Luta pela terra

MST comemora 2 anos de resistência do acampamento Cícero Guedes, no RJ

Celebração será sábado (24), a partir das 9h, com ato em defesa do MST, visita de amigos/as, como parte da Jornada Nacional de Vivências do Movimento e outras atividades
Comemoração acontece em Campos dos Goytacazes, com ato em defesa do MST, atividade com amigos/as e festejos. Foto: MST RJ

Da Página do MST

Neste sábado (24), as famílias Sem Terra do acampamento Cícero Guedes, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, comemoram dois anos de resistência da ocupação, com um ato em defesa do MST. A festa terá início às 09h da manhã, com uma celebração ecumênica e em seguida esta prevista uma atividade da Jornada Nacional de Vivências, em que os amigos e amigas do MST irão contribuir na construção de uma horta comunitária com práticas agroecológicas.

Já na parte da tarde, será servido almoço coletivo, com cardápio o feijão guandu, produzido pelas famílias Sem Terra, em seguida inicia o ato político, bingo e com o Arraia #TôComMST. A atividade também celebra os 23 anos de luta do MST nas terras da fazenda Cambaíba.

Na esperança da criação do assentamento na área, as famílias do MST seguem se organizando e lutando pela Reforma Agrária Popular para a produção de alimentos e manutenção de uma comunidade rural com dignidade no local.

O evento conta com a presença da Superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Rio de Janeiro (INCRA-RJ), Maria Lúcia Pontes; do Diretor de Gestão Estratégica do INCRA Nacional, Gustavo Souto; Coordenador do Escritório de Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Vitor Tinoco; da Deputada Estadual, Marina do MST; Deputada Federal, Talíria Petrone; da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social de Campos dos Goytacazes, de integrantes de universidades e sindicatos parceiros.

Histórico da Ocupação

No dia 24 de junho de 2021, cerca de 300 famílias de trabalhadores/as rurais Sem Terra reocuparam as terras improdutivas da usina Cambaíba, em Campos dos Goytacazes. Mais uma vez, o objetivo era pressionar o governo federal e o INCRA para garantir a tão sonhada Reforma Agrária e a desapropriação da área, que se arrastava na justiça desde 2013.

O judiciário havia decido pela emissão de posse do local ao INCRA, mas apesar da decisão favorável, o INCRA permanecia omisso sem assegurar a posse da terra, que garantiria o início do Projeto de Assentamento. Essa era a ordem do governo Bolsonaro, mesmo com decisão favorável, o governo se recusava a cumprir a Constituição de 1988 e realizar a Reforma Agrária no latifúndio.

As famílias Sem Terra, então ocuparam o INCRA para reivindicar a tomar posse da terra e concretizar a conquista do assentamento e o tão sonhado “pedaço” de terra para produzir alimentos e garantir a dignidade humana com a Reforma Agrária. Foram dois anos de muitos enfrentamentos, ameaças, intimidações, fake news, um superintendente do INCRA bolsonarista no estado, que atacou as bandeiras das famílias Sem Terra, tentou desmobilizar a ocupação e criminalizar o MST. Mas resistimos!

O acampamento Cícero Guedes presta homenagem ao grande lutador e companheiro Cícero que lutou pela vida, pela terra, pelo meio ambiente. Essa memória nos fortalece, e nos garantiu a força necessária para manter o esperançar na conquista das terras da Cambaíba – cuja história de sangue, escravidão e exploração vai ser reescrita pelas famílias de trabalhadores/as Sem Terra, que estão construindo o assentamento Cícero Guedes!

É essa história que queremos comemorar! Uma história que já dura 23 anos, desde a primeira ocupação nas terras da Cambaíba, em 17 de abril de 2000, que resultou na conquista do assentamento Oziel Alves. Foram muitos/as lutadores e lutadoras que traçaram com seus pés no chão da Cambaíba e com as mãos calejadas essa história. 

Como nos lembra a canção: “Pra que nossa esperança, seja mais que a vingança, Seja sempre um caminho, que se deixa de herança”. Os caminhos traçados na luta pelas terras da Cambaíba deixaram muitas heranças, muitas sementes de lutadores e lutadoras, que acreditam na importância de produzir alimentos saudáveis, no papel da Reforma Agrária para construção da justiça social e igualdade dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e na solidariedade de classe como projeto de vida!

Por isso resistimos! E “sob a sombra de nossa valentia, desfraldemos a nossa rebeldia. E plantemos nesta terra como irmãos!” Convidamos a todes que partilham desse sonho a estar conosco nessa data.

*Editado por Solange Engelmann