Agronegócio

De Olho nos Ruralistas mostra políticos com fazendas sobrepostas a terras indígenas

Segunda parte do dossiê "Os Invasores" aponta parlamentares e prefeitos com fazendas em TIs e políticos que receberam financiamento de empresários com sobreposições

De Olho nos Ruralistas

Após mostrar que cerca de 1.700 empresas nacionais e estrangeiras possuem fazendas sobrepostas em 213 terras indígenas (TIs), De Olho nos Ruralistas lança, na quarta-feira, 14, o dossiê “Os Invasores – Parte II – Parlamentares e seus financiadores possuem fazendas sobrepostas a terras indígenas” com dados consolidados e inéditos sobre os políticos com sobreposições nessas áreas.

O evento de lançamento acontece no Cine Petra Belas Artes, às 20h15. Contará com debate sobre quem são os invasores de terra no Brasil e com a exibição do filme “Vento na Fronteira”, documentário premiado que apresenta um conflito entre fazendeiros e o povo Guarani Kaiowá na fronteira do Brasil com o Paraguai.

O observatório detalhará os casos e os nomes dos políticos encontrados durante a investigação de mais de seis meses. O trabalho envolveu profissionais da Geografia, da História, da Agronomia, do Direito e do Jornalismo. “Se a CPI do MST e os deputados querem debater seriamente invasão de terras no Brasil precisam entender quem declara fazendas em territórios indígenas”, diz o diretor do De Olho nos Ruralistas, Alceu Luís Castilho. “A desigualdade de renda anda de mãos dadas com a desigualdade fundiária e a sociedade tem o direito de saber como as terras são apropriadas neste país”.

O debate contará com uma das diretoras do filme, Laura Faerman, o economista João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o líder indígena Thiago Guarani, da TI Jaraguá, sob a mediação da historiadora Luma Prado, do De Olho nos Ruralistas.

Documentário premiado

Dirigido por Laura Faerman e Marina Weis, o documentário “Vento na Fronteira” expõe o conflito na TI Ñande Ru Marangatu, fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. O roteiro opõe a professora Guarani Kaiowá Alenir Aquino Ximendes, que luta pelo direito de sua comunidade a terras ancestrais, e a fazendeira Luana Ruiz Silva, que se tornou advogada para brigar por terras de sua família na mesma área. Ela é um dos nomes cotados para prestar informações na CPI do MST.

O filme teve sua estreia estadunidense no maior festival de documentários do país, o DOC NYC, em Nova York, e foi um dos três filmes brasileiros qualificados para disputar a categoria no Oscar 2023. Já recebeu oito prêmios, entre melhor filme e menções honrosas, o último como melhor filme da Competição Oficial de Documentários Latino-americanos do XX Festival Independente de Cinema e Direitos Humanos de Buenos Aires, anunciado no dia 07 de junho.

A partir das visões dessas duas mulheres antagônicas, o documentário explicita o processo histórico de expulsão e a violência contra os Guarani Kaiowá no Centro-Oeste, em um contexto de ascensão da extrema direita ao poder no Brasil.

As diretoras têm trajetória marcada pelo acompanhamento da Comissão Nacional da Verdade Indígena, em 2014, quando, pela primeira vez, foram investigadas as violências da ditadura contra os povos originários, que resultaram na morte de mais de 8 mil indígenas. A partir dessa pesquisa, as diretoras criaram a série audiovisual A Memória Perigosa, que reúne arquivos inéditos e dezenas de depoimentos de testemunhas e sobreviventes dos anos de chumbo.

Laura Faerman desenvolve projetos cinematográficos como diretora e produtora, em São Paulo, e trabalha com projetos audiovisuais no De Olho nos Ruralistas. Marina Weis, que vive em Berlim, na Alemanha, divide seu ofício cinematográfico com trabalhos sociocomunitários, ecofeminismo e permacultura.

Sobre o observatório

De Olho nos Ruralistas é um observatório do agronegócio no Brasil, de seus impactos sociais e ambientais e seu expansionismo — em um contexto de mudanças climáticas em um planeta finito.

Fundado em 2016, o observatório é dirigido pelo jornalista Alceu Luís Castilho, autor de “Partido da Terra – como os políticos conquistam o território brasileiro?” (Contexto, 2012). Ao longo de quase sete anos, tem-se afirmado como referência para pesquisadores de diversas áreas, da alimentação à questão agrária, do ambiente aos conflitos no campo.

O observatório divulga em seu site notícias sobre as ações da bancada ruralista no Congresso, entre outros temas, e apresenta em seu canal do YouTube, com quase 20 mil seguidores, programas como o De Olho no Congresso, sobre as digitais do agronegócio em Brasília, o De Olho na Resistência, sobre as lutas dos povos do campo, e o De Olho na História, em um país que há 500 anos tem na questão agrária um dos pilares de sua história.

Serviço

Local – Cine Petra Belas Artes
Endereço: R. da Consolação, 2423 – Consolação, São Paulo – SP
Horário: 20h15
Entrada: gratuita
Confirme sua presença no e-mail [email protected]