Dia da Saúde

A construção da saúde popular no MST também envolve a luta contra a opressão

No Dia Nacional da Saúde (5), confira entrevista de Edinaldo Novaes sobre a concepção de saúde popular do MST
Agentes Populares de Saúde estão entre os profissionais que “foram se capacitando, estudando e ocupando os espaços na universidade”, afirma Novaes. Foto: Jonas Santos

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Neste Dia Nacional da Saúde (5), conheça um pouco mais sobre a concepção de saúde popular desenvolvida em quase 40 anos de luta pelos trabalhadores e pela trabalhadoras Sem Terra, que além de práticas tradicionais, milenares e alternativas de cuidado e autocuidado, envolve a luta popular pela democratização da terra, dos conhecimentos, saberes e das relações livres humanas emancipadas.

“A gente que planta, colhe, cuida da terra, também cuida da saúde, uma saúde em que todos tenhamos a capacidade de lutar contra tudo que nos oprime. Quando a gente faz essa luta a gente tem mais qualidade de vida e saúde”, argumenta Edinaldo Novaes, dirigente do setor de saúde do MST na Bahia.

Ele também comenta sobre as experiências e conquistas do MST na área saúde, com a formação e capacitação de diversos profissionais ao longo dos anos. Confira a entrevista na integra.

Página do MST: Poderia falar um pouco sobre as principais experiências que o MST vem desenvolvendo na área da saúde em quase 40 anos de luta?

Edinaldo: Durante os 40 anos que o MST está completando em 2024, nós praticamos a saúde popular tradicional e milenar, nos cuidados nos assentamentos e acampamentos, passando esse conhecimento de chás, fitoterápicos, massagem de geração a geração.

Há profissionais que foram se capacitando, estudando e ocupando esses espaços da universidade em cursos de Técnico em Enfermagem e Técnico em Saúde e Psicologia, Enfermagem, Medicina, Saúde do Trabalhador, Agentes Populares de Saúde do Campo e Agente Popular de Saúde. Então, isso vem compondo a equipe do setor de saúde nesses 40 anos, como profissionais e terapeutas holísticos também.

Edinaldo Novaes. Foto: Arquivo pessoal

Quais as principais conquistas do MST na área da saúde nesses anos de história e de luta?

Hoje, o Movimento conta com mais de 150 médicos graduados em Cuba e na Venezuela. Tem mais de 30 técnicos de enfermagem, tem mais de 2.500 Agentes Populares de Saúde do Campo, e possui entre 30 terapeutas populares, tradicionais e milenares. Hoje o Movimento também tem uma turma em andamento com 38 estudantes de Enfermagem e turmas para sair em Psicologia.

Qual a importância da saúde popular para o MST e como tem contribuído na melhoria da saúde e cura das/os trabalhadoras/es Sem Terra pelo país?

Hoje, a saúde popular tem um papel fundamental na luta pela terra e pela Reforma Agrária Popular. Ela é milenar, científica que possa andar de mãos dadas com esse conhecimento popular e as nossas instituições e universidades.

E qual sua importância para a organização do MST?

A gente que planta, colhe, cuida da terra, também cuida da saúde, uma saúde em que todos tenhamos a capacidade de lutar contra tudo o que nos oprime. Quando a gente faz essa luta a gente tem mais qualidade de vida e saúde.

Fazendo esse autocuidado da gente mesmo. Eu cuidando de mim, ao mesmo tempo, vou cuidar do outro e assim a gente pode interferir e ocupar esses espaços que, às vezes, são tão negligenciados e negados, que é o direito de ter saúde, a saúde que a gente quer e constrói.

E tudo isso só é possível defendendo e construindo o nosso Sistema Único de Saúde, o SUS, a partir do território que a gente pisa, para que a gente possa ter uma saúde construída e feita pelas mãos dos trabalhadores e das trabalhadoras.”

*Editado por Wesley Lima