LGBTI Sem Terra

“Amor e luta se conjugam no dia a dia Sem Terra”

Mensagem foi uma das reflexões do seminário "Orgulho, Luta e Desafios da População LGBTQIAP+", realizado no úlitmo sábado, em São Paulo
Atividade marcou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado no dia 28 de junho, com o lançamento da Campanha contra a LGBTI+fobia no Campo. Foto: Yuri Gringo

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

São Paulo recebeu neste sábado a emocionante Festa do Orgulho “Close e Luta”, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Armazém do Campo. O evento foi idealizado e organizado pelo Coletivo LGBTI+ do MST, em parceria com parlamentares, artistas e representantes de diversos movimentos e organizações populares. 

A proposta da atividade era criar um espaço de diálogo com a sociedade em torno do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado no dia 28 de junho, além de ampliar a denúncia contra a LGBTI+fobia, por meio do lançamento da Campanha contra a LGBTI+fobia no Campo, elaborada pelo próprio Movimento.

A programação foi diversificada e contemplou diversas atividades ao longo do dia. Logo no início, das 11h às 14h, foi servido um almoço que incluía um cardápio tradicional e vegano, acompanhado por uma variedade de drinks e bebidas diversas. Em seguida, ocorreu um ato político e cultural intitulado “Orgulho, Luta e os Desafios da População LGBTQIAP+”, no qual foram discutidas as questões e desafios enfrentados pela comunidade LGBTI+.

Erica Malunguinho. Foto: Yuri Gringo

A ideia foi trazer para o debate uma reflexão sobre o futuro da questão LGBTI no campo, sem nunca esquecer o passado um pouco recente, como disse Erica Malunguinho, educadora, artista plástica e política junta-se à mesa ‘Orgulho, Luta e Desafios da População LGBTQIAP+’.

“Finalmente a gente saiu de um longo processo de quatro anos extremamente doentios, extremamente violentos. Finalmente temos um espaço de respiro com o novo governo federal, temos a esperança. Ela ainda não está pronta. Todo dia tem uma notícia positiva sobre economia, sobre políticas, mas as violências, elas continuam. O resquício do bolsonarismo continua presente e, isso faz com que continuemos nessa batalha”, afirmou Erica Malunguinho, ativista LGBTI+.

Para ela, é importante pensar estes espaços de debate e luta, mas também de esperança e autocuidado. “Cada vez mais pessoas que estão na linha de frente no front têm adoecido, e isso tem causado não só doenças mentais e até o limite da morte. E esse debate tem que ser interseccional, obviamente, com todas essas questões de raça, gênero, de sexualidade e da luta política”.

Guilherme Cortez. Foto: Yuri Gringo

O debate seguiu com o deputado estadual Guilherme Cortez, de São Paulo, que denunciou a ofensiva bolsonarista sobre a causa LGBTI, em especial no mês de junho. “Falar sobre sexualidade no Brasil é prioridade do bolsonarismo, isso está na pauta de todos eles, pelo menos vez por semana. Teve a Parada LGBT e, na semana anterior eles apresentaram projeto para proibir as crianças de irem na parada, proibir os pais de levarem seus filhos. Tem projeto para proibir o financiamento público das produções de LGBTs. Eles falam disso o tempo todo”, lembrou.

Eu acho que a gente tem muito o que festejar mesmo, porque a gente sobreviveu a esses quatro anos. Ser LGBT no Brasil é uma prova de resistência. Todo dia você sair de casa, andar de mão dada ou vestir a roupa que você se identifica e não morrer. Todos nós estamos de parabéns por isso, depois de quatro anos de um governo que institucionalizou o discurso de ódio“, afirma Guilherme Cortez.

Ravi Spreizner. Foto: Yuri Gringo

Ravi Spreizner, do Ibrat-SP (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades), fechou a mesa de debate trazendo dados perspectivas transmasculinas à mesa. “Com certeza vocês já ouviram falar que o país a gente mora onde mais mata pessoas LGBT do mundo. Mas, vindo aqui falar de uma pauta trans masculina, eu acredito que poucas pessoas têm acesso. É importante reforçar que o país que mais mata travestis é o Brasil, principalmente pretas. Mas o Brasil é o país em que há mais suicídios trans masculinos. Cerca de 85% de pessoas trans masculinas já tentaram ou pensam em se suicidar. E isso é um dado muito importante e assustador, que mostra a importância do cuidado com saúde mental com nossa população”.

Foto: Júnior Lima (@xuniorl)

O lançamento oficial da Campanha Contra a LGBTI+fobia no Campo, envolveu todos os presentes em um momento de reflexão e compromisso com a causa. E, para encerrar a festa com chave de ouro, foi aberta a noite de apresentações artísticas e culturais, com os DJs Lua, Avini, Jackson Sem Pandeiro e Boanoiter, animando a todos com suas seleções musicais incríveis.

A Festa do Orgulho “Close e Luta” reuniu pessoas engajadas na luta pelos direitos da comunidade LGBTI+ e na promoção da igualdade e do respeito. Através do diálogo e do lançamento da Campanha contra a LGBTI+fobia no Campo, o evento fortaleceu os laços de solidariedade e reafirmou a importância de continuar lutando por uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.

“Eu acho que se a gente não passar a limpo essa desigualdade no campo, que afeta não só quem vive no ambiente rural mas toda a sociedade brasileira. A gente vai continuar carregando essas chagas do racismo estrutural, da desigualdade social histórica do nosso país, do patriarcalismo, da LGBTfobia. Então, eu acho que é muito potente aquela palavra de ordem do MST que diz, ‘que sangue LGBT também é sangue Sem Terra”, concluiu Cortez.

*Editado por Solange Engelmann