Agricultura familiar e camponesa

Cooperativas assinam adesão ao Programa de Aquisição de Alimentos na Expointer, no RS

Presidente da Conab, Edegar Pretto, participou da solenidade de abertura oficial do Pavilhão da Agricultura Familiar, em Esteio
Cooperforte assinou o primeiro contrato em nível nacional da Via Campesina de adesão ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Foto: Joaquim Moura

Por Katia Marko
Do Brasil de Fato | Porto Alegre

O Pavilhão da Agricultura Familiar (PAF) teve sua solenidade de abertura oficial nesta quinta-feira (31). O ato contou com a participação do governador Eduardo Leite, do secretário de Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, do deputado estadual Adão Pretto e de representantes das demais entidades promotoras e organizadoras do espaço.

Na ocasião, foram assinadas as três primeiras propostas de cooperativas da agricultura familiar do nosso estado na adesão ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), pelo presidente da Conab, Edegar Pretto.

A Expointer acontece em Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, com programação até 3 de setembro.

Pretto destacou que o “PAA voltou, neste novo governo do presidente Lula, e será um dos principais instrumentos para acabar com a fome no nosso país. Vamos gerar renda aos nossos agricultores e levar comida à mesa da população brasileira”.


O presidente da Cooperforte, Helio Miller, assinou o primeiro contrato em nível nacional da Via Campesina de adesão ao PAA. Foto: Joaquim Moura

O presidente da Cooperforte, Helio Miller, de Santana do Livramento, assinou o primeiro contrato em nível nacional da Via Campesina de adesão ao PAA. A cooperativa apresentou um projeto de R$ 1,5 milhão para doação simultânea.

Segundo ele, o projeto vai financiar 19 itens de alimentos da agricultura familiar, dentre hortifruti e leite industrializado, atingindo todas as 100 famílias da Cooperforte, de Santana do Livramento, Erval e São Gabriel. “Nós vamos entregar os alimentos para as entidades de Porto Alegre, Santana do Livramento, Santa Maria e Pelotas para serem doados para famílias carentes.”

Miller destaca ainda não ser por acaso que a Cooperforte foi classificada em primeiro lugar em nível de Brasil. “A gente trabalha há 16 anos, é lógico que nos últimos dois anos não teve programa, mas a gente sempre trabalhou esses programas nas entidades de Livramento, Porto Alegre, Santa Maria.”

O deputado Adão Pretto salientou o potencial das cooperativas ao liderar essas adesões. “Essa parceria entre as cooperativas gaúchas e o PAA promete não apenas impulsionar a renda dos agricultores e agricultoras envolvidos, mas também fornecer alimentos saudáveis para a mesa de gaúchos e gaúchas, brasileiros e brasileiras. O PAA é um instrumento fundamental para apoiar nossa agricultura familiar e, ao mesmo tempo, combater a fome no Brasil. Estamos comprometidos, através do PAA, essa ferramenta eficaz, promover a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável”, disse.

Pavilhão da Agricultura Familiar é resultado de construção coletiva

Representando a Via Campesina na abertura oficial do Pavilhão da Agricultura Familiar, Salete Carollo destacou a grandeza da organização que é o Pavilhão da Agricultura Familiar e Camponesa. “É um processo de organização e construção coletiva dos camponeses e revela o empenho de todas as organizações aqui presentes.”


“O Pavilhão da Agricultura Familiar é um processo de organização e construção coletiva dos camponeses e revela o empenho de todas as organizações aqui presentes”, destacou Salete Carollo. Foto: Joaquim Moura

Também salientou que para haver de fato o desenvolvimento de processos que acabem com a fome e a desigualdade social no campo, há a necessidade de se trabalhar em três dimensões. “A primeira é o acesso à terra, como um direito e não como um custo, para produzir alimentos saudáveis. A segunda, a importância de desenvolver processos de cooperação. A cooperação que nos leva a desenvolver novas relações sociais no campo e novas relações na produção. Em contraposição ao trabalho análogo à escravidão e a exploração do agro. E a terceira, é fundamental para a gente ter um projeto de desenvolvimento da agricultura sustentável que a matriz tecnológica seja a matriz da agroecologia.”

Por isso, reforçou, a importância de se desenvolver práticas agroecológicas, orgânicas, e que tenha apoio governamental ao desenvolvimento de fábricas de bioinsumos, que acelerem assim esse processo de mudança da produção na agricultura.

Salete afirmou ainda a importância da implantação das agroindústrias no campo. “Haverá, sim, sucessão familiar, a juventude vai permanecer no campo, teremos mais geração de emprego e trabalho e a garantia da estruturação das cadeias produtivas no campo se tivermos a implantação das agroindústrias familiares.”

Para a dirigente, isso é imprescindível para o desenvolvimento dos territórios e da agricultura camponesa. Por fim, defendeu a importância da organização do mercado que atenda a agricultura familiar, com programas como as políticas públicas do PNAE. “O Rio Grande do Sul tem condições, está na mão do governador Eduardo Leite, colocar uma lei, trabalhar uma lei ou um decreto em que se instale a possibilidade de 100% da alimentação escolar, alimentação nos hospitais, pudessem ser da agricultura familiar, porque capacidade de produção nós temos.”

O PAF é um dos setores da feira que segue batendo recordes. O valor acumulado em vendas, do primeiro ao quinto dia da Expointer, chegou a R$ 4.264.736,25 – um aumento de 13,62% em relação ao mesmo período do ano passado, quando comercializou R$ 3.753.598,37.


Edição: Marcelo Ferreira