Sim, Eu Posso!

Método “Sim, Eu Posso!” alfabetiza mais de mil moradores de Maricá

Formatura de 1.067 educandos(as) foi realizada no último sábado (30), com certificado de alfabetização pelo método “Sim, Eu Posso!”
Foto: Cadu Sousa

Por Iris Rodriguez/ Comunicação “Sim, Eu Posso!” Maricá
Da Página do MST

A Jornada de Alfabetização em Maricá comemorou neste sábado, 30 de setembro, a formatura de 1.067 educandos(as), alfabetizados com o método cubano “Sim, Eu Posso!”, todos moradores dos quatro distritos da cidade de Maricá: Sede, Inoã, Ponta Negra e Itaipuaçu.

O evento, foi celebrado na Tenda Arena Gilberto Gil da Festa Literária Internacional de Maricá (FLIM) localizada na Praça dos Gaviões em Itaipuaçu, envolvendo a familiares e amigos(as) dos educandos(as) e toda a equipe da Jornada “Sim, Eu Posso!” em Maricá.

Foto: Vinicius Manhães

Do ato, participaram autoridades e lideranças políticas como Diego Zeidan – vice-prefeito licenciado de Maricá e agora Secretário de Desenvolvimento Econômico Solidário do Rio de Janeiro; Cristina Varga,s da Coordenação Nacional do MST no Rio de Janeiro; o Embaixador da República de Cuba, Adolfo Curbelo; Carlos Senna, Diretor-presidente do ICTIM; a secretária de Economia Solidária, Andreia Cunha; Márcio Jardim, secretário de Educação; Hadesh, vereador da Câmara Municipal; e a deputada estadual da Alerj Marina dos Santos. Também, as atrizes da vídeo aula do “Sim, Eu Posso!” Tuca Morais e Araci Cachoeira. 

Fotos: Cadu Souza

A Jornada de Alfabetização com o método “Sim, Eu Posso!” é realizada pela Prefeitura de Maricá, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), através da Secretaria de Economia Solidária (ECOSOL) e o Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá (ICTIM), desde agosto de 2022.

Método cubano “Sim, Eu Posso!”

O “Sim, Eu Posso!” é um método de alfabetização criado pelo Instituto de Pesquisa Latino-americano e Caribenho IPLAC, reconhecido internacionalmente, e já tem alfabetizado a quase 11 milhões de pessoas em mais de 30 países. No Brasil, mais 100 mil pessoas têm sido alfabetizadas com este método, de acordo com acompanhamento do MST.

Foto: Vinicius Manhães

Segundo Cristina Vargas, “há vinte anos, quando Cuba nos convocou para que o MST pudesse assumir a luta contra o analfabetismo no Brasil, o Movimento não teve dúvidas de dizer: Sim, podemos fazer essa luta no Brasil e em outros países também!”.

Maricá tem assumido esse compromisso e responsabilidade com o povo brasileiro, porque ações como esta acontecem na perspectiva de se espalhar em outros lugares. Maricá tem sido solidária com a sua política, com a sua dedicação ao povo de Maricá e para todo o Brasil”.

— Cristina Vargas

Com reconhecimento à luta do povo cubano, primeiro país do mundo em zerar o analfabetismo, Diego Zeidan afirmou que o combate ao analfabetismo em Maricá é uma decisão política. “Milhões de pessoas no mundo não sabem ler e escrever e agora, graças a vocês, a nossos(as) educadores(as), e muito especialmente a cada um de vocês educandos(as), em breve poderemos dizer que nenhuma delas é maricaense”, declarou. 

Foto: Vinicius Manhães

Em 2022, a taxa de analfabetismo no país se situou em 5,6%, sendo 9,6 milhões de pessoas com 15 anos ou mais. Destas, 2,1 milhões delas são moradoras da região sudeste do pais, segundo dados da Pesquisa Nacional de Domicílios Contínua (PNAD,2022).

Na cidade de Maricá, a alfabetização abrangeu a 1.067 pessoas que hoje não fazem parte destas estáticas no Brasil. O direito à educação foi garantido com o método de alfabetização “Sim, Eu Posso!”. Uma expressão de mudança histórica e justiça social garantida pela vontade política do governo de Maricá.

Fotos: Vinicius Manhães

Esse método muda a vida de cada um de vocês que estão participando desse projeto; ele é duradouro, e precisa ser implementado durante um período de dez anos para a gente tentar erradicar o analfabetismo aqui na cidade de Maricá. E nós temos a certeza que iremos erradicar o analfabetismo”.

—Carlos Senna
Foto: Cadu Sousa

Em seguida o Embaixador de Cuba estimulou aos educandos(as) para “continuar e a não se deter aqui. A que continuem rumo a segunda parte do programa “Yo, Sí Puedo Seguir!, porque este não é o final, é só o princípio”, comentou Adolfo Curbelo.

Lendo as cartas, lendo o mundo!

Foto: Vinicius Manhães

Na celebração da formatura da Jornada de Alfabetização “Sim, Eu Posso!”, os educandos(as) Luciana Santos de Oliveira, Zenair de Azeredo Pereira, Joana de Jesus, Nelson Coutinho, Marcelo Machado Pereira Bilouro, Amelia Mendes da Silva, Ceni Alves, Nilza Costa do Nascimento, Renato Oliveira do Nascimento, Valdir Solares Coelho, Amilton da Silva Costa e Antônio Camello Alves, foram chamados ao palco, representando os 1.067 educandos(as) dos quatro distritos do município. Recebendo das mãos das autoridades e lideranças, os certificados desta primeira etapa concluída.

Com emoção e orgulho, as cartas escritas por eles(as) foram lidas e dedicadas a seus filhos, amigos de aulas e educadores, e também ao Prefeito Fabiano Horta e ao Vice-prefeito Licenciado Diego Zeidan.

Foto: Vinicius Manhães

Querido Prefeito! Hoje, vim agradecer a sua vida, o seu apoio foi muito importante, agora eu sei ler e escrever. Minha filha foi minha professora, eu fiquei muito feliz. Eu tive vergonha, agora eu sou grata por estar no Sim Eu Posso. Obrigada filha e a todos do projeto.
Com carinho,
Joana de Jesus Silva

Carta da educanda Joana de Jesús

A jornada também fez uma homenagem especial às educandas Vera Lucia Alves e Roseny Navarro, falecidas há alguns meses. 

Sim, Nós Podemos!

A cidade de Maricá esteve envolvida nos diferentes momentos da jornada: a mobilização e busca ativa de educandos(as) nos territórios, formações continuadas com os educadores(as), articulações nos territórios para encontrar os espaços para as salas aulas, ações oftalmológicas entre outras.

Foram sete meses em sala de aula desenvolvendo o método em 150 turmas, compostas por até 15 educandos(as). As aulas aconteceram em diversos locais perto da moradia dos educandos(as) e com condições materiais necessárias, convertidas pelos educadores(as) em ambientes alfabetizadores. 

Para a Secretária de Economia Solidária de Maricá, chegar até a formatura dos educandos(as) só foi possível com o trabalho dos educadores. “[Eles] tiveram a responsabilidade assumida de estar dentro das comunidades e territórios fazendo aquela pesquisa qualitativa, podendo realizar as aulas em varandas, pátios, associação de moradores, garantindo a alfabetização dos educandos(as) na nossa cidade”, afirmou Cunha.

Foto: Vinicius Manhães

Os espaços cedidos pela sociedade civil como Igrejas, bares, varandas de casa dos próprios educandos(as) ou educadores(as) da jornada serviam como sala aula. Também em equipamentos municipais: escolas públicas, sede de projetos e secretarias, associação de moradores, entre outros. Além de ter alfabetizado com o método “Sim, Eu Posso!’ na Aldeia Indígena Mata Verde Bonita em ambas línguas: em português e guarani. 

A atriz Tuca Morais, quem interpreta a professora Ângela nas vídeo aulas do “Sim, Eu Posso!” acompanhou a jornada, mediante este recurso audiovisual, possibilitando junto aos educadores(as) a alfabetização dos educandos(as). Seu agradecimento especial foi dirigidos para aos educandos, “a grande vitória, os grandes guerreiros, são vocês educandos. A gente sabe que é uma luta diária, a gente sabe que é uma superação diária. Mas vocês venceram. E esse mérito é de vocês”.

Foto: Cadu Sousa

Sim, Eu Posso! ler na FLIM 

Previamente à formatura do “Sim, Eu Posso!”, a Prefeitura de Maricá, através da Secretaria de Educação, entregou vouchers com o valor de R$ 200 para comprar livros na Festa Literária Internacional de Maricá (FLIM). Foram 13 dias de participação de educandos fazendo compras de livros na Tenda Literária da FLIM. 

O Secretário de Educação expressava aos educandos(as) sua emoção ao ter realizada a primeira formatura “Sim, Eu Posso!” na FLIM, afirmando que “nada foi tão fortemente extraordinário como a formatura do “Sim, Eu Posso!”. São tantas lições que vocês nos dão. A formatura é o resultado do simbólico e o concreto, porque vocês aprenderam a ler e escrever. Porque é saber ler, compreender e interpretar a vida e a sociedade”, comentava Jardim.

A alfabetização continua

Os próximos passos da campanha de alfabetização como política pública seguem com o objetivo de zerar o analfabetismo na cidade, e para isso será iniciada uma nova fase afim de chegar a mais pessoas que não conseguiram participar deste primeiro momento de alfabetização na cidade. 

Foto: Cadu Sousa

A meta é garantir o direito à educação e a melhoria da qualidade de vida das pessoas, através do acesso ao código da leitura e escrita. Se você conhece alguém que quiser fazer parte das próximas turmas, pode ligar o enviar áudio ao número (21) 99932-8202. Em breve, serão anunciadas o novo ciclo da jornada de alfabetização Sim, Eu Posso!” em Maricá.

*Editado por Fernanda Alcântara