Violência

Polícia tenta despejar ilegalmente famílias Sem Terra acampadas no Goiás

Acampamento Popular Dom Tomás Balduíno do MST, em Formosa, esteve sob ofensiva de policiais e jagunços armados, que impediram a circulação das famílias
As famílias foram ameaçadas pelos agentes armados que estão no local realizando rondas com viaturas e drones. Foto: MST-GO

Por MST-GO
Da Página do MST

Desde a última sexta-feira (23), às famílias do Acampamento Popular Dom Tomás Balduíno do MST, localizado em Formosa, Goiás, estiveram sob ofensiva de um grande contingente policial e de jagunços do fazendeiro Maurício Bicalho Filho, todos fortemente armados.

As famílias acampadas foram ameaçadas pelos agentes armados que estiveram no local realizando rondas com viaturas, drones, mapeando todos acampados e acampadas.

As entradas do acampamento foram fechadas pela polícia, impedindo a circulação das moradoras e moradores, realizando blitz e vistorias nos carros de residentes, sem nenhum fundamento legal.

Os agentes armados, informaram às famílias que a força tarefa empregada tem em vista o pedido de reintegração da área ocupada. Porém, o processo de posse tramita via mediação do Conselho de Conflitos Fundiários (CCF) do estado, o que torna a tentativa de despejo ilegal.

Foto: MST-GO

As 260 famílias acampadas no local, são uma referência na produção e comercialização de alimentos na região. E desde 2015 reivindicam o direito à área e sua destinação para o assentamento das famílias Sem Terra no local.

A antiga fazenda do finado Maurício Bicalho Dias, foi ofertada para fins de Reforma Agrária, pelo proprietário ainda em vida. Mas, o processo de desapropriação para criação de assentamento ainda em tramitação, abre brechas para que a disputa ainda não findada venha sendo travada por possíveis herdeiros da área.

No ano passado, o acampamento sofreu um grande incêndio que se iniciou em uma fazenda vizinha e se alastrou rapidamente, frente ao clima seco na região, queimando barracos e grande parte da produção de alimentos. Ainda não se sabe se o incêndio foi criminoso ou espontâneo, o caso ainda permanece em investigação. Além disso, lideranças locais já foram ameaçadas por diversas vezes na região.

Mediação do conflito

Na manhã desta segunda (26), servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), estiveram no local a fim de mediar o conflito armado e devem retornar nesta terça-feira (27), para seguir acompanhando a resolução do mesmo, em atendimento às famílias.

Também foi acordado com o tenente coronel Borba, a desobstrução das entradas do acampamento. Mas as famílias se mantêm em vigília contra possíveis violências e ameaças que se arrastam sob tal conflito na região.

Em nota, a direção do MST em Goiás, pede apoio em alerta para que os órgãos competentes possam intervir frente às constantes denúncias: “Conclamamos aos defensores da Reforma Agrária e dos Direitos Humanos para que contactem as autoridades competentes e contribuam na defesa das famílias Sem Terra.”

*Editado por Solange Engelmann