CPI do MST

MST na boca do povo: em meio à CPI, sociedade civil demonstra apoio ao movimento e à reforma agrária

O Brasil de Fato foi às ruas saber os motivos que fazem a população apoiar o maior movimento popular da América Latina
Um dos principais pilares do MST é a busca pela justiça social aliada à luta pela terra. Foto: Iolanda Depizzol / Brasil de Fato

Por Mariana Lemos e Iolanda Depizzol
Do Brasil de Fato

Alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que tem como objetivo “investigar” suas atividades, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem recebendo apoio popular por todo o país. A reportagem do Brasil de Fato foi às ruas para saber os motivos que levam a população que vive nas cidades a apoiar maior movimento popular da América Latina. 

A defesa da reforma agrária é um dos principais motivos apontados. O MST vem lutando por essa pauta há quase 40 anos. Para a comunicóloga Isabella Scarpelini, “o MST historicamente tem um papel importante para a reforma agrária e é parte do nosso papel enquanto cidadão, nas escolhas que a gente tem, fortalecer o movimento para conseguir ver as transformações acontecendo”. 

Isabella deu seu depoimento enquanto passeava com seu filho Caetano, de três anos, no elevado Presidente João Goulart, na região central de São Paulo. Ela fez questão de frisar a importância de uma alimentação saudável e orgânica, sobretudo na infância. 

O apoio da população está nas ideias mas também nos símbolos. Foto: Iolanda Depizzol / Brasil de Fato

A crescente conscientização sobre a importância de comer alimentos saudáveis, na sua maioria produzidos pela agricultura familiar, também tem seu papel no suporte demonstrado ao MST, já que essa é uma das pautas do movimento que mais tem ligação com as populações urbanas. 

Desde seu último Congresso Nacional, realizado em 2014, o movimento tem se debruçado no fortalecimento de processos agroecológicos e na produção de alimentos saudáveis, com o objetivo de aproximar o campo e a cidade, promover saúde à população e proteger a natureza. 

O professor Samuel Sasso, que trabalha como expositor de artesanato, defende que não são só os consumidores que ganham com a produção de alimentos saudáveis, mas também os trabalhadores rurais, que poderão ter uma vida mais digna.

Sasso, com um boné do MST na cabeça, afirmou também que conquistar terras improdutivas é um direito garantido no Brasil. “Se a terra está improdutiva ela tem que ser usada e isso está na Constituição. Você vai ter uma variedade maior de alimentos, não só usando a terra para uma única coisa”, afirma.

Em relação à CPI, o advogado Bolívar Kokkonen defende o único objetivo da comissão é atrapalhar o movimento que luta por reforma agrária. “Não existe uma justificativa jurídica que consiga dar razão à continuidade da CPI. Portanto nós esperamos que ela não se renove, deixando de atacar um movimento que tem uma pauta constitucional e justa na defesa da democracia, que é a reforma agrária”, afirmou. 

Já a artista e professora Alexia Salles avalia que o movimento não tem tem nenhuma atividade negativa. “A verdade é que eles tentam arrumar problemas onde não tem. Porque, realmente, onde tem problema, eles tentam acobertar e tentar mudar o inimigo. Eles tentam inverter o vilão para que o verdadeiro vilão continue ali bem da vida e se dando bem com suas peripécias”, disse. 

Edição: Thalita Pires/ Brasil de Fato