Acesso à educação

“Pronera expressa o reconhecimento do Estado às demandas educacionais da Educação do Campo”

O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, que este ano completou 25 anos, é uma política importante que volta ao orçamento após anos paralisada
Jones de Lima, acampamento Maila Sabrina (Ortigueira – PR). Foto: Arquivo pessoal

Por Jade Azevedo/Coletivo de Comunicação MST-PR
Da Página do MST

Jones Fernando Jeremias de Lima, 33, mora no acampamento Maila Sabrina, município de Ortigueira, na região de Campos Gerais paranaense. Ele conta que seu histórico familiar de sobrevivência sempre foi no campo, “meu pai trabalhava arduamente nas fazendas de gado, mas sempre com o sonho de ter seu próprio pedaço de chão. Sou neto de assentados e vim para o MST em 2002, junto com meus pais e irmãos, logo após meu pai ser demitido da fazenda onde trabalhava. Grande parte dos meus estudos na educação básica foram residindo no acampamento, entretanto, por não ter escola naquele espaço que atendesse minha etapa de ensino, estudei fora utilizando transporte público escolar”, relembra Jones, que hoje é dirigente do setor de educação do MST no Paraná.

Jones conta que em 2007, um ano após concluir o Ensino Médio, foi convidado pela coordenação pedagógica da Escola Itinerante Caminhos do Saber para contribuir como educador. Naquele período um dos pré-requisitos era ter concluído o Ensino Médio com disponibilidade para dar continuidade aos estudos, preferencialmente com graduação em licenciatura.

Em 2009 foi indicado pelo coletivo da escola para participar da seleção do Curso de Pedagogia para Educadores do Campo do Programa de Educação da Reforma Agrária (Pronera), um curso de parceria entre a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Movimentos Sociais do Campo. “O Pronera possibilitou não somente minha inserção no curso, mas assegurou, sobretudo, minha permanência até a conclusão em 2012, desde o financiamento que garantia as passagens para o deslocamento, alimentação, estadia e materiais pedagógicos. Mas também da importância do regime de alternância que conciliava tempo universidade (estudo integral), tempo comunidade (atividades desde o local) e o trabalho realizado na escola”, conta Jones.

Dirigente do setor de educação do MST Paraná durante atividade. Foto: Secretaria Estadual de Educação do Paraná (SEED-PR) 

Jones ressalta que o Pronera é uma importante política pública que expressa o reconhecimento do Estado às demandas educacionais da Educação do Campo e que assegura o direito à educação às populações campesinas. “Sou fruto desta política pública e hoje formado, atuo como pedagogo da Escola Itinerante Caminhos do Saber, assim como outros milhares de egressos atuam nos mais diferentes espaços pelo Brasil a fora”, orgulha-se.

*Editado por Solange Engelmann