Feira do MST

Solidariedade marca ato em defesa da Reforma Agrária na Feira de Belo Horizonte

Ato político reuniu lideranças de movimentos populares, parlamentares e amigos do Movimento Sem Terra
Atividade acontece em meio aos ataques sofridos pelo MST, especialmente pelo Congresso a partir da CPI. Foto: Mariana Jaimes

Por Mara Santos e Leonardo Koury
Da Página do MST

Como parte das agendas que integram a programação do MST na Feira da Reforma Agrária em Belo Horizonte (MG), o Movimento realizou neste domingo (16), com a presença de João Pedro Stédile da coordenação nacional do MST e parceiros da luta por Reforma Agrária no estado, o Ato Político em Defesa da Reforma Agrária.

Atividade acontece em meio aos ataques sofridos pelo Movimento Sem Terra, especialmente pelo Congresso a partir da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que busca criminalizar a organização camponesa, o momento reafirmou a construção da unidade na defesa da luta pela terra e pela Reforma Agrária.

“Eles se organizam para criminalizar o Movimento, querendo invalidar nossa luta, mas nós seguimos convictos de que nossa grande missão é a de produzir alimentos saudáveis para o povo brasileiro, nesse sentido, não recuaremos um passo da decisão de lutar pela Reforma Agrária Popular,” afirmou Silvio Netto da direção nacional do MST de Minas Gerais durante o ato.

Destacando a diferença entre a prática de luta dos camponeses e camponesas, Netto reafirmou o papel da ocupação de terra no país: “A diferença entre ocupação e invasão é porque a ocupação é para buscar um direito e eles invadem para  preservar seus privilégios”, destacou.

Participaram do ato parlamentares federais e estaduais, além de representantes dos movimentos populares em Minas, artistas amigos do MST e lideranças religiosas.

Como parte do Ato Político, o MST reafirmou a doação de centenas de alimentos produzidos nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária para doação junto às comunidades de Belo Horizonte, afirmando a solidariedade de classe com um princípio do Movimento.

Fotos: Mariana Jaimes

As doações foram destinadas para a Comunidade da Pedreira Prado Lopes, periferia de Belo Horizonte. Pai Ricardo, liderança comunitária e representante das religiões de matrizes africanas foi o porta-voz da entrega destes alimentos, que unem o campo e a cidade. 

Luta por direitos

“O MST através dos acampamentos e assentamentos ocupa terra, trabalha com dignidade para garantir a comida no prato de cada um de nós”, refletiu Neila Batista, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Minas Gerais. “Esta Feira é a demonstração concreta do compromisso no combate à fome e à construção da segurança alimentar e da soberania”.

Neila Batista, INCRA/MG. Foto: Mariana Jaimes
João Pedro, MST. Foto: Mariana Jaimes

Já João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, enfatizou o papel da luta pela Reforma Agrária ser abraçada por todos e por todas. “A agricultura familiar e camponesa é o que está aqui na Feira. Mas precisamos entender que não haverá nunca Reforma Agrária sem luta! O objetivo maior da Reforma Agrária é produzir alimentos saudáveis para todo o povo”.

Stédile reforçou ainda a importância da solidariedade na construção de um novo projeto para o campo brasileiro. “A solidariedade é um valor fundamental da civilização humana, todos os dias nós temos que ser solidários: entre nós e com o futuro da humanidade! Plantar árvores, produzir alimentos saudáveis, significa sermos solidários com as futuras gerações”, comentou. 

Entre os significados que cercam a construção da Feira estão a resistência, a ocupação, a cultura camponesa e a solidariedade. Estes elementos são a exemplificação do movimento social e a  sua contribuição por um país mais justo, igualitário e saudável. Latifúndio não combina com estes valores. 

Feira do MST

Apesar do conservadorismo político em Minas Gerais, os seus diversos territórios e toda a sua biodiversidade contribui com a possibilidade de entre as centenas de barracas, divididas para cada assentamento, acampamento e outros movimentos parceiros trazer ao público que passa pela Feira da Reforma Agrária na capital, a diversidade dos produtos e alimentos oferecidos a preço popular.

Esta perspectiva se apresenta nas bananas, farinha de mandioca, mel entre outros alimentos com um sabor próprio sem exploração do trabalho, com compromisso com o meio ambiente e com as relações de gênero e sexualidade. A agroecologia também está presente na educação para o consumo e ao longo da Feira ela se expressa no preço justo que diferencia do mercado convencional e no carinho das relações entre consumidores e produtores dos diversos pratos típicos. 

A Feira está em seu último dia, com entrada gratuita para todo o público, no Parque Municipal de Belo Horizonte.

*Editado por Solange Engelmann