Resistências LGBTI+

Seminário da Via Campesina potencializa debate da diversidade sexual e gênero nos territórios

Seminário contou com a presença de mais de 80 pessoas, com representações de outros seis países
Atividade discutiu a luta contra a LGBTI+fobia e a organização desse debate nos movimentos populares da Via. Foto: Júlia Barbosa | CPT Nacional 

Por Por Arlla Xavier e Wesley Lima*
Da Página do MST

Entre os dias 14 e 17 de setembro, a Via Campesina Brasil realizou o 3º Seminário sobre Diversidade Sexual e de Identidade de Gênero, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), localizada em Guararema (SP), com o objetivo de discutir temas relacionados a luta contra a LGBTI+fobia e a organização do debate nos movimentos populares que constroem a Via. 

O seminário contou com a participação de mais de 80 pessoas, com representantes de outros seis países, e na programação constou debates sobre “Território, orgulho e resistência LGBTI+ no campo, nas Águas e nas florestas”, “Conceitos Chaves e Contribuições do Feminismo Camponês e Popular para a dimensão da Diversidade Sexual e Identidade de Gênero”, “Colorindo a Luta Camponesa Internacional: Os desafios da diversidade sexual e de gênero na CLOC e LVC Internacional” e “Sem LGBTI+ não há revolução: Combatendo às violências contra as existências e resistências LGBTI+ no campo, nas águas e nas florestas”.

De acordo com Dê Silva, do Coletivo LGBTI da Via Campesina Brasil, o Seminário termina de maneira positiva, destacando desafios e organizando uma agenda de iniciativas das organizações que compõem a Via Campesina no Brasil e internacionalmente.

“O seminário foi um espaço riquíssimo de construção coletiva, de muita formação, debate e troca de experiências. Trouxemos para centralidade o debate nos territórios do campo, das águas e das florestas, na tentativa de desmistificar que os territórios são espaços hegemonicamente hetero e cisgênero”, explica Dê. 

Afirmações

 Fotos: Júlia Barbosa | CPT Nacional 

No ponto de vista da produção de alimentos saudáveis e a construção de bandeiras de luta, que seja mais um ponto interseccional das lutas dos movimentos e organizações da Via, ela sinaliza que é central posicionar algumas afirmações. Primeiro, “nossos territórios só produzem a diversidade alimentar, cultural, porque são espaços compostos pela diversidade sexual e de gênero”.

Segundo Dê, uma outra afirmação é a necessidade de enfrentar as violências e a LGBTI+fobia como uma forma importante de garantir a participação de todas, todos e todes na organização das lutas e das estratégias políticas. Nesse sentido, foi debatido a construção de uma Campanha na Via Campesina contra todo tipo de violência, garantindo o protagonismo dos povos do campo, das águas e das florestas nesta construção.

Por fim, ela explica que a terceira afirmação se encontra na perspectiva da coletividade. “Encerramos com uma avaliação positiva, porque são nesses momentos que podemos vivenciar a nossa diversidade e construir coletivamente os territórios que nós queremos, a partir da discussão das novas relações humanas, a partir do nosso conhecimento coletivo, para enfim construir a sociedade que tanto queremos, sem opressores e oprimidos”. 

Para Dê, o seminário conseguiu apontar diversos desafios e “só teremos capacidade de enfrentá-los com organização, formação e luta coletiva”. 

Participação

Participaram do Seminário alguns movimentos importantes para construção do debate da diversidade sexual e de gênero na Via Campesina, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento por Soberania Popular na Mineração (MAM), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Coletivo LGBTQIA+ Tibira da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Pastoral da Juventude Rural (PJR), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

*Arlla Xavier é comunicadora popular no MMC e Wesley Lima integra o Coletivo Nacional de Comunicação do MST.

**Editado por Solange Engelmann