Festejos Juninos

No Ceará, MST realiza III Arraia da Reforma Agrária

Com o tema “Tô com MST”, a festividade ocorreu no centro de Formação Frei Humberto, em Fortaleza e contou com apresentação de quadrilhas juninas de assentamentos do MST no estado
Estima-se que mais de 4 mil pessoas passaram pelo Arraia da Reforma Agrária, no Ceará. Foto: Aline Oliveira

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

Na noite do último sábado (17), o centro de Formação Frei Humberto, em Fortaleza (CE), foi palco do III Arraia da Reforma Agrária. Esse ano com o tema “Tô com MST”, a festividade contou com apresentação das quadrilhas juninas “Raízes do Sertão”, do Assentamento 25 de Maio, em Madalena; “Faces de Francisca”, do Assentamento Antônio Conselheiro, em Ocara; “Asas do Sertão”, do Assentamento Santana, em Monsenhor Tabosa; “Força Jovem”, do Assentamento Monte Alegre, em Tamboril e “Pula Fogueira” do município de Madalena.

Conhecido como “Arraia do Frei”, o festejo junino organizado pelo Movimento dos Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST) já virou tradição, o evento que junta além das apresentações juninas, as comidas típicas como canjica, milho verde, bolo, pratinhos e uma diversidade de alimentos, em sua maioria produzidos em assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária.

O trecho da rua Paulo Firmeza foi interditado para as apresentações juninas e para o forró, que seguiu até as 2 da manhã. A animação foi por conta do Cumpade Barbosa, Lorena Góis, direto do Assentamento Antônio Conselheiro em Ocara e da banda Manga Rosa.

Foto: Nayara Ribeiro 
Foto: Aline Oliveira
Foto: Nayara Ribeiro 

Para Luz Marin, da direção estadual do MST, do coletivo de cultura, “o Arraia do Frei traz pra cidade de Fortaleza as experiências culturais dos nossos assentamentos e dos nossos acampamentos. Essa troca cultural campo e cidade é extremamente importante pra demarcar que o campo é vivo, é um espaço que produz arte, que produz alimento, e é importantíssimo que se crie espaços de integração destes sujeitos, que por muitas vezes se distanciam”.

“Através da arte, da dança, da música a nossa juventude vem abordando temas relevantes na sociedade que vai de encontro às nossas perspectivas, que trazem a cultura alimentar, as linguagens artísticas como um instrumento político de disputa ideológica. O Arraia é também espaço de festejar, celebrar a alegria e resistência do povo camponês”, afirma Luz.

Agroecologia, combate à fome, Educação do Campo, fé e religiosidade como força nas lutas sociais, memória histórica, foram os temas elencados nas apresentações da 3ª edição do Arraia do Frei. Estima-se que mais de 4 mil pessoas passaram pelo Arraia.

Foto: Nayara Ribeiro 
Foto: Aline Oliveira

Alana Pereira, coordenadora do ponto de cultura do Assentamento e membra da quadrilha junina “Asas do Sertão” ressalta a importância das quadrilhas juninas trazer temas relevantes na sociedade. “A nossa quadrilha traz a reflexão do cuidar da natureza, e esse cuidar se reflete nas nossas ações e modo de consumir, pensando nisso, desde o nosso figurino foi produzido por jovens dos pontos de cultura e artesãs locais, elaborados a partir da perspectiva sustentável, valorizando a produção local. Usamos arranjos de fibra de bananeira, com tecidos reutilizado de figurinos antigo. Então a proposta da quadrilha é através do São João, despertar pra esse debate sobre o consumo e outras formas de convivência com a natureza, como apresentar a agroecologia como alternativa viável”.

 “A nossa estreia no Arraia do Frei é muito significativa, pois é uma forma da gente apresentar o nosso trabalho além da nossa região, mostrar nossa arte, o potencial criativo e artístico da nossa juventude, e além disso, fortalecer nossos grupos culturais, os movimentos sociais e reafirmar nosso compromisso com a arte e com a cultura como um instrumento de luta. Foi uma noite especial, onde nossos jovens puderam apresentar um trabalho feito com muito empenho, amor, dedicação e acima de tudo feito por muitas mãos”, conclui Alana.

O “Arraia do Frei” teve sua primeira edição em junho de 2019, e em decorrência da pandemia, foi retomado em 2022.

*Editado por Solange Engelmann