Reintegração de Posse

Famílias de acampamento no Maranhão sofrem ação de reintegração de posse

Mais de 100 famílias do Acampamento Baixão do Açaí foram surpreendidas com ação

Policiais permanecem no local e famílias estão impedidas de ter acesso ao acampamento Foto: Reprodução

Por Mariana Castro

Da Página MST Maranhão

Mais de 100 famílias do Acampamento Baixão do Açaí, no município de Santa Luzia
(MA) foram surpreendidas com uma ação de reintegração de posse no dia 20 de
setembro com a presença de um grande comboio de policiais e jagunços, que segundo
as famílias, seguem dentro do território, revistando as famílias que resistem próximo
ao local, intimidando e forçando a expulsão.


Os trabalhadores e trabalhadoras rurais vivem na área desde 2019 com pequenas
produções, as famílias se destacam no plantio de arroz, feijão, milho, fava e amendoim
para a subsistência, além de hortas familiares e animais de pequeno porte como
galinha e porcos.

Roças que serviam de subsistência e poço de água potável estão interditados Foto: Reprodução


“Isso tudo ficou para trás, a gente está entrando lá de dois em dois e a humilhação é
grande. Para pegar água no poço que ficou dentro da área, a gente está ameaçado e
não podemos pegar água nem para beber. Ontem nós discutimos com o capitão para
poder pegar, mas ele deu um horário e depois disso não pode mais”, explica Edilson
Lisboa, presidente da Associação de Moradores do acampamento.


Em conflito permanente, as famílias alegam que o fazendeiro que reivindica a área
nunca apresentou documento de posse, mas que elas já reivindicam a área, de cerca
de 700 hectares, junto ao Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma).
Considerando o conflito e o risco de casos de violência, recorrentes nas áreas de
campo do Maranhão, uma equipe da Comissão Estadual de Prevenção à Violência no
Campo e na Cidade (Coecv) esteve no local na última sexta-feira (22) para coleta de
depoimentos.

Durante a ação, foi utilizado grande aparato policial, com helicópteros e forças armadas Foto: Reprodução


O Maranhão tem sofrido uma escalada de violência no campo desenfreada e o
Movimento Sem Terra do estado tem denunciado permanentemente ao mesmo
tempo que se solidariza com as famílias e tem dialogado com os diversos seguimentos
da sociedade, governo e poder judiciário, afim de que a situação seja solucionada sem
violência, por meio dos trâmites legais e garantindo a segurança e dignidade das
famílias.

*Editado por João Carlos