Produção

No Rio Grande do Sul, produtores de leite assentados na região Sul do estado pedem socorro 

Manifestação pretende chamar a atenção para a situação nesta sexta-feira (25), às 10h, na Praça Internacional de Santana do Livramento
Fotos: Arquivo Cooperforte

Da Página do MST

Nesta sexta-feira (25), a partir das 10h, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) espera reunir cerca de 400 produtores da região no Ato pelo Leite, que acontecerá na Praça Internacional de Santana do Livramento. Segundo os organizadores, a ideia é doar 1 mil litros de leite Tipo C para a população carente.  

No Rio Grande do Sul, a crise do leite se arrasta há anos. Com a estiagem nos últimos anos a situação piorou. Segundo levantamento da Emater, entre 2015 e 2021, 44 mil produtores ligados à indústria abandonaram a atividade, contribuindo para a evasão rural e gerando prejuízos econômicos para os municípios.

“Os preços do ano passado para cá tiveram redução de até R$ 1,00. Os produtores de leite estão pedindo socorro”, alerta Elio Muller, coordenador geral da Cooperforte (Cooperativa Regional de Famílias Assentadas da Fronteira Oeste). 

A Cooperforte mobiliza 19 municípios da Metade Sul do RS e é a única que trabalha com grandes, médios e pequenos produtores. “São estas pessoas que virão no ato reivindicar pela cadeia do leite. Esperamos conseguir mudar a política e incentivar a agricultura familiar e os assentados. As grandes empresas não atendem os agricultores e precisamos das cooperativas para escoar a nossa produção”, destaca Muller.

Com um total de 1.224 associados, a Cooperforte atende pequenos camponeses e agricultores assentados da reforma agrária que produzem cerca de 1,6 milhões litros de leite fresco por mês. Os produtores reivindicam programas de subsídio para o leite, assistência técnica, linhas de crédito e melhores preços. 

O governo federal anunciou R$ 100 milhões para a compra do produto em pó. A aquisição será feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade Compra Direta, mas até o momento, segundo Muller, não foi lançada a normatização de como será a compra, qual a modalidade e preço. 

“Se não houver uma ação rápida dos governos federal e estadual, o alimento vai sair da cadeia. O leite é um produto essencial para a alimentação. Somente nas cooperativas do MST da região Sul são mais de 1200 famílias que tem como carro chefe a produção do leite. Temos 33 assentamentos, com mais de 1000 famílias assentadas, em Santana do Livramento esperando medidas urgentes.”

Muller também reforça que o ato quer chamar a atenção do governo federal, porque os produtores não têm condições de competir com o leite que está entrando pela Argentina e Uruguai. “Essa situação tem nos maltratado muito e tirado o incentivo de muitos produtores de leite”, concluiu.

*Editado por Fernanda Alcântara