Mobilização Nacional

29ª Grito dos Excluídos e Excluídas reforça o fortalecimento da democracia e cobra direitos

Com reflexões sobre alternativas para a dificuldade de acesso aos alimentos e à água, foram realizadas mobilizações em todas as regiões do país
Foto: Mykesio Max (@mykesioofc)

Da Página do MST

Após o fim da era Bolsonaro com tentativas de golpes, destruição de políticas públicas e ameaças constantes à democracia e a eleição do presidente Lula em 2022, nesta quinta-feira (07), foi realizado o 29° Grito dos Excluídos e Excluídas com o lema “Vida em primeiro lugar! Você tem fome e sede de que?, com a proposição de reflexões e ações em busca de alternativas para a dificuldade de acesso aos alimentos e à água. Foram realizada atividades de mobilização e protestos em todas as regiões do país.

A ação representa a luta em defesa da justiça social, da democracia e de políticas públicas que atendam às necessidades do povo brasileiro, além de questionar que tipo de independência se defende no Brasil? Em um país em que a classe trabalhadora ainda enfrenta a fome, diversos tipos de injustiças e profundas desigualdades sociais.

“O que efetivamente garante um país independente? O Grito tem refletido isso, um país independente consegue dar respostas às necessidades do seu povo e enfrentar tudo aquilo que não contribui para uma efetiva justiça social no nosso país”, questiona Débora Nunes, a direção nacional do MST.

Foto: Ricardo Pacheco (PE)

Segundo Débora, o Grito dos Excluídos e Excluídas deste ano reforça o fortalecimento da democracia e coloca a reflexão sobre os principais problemas e necessidades da sociedade brasileira, em relação à luta por justiça social, por direito, contra a violência, contra o racismo.

“É um grito por justiça, por educação de qualidade e universal, por saúde, emprego, condições dignas de trabalho, por Reforma Agrária, por terra, por não violência contra as mulheres, pelo respeito à diversidade LGBTQIA+. Então, é momento de partilhar as demandas, os anseios de segmentos específicos, mas que são acolhidas e abraçadas pelo conjunto das organizações, dos movimentos populares e colocados para sociedade, pontua.

Confira as atividades do 29° Grito dos Excluídos e Excluídas pelo país:

Sudeste

Em São Paulo, assentados e assentadas da Reforma Agrária da cidade de São Paulo e entorno, e da Grande São Paulo, participaram do 29° Grito dos Excluídos e Excluídas na capital paulista. Atos aconteceram na Praça da Sé e na Avenida Paulista. Famílias da Comuna da Terra Irmã Alberta do MST levaram a denúncia contra o despejo do acampamento que está há 21 anos lutando pelo assentamento de Reforma Agrária em uma área pertencente à Sabesp. No local onde hoje vivem cerca de 70 famílias produzindo alimentos, há um projeto para ser instalado um lixão.

Também em Presidente Prudente (SP), como parte das atividades do Grito dos Excluídos e Excluídas, organizações populares da cidade se reuniram em um ato durante a Feira da Reforma Agrária, em frente ao Galpão da Lua. Durante o ato, representantes das organizações e lideranças religiosas fizeram falas dialogando com a população prudentina sobre os problemas da nossa sociedade. Já em Ribeirão Preto, interior do estado, o MST realizou uma Ação Solidária doando 1,3 tonelada de alimentos saudáveis sem agrotóxicos, produzidos pela Reforma Agrária.

Já em Campinas (SP), o MST também participou do 29° Grito dos Excluídos e Excluídas, juntamente com outros movimentos sociais e organizações, no Largo do Pará, região central da cidade. Foi apresentada a pauta da Cozinha Solidária São Marcos, em diálogo com o lema do Grito deste ano: “Você tem fome e sede de quê? Vida em primeiro lugar!”. A Cozinha surgiu há cerca de dois anos em parceria entre o MST e a Paróquia São Marcos e já distribuiu em torno de 100 mil refeições para famílias em situação de vulnerabilidade do município.

Em São Mateus, no Espírito Santo, a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental do Assentamento Zumbi dos Palmares se uniu ao 29º Grito dos Excluídos e Excluídas, em caminhada com mais de 140 alunos da escola. O tema deste ano foi abordado por meio de atividades pedagógicas ao longo da semana, apresentados durante a marcha pelos educandos/as, nesta quinta-feira (07).

Em Campinas (SP), o MST também participou do 29° Grito dos Excluídos e Excluídas, que aconteceu no Largo do Pará, região central da cidade. Juntamente com diversos movimentos sociais e organizações foi apresentada a pauta da Cozinha Solidária São Marcos, em total diálogo com o lema do Grito deste ano: “Você tem fome e sede de quê? Vida em primeiro lugar!”.

A Cozinha do São Marcos surgiu há cerca de dois anos numa parceria entre o MST e a Paróquia São Marcos. Neste período já distribuiu em torno de 100 mil refeições para famílias em situação de vulnerabilidade do município. Trabalho este que só é possível pela solidariedade de diversas organizações e pessoas que doam mantimentos e dedicam parte do seu tempo para o preparo e distribuição das refeições.

Nordeste

Em Fortaleza, no Ceará, a concentração do Grito dos Excluídos e Excluídas começou na Avenida Jornalista Tomaz Coelho e seguiu sentido a Praça da Matiz de Messejana, para o ato final. A manifestação popular foi carregada de simbolismo, integrando pessoas, grupos, entidades, igrejas, pastorais e movimentos populares e sociais, comprometidos com as causas dos excluídos e excluídas. E também foi um espaço para denúncias das diversas formas de exclusão, fortalecendo a luta por justiça social e promovendo a união entre o campo e a cidade na periferia de Fortaleza.

Em Maceió, Alagoas, na manhã de hoje, diversas organizações populares do campo e da cidade participaram do Grito dos Excluídos e das Excluídas, na orla da capital alagoana, pautando as necessidades do conjunto da sociedade para garantia de dignidade no campo e na cidade. Débora Nunes conta que na capital alagoana, a atividade contou com a participação de uma diversidade de organizações e o comprometimento do governador do estado. “Fizemos o grito após o desfile militar e o governador, Ronaldo Lessa, aguardou o grito, desceu até aonde estavam os manifestantes, se comprometendo com diversas questões que estavam sendo colocadas ali pelos participantes”.

Em Recife, Pernambuco, o 29º Grito dos Excluídos e Excluídas iniciou com concentração no parque 13 de maio, seguindo em caminhada pelo centro da cidade até chegar à Praça do Carmo. Trabalhadoras/es do MST participaram da atividade na luta pelos direitos dos povos do campo.

Na Bahia, trabalhadores/as do MST da regional Nordeste participam com suas bandeiras vermelhas do ato do Grito dos Excluídos e Excluídas, que aconteceu neste 7 de setembro, em Paulo Afonso/BA. Na Regional Norte da Bahia famílias do MST, que integram a Brigada Egídio Brunetto, também participaram das atividades, na cidade de Senhor Do Bonfim/BA, junto a outros movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos do município.

Em João Pessoa, na Paraíba, as trabalhadoras/es do MST ocuparam as ruas para somar forças na construção do Grito dos Excluídos e das Excluídas. Em Campina Grande Sem Terra participaram da atividade, que marcou a data com muita animação e mística.

No Rio Grande do Norte, a companheirada do MST da região oeste participou do 29° Grito dos Excluídos e das Excluídas, realizado em Mossoró. As Brigadas de Vale Janduís, Chico Mendes e Chapada do Apodi uniram-se para denunciar as injustiças sociais e lutar por um futuro mais justo e igualitário.

Amazônia

Em Belém, capital do Pará, as organizações sociais realizam os Gritos dos Excluídos e Excluídas que ecoam num Brasil com fome e sede, em contraponto ao grito da independência, sendo uma manifestação popular e coletiva há 29 anos. Atividade começou em frente ao Santuário de Nossa Senhora de Nazaré e seguiu em caminhada pelas ruas da capital paraense na manhã desta quinta-feira (07). “Como Movimento Sem Terra nos temos sede e fome de alimentação saudável. Temos fome e sede de ter a floresta em pé e o povo vivo”, enfatiza Jane Cabral, da direção do MST.

Como parte das atividades do Gritos dos Excluídos e Excluídas, em São Luís, no Maranhão, as mulheres Sem Terra da Região Amazônica iniciam o curso “Feminismo e Marxismo”, nesta quinta (7). O curso é uma iniciativa do setor de Gênero do MST com o objetivo de partilha, aprendizado, mas também de conspiração para as lutas.

Sul

Em Leopoldo, no Rio Grande do Sul, na manhã de hoje, cerca de 500 pessoas participaram 29° Grito dos Excluídos e das Excluídas, na Paróquia Santo Inácio de Loyola. Gritos da juventude, indígenas, mulheres e LGBT, Moradia, Atingidos por Barragens, meio ambiente e pela democracia foram ouvidos. Uma mística ocorreu em homenagem ao MST por suas doações às comunidades da periferia.

Durante a atividade foram doados mil kg de arroz, mil sucos, 300 kg de feijão e 300 leites para os indígenas kaingangs de São Leopoldo e famílias da ocupação Steigleder desabrigadas. Também foi anunciada a instalação de uma cozinha comunitária em Encantado, para distribuir marmitas às famílias vítimas das enchentes no RS, que em agosto afetou mais de 60 municípios e é o pior evento climático já registrado no estado.

Em Curitiba, Paraná, o 29° Grito dos Excluídos e das Excluídas reuniu centenas de pessoas e pautou as desigualdades e injustiças que ainda atingem grande parte da população. A concentração saiu da Vila Torres, formada por moradias populares de ruas estreitas, espaço para reciclagem de materiais, atravessada pelo rio Belém, poluído e por uma população que enfrenta a violência policial cotidianamente. O encerramento demarcou a luta pela consolidação da Casa de Passagem Indígena, para apoiar a população originária que se descola periodicamente para a capital. Estiveram presentes indígenas das etnias Guarani, Kaingang, Xokleng e Jamamadi. Para reforçar a luta por soberania alimentar, o Coletivo Marmitas da Terra, do MST PR, partilhou refeições com os participantes da atividade.