pra outra hora, nossa casa é muito confortável, quem diria, temos até internet.” A leitura da carta literária foi feita por um Sem Terrinha da Escola de Educação Básica, 25 de Maio, do município de Fraiburgo, Santa Catarina.

Já o conto “O lixo” foi apresentado pelos estudantes da Escola Técnica em Agroecologia, Luana Carvalho, do município de Ituberá, na Bahia. E o exemplo de crônica premiada, “Tardezinha dourada”, veio da Amazônia, lido pela estudante Coiára Gomes, da Escola Carlos Marighella, em Marabá. A crônica da estudantes foi vencedora de um concurso no município.

Por fim, para completar o exemplo da estória da literatura oral, com contos e causos populares, que passam de geração em geração, mantendo vivas as tradições, Gis do coletivo nacional da juventude Sem Terra, comentou sobre a 14ª Jornada da Juventude Sem Terra, que acontece de 01 a 05 de junho, em todo país, na semana do meio ambiente, com ações em torno do plantio de árvores e rumo aos 40 anos do MST.

Escola Itinerante Valmir Motta de Oliveira, em Jacarezinho (PR). Foto: MST PR
Educadores/as e funcionários das escolas também participaram. Foto: MST

Como se inscrever no Festival?

Os poetas e poetisas, escritores/as e estudantes, que integram as famílias acampadas e assentadas e toda militância Sem Terra, podem ser inscrever a partir do dia 1 de junho até janeiro de 2024, preenchendo um formulário que será disponibilizado no especial “Festival Literário Escrevivências Sem Terra”, localizado na Página do MST.

O regulamento completo estará disponível também aqui na página do MST, na seção “Especiais”. A inscrição poderá ser feita em duas modalidades. Na modalidade 1, intitulada: Rumo aos 40 anos do MST: Esperançar contra a barbárie, poderão ser inscritos poemas, contos, crônicas e cartas literárias, inéditas (que ainda não foram publicadas), inspirado pela memória passada, pelo presente vivido e pelo futuro projetado.

Nessa modalidade é possível inscrever obras de autoria individual ou coletiva. Cada participante pode enviar até quatro obras literárias inéditas (não publicadas), entre poemas, contos, crônicas, cartas, dos diferentes gêneros ou do mesmo gênero literário. E cada escola também poderá enviar até 12 obras literárias inéditas, de autoria individual ou coletiva, considerando os diferentes gêneros literários. Na publicação final, será selecionada somente uma obra por inscrição, individual ou coletiva, entre os materiais inscritos nessa modalidade.

E na modalidade 2, chamada: Acervo Poética Sem Terra: Fazer-se em luta, terra e pão, podem ser inscritos toda a poética Sem Terra, como poesias, aboios, cordéis, contos, crônicas, cartas e toda a produção literária cultivada ao longo dos 40 anos de luta do Movimento. Nessa modalidade, pode ser enviada toda a produção poética e literária de poetas e poetisas, escritores/as, fazedores/as de literatura do Movimento Sem Terra, produzida em 40 anos.

O Acervo da Poética Sem Terra será organizado de forma online, com todos os materiais recebidos nesse eixo. As produções de autoria individual ou coletiva deverão ser enviadas para o e-mail: [email protected]. E a produção literária das escolas deverá ser enviada para o e-mail: [email protected].

Para o envio, nas duas modalidades, cada obra literária deverá ser digitada em documento separado e enviada em um arquivo em formato word (.doc) ou pdf.

*Editado por Fernanda Alcântara