Reforma Agrária Popular

Assembleia discute Reforma Agrária no Sudoeste do Paraná

Durante a reunião foram discutidas reivindicações das famílias assentadas na região
Assembleia no Sudoeste. Foto: Daiane Prado

Por Setor de Comunicação e Cultura do Paraná 
Da Página do MST

Com mais de 30 projetos de assentamento da Reforma Agrária, a região sudoeste do Paraná quer beneficiar cerca de 3.000 famílias, e, para isso, uma assembleia foi realizada em Marmeleiro, na segunda-feira, 19 de junho, e contou com a participação de mais de 500 pessoas.

“A Reforma Agrária não pode ser entendida somente como uma questão do direito da família ter um pedaço de terra. Ela deve ser entendida como parte fundante de um projeto de sociedade que almeja ser reconhecida e respeitada, seja pelo seu povo, ou seja pelos demais povos do mundo”, dizia trecho de documento entregue pelo MST às autoridades.

A assembleia foi criada para discutir, em conjunto com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), quais as demandas que os assentamentos da região possuem, entre as especificidades e peculiaridades ligadas a localização e data de implantação de cada um deles.

Nilton Bezerra Guedes, Superintendente do INCRA-PR, comentou que o “passado recente foi um passado de desmonte das políticas públicas, e a Reforma Agrária não estava no projeto. (…) Não foi criado nenhum projeto de assentamento de 2016 para cá no estado do Paraná. Nenhum”.

Na pauta foram colocados itens que abrangem questões de todos os assentamentos, entre elas estavam a questão da documentação das famílias (atualização cadastral das famílias que ocupam os lotes); infraestrutura dos assentamentos, tanto de cada família, como a da infraestrutura comunitária. liberação dos créditos dos assentamentos não atendidos ou parcialmente atendidos; fiscalização das áreas de reserva e uso irregular dos lotes; retomada de convênios de assistência técnica, dando ênfase na produção orgânica e agroecológica; projetos para incentivar a produção orgânica e agroecológica, bem como fomentar a agroindústria e comercialização; recuperação e melhoria das estradas e a ampliação das estruturas coletivas das comunidades.

Foto: Daiane Prado

(…) A reforma agrária é a política com maior potencial transformador da sociedade. Então, é um projeto que vale a pena. O que falta é ajustar, ter políticas públicas sérias, fazer a gestão. Mas é um projeto em disputa na sociedade e nós somos uma sociedade democrática, não uma ditadura como quiseram implantar no país. Então tem disputa, tem agendas e por isso o movimento social é fundamental, porque ele pauta, ele reivindica”

– Nilton Bezerra Guedes, Superintendente do INCRA-PR

Estiveram presentes representantes da UFPR, Nilton Bezerra Guedes, Superintendente do INCRA-PR, Rodrigo Molina – secretário do meio ambiente e agricultura de Coronel Domingos Soares, Leandro Dorini – vice prefeito de Mangueirinha, de Marmeleiro Paulo Jair Pilati – prefeito e Vera da Ponte – vereadora, Paulo Deola – secretário de agricultura de Renascença, Daniel Rosaneli – presidente do sindicato dos Comerciários de Francisco Beltrão e Região e Elizandro – presidente da Fetraf Paraná.

Foto: Daiane Prado

Na atividade, além das diversas lideranças da região de sindicatos do campo e da cidade e representação de quatro prefeituras da região, também estavam presentes assentados de todos os municípios da região. As autoridades que estavam na mesa reforçaram a importância da Reforma Agrária e da necessidade de investimento e desenvolvimento dos assentamentos da região.

O Brasil é um dos países com mais concentração de terra do mundo, 42% das terras do Brasil estão nas mãos de 2% dos proprietários, lembrou Nilton Bezerra, ressaltando a desigualdade, e o potencial na Reforma Agrária. “Tenho que ressaltar a importância dos movimentos sociais, especialmente ao MST, ao qual faço uma referência especial (…), porque sem os movimentos sociais, não haveria reforma agrária. Isso é óbvio porque tem uma disputa, uma luta, na sociedade”, concluiu.

*Editado por Fernanda Alcântara