Infância no MST
Por terra, escola, saúde e educação, crianças Sem Terrinha realizam Jornada Nacional
Por Solange Engelmann
Da Página do MST
Chegamos a mais um mês de outubro e, como tem ocorrido nos últimos 29 anos, o Movimento Sem Terra realiza a Jornada Nacional das Crianças Sem Terrinha, que neste ano reúne as crianças Sem Terra em torno da celebração e enraizamento da história de luta e organização do Movimento, entre os dias 09 e 14 de outubro, em todo país.
Estão previstas um conjunto de ações nas cinco regiões do país e nos estados em que o MST está organizado, envolvendo a infância Sem Terrinha na realização de atividades de celebrações e debates rumo aos 40 anos do MST.
“Durante este Jornada Sem Terrinha, continuamos com a construção da solidariedade, compartilhando mudas, alimentos saudáveis com muita história e as brincadeiras com as nossas crianças”, explica Daiane Ramos, da direção estadual do MST em SP e da frente da infância do setor de Educação do MST.
Confira a entrevista na íntegra:
Qual a proposta e lema da Jornada Nacional das Crianças Sem Terrinha do MST de 2023?
Daiane: Como atividade de preparação rumo aos 40 anos do MST, vamos construir mais uma linda Jornada da Crianças Sem Terrinha, com o lema: “Sem Terrinha em Luta: viva os 40 anos do MST!”. Neste mês de outubro, completamos 29 anos de realizações dos Encontros das crianças Sem Terrinha, mas a história da participação das crianças junto com suas famílias Sem Terra já são de cerca de 35 anos, que elas participam da construção do nosso Movimento.
Em que locais estão previstas ações?
Neste ano a nossa jornada será organizada pelas diversas regiões do país em que o MST está presente. Em alguns estados estão prevista atividades estaduais e em outras regionais. No nosso encontro com as crianças, vamos celebrar os 40 anos do MST, com muitas ações.
Quais as principais reivindicações das crianças e atividades programadas?
Entre as crianças Sem Terrinha, fomos construindo, junto ao conjunto do MST, que o lugar da infância Sem Terra é nos diferentes espaços do Movimento.
Durante este Jornada Sem Terrinha, continuamos com a construção da solidariedade, compartilhando mudas, alimentos saudáveis com muita história e as brincadeiras com nossas crianças.
As atividades propostas são diversas: iniciando com a organização do encontro, envolver as crianças na coordenação do dia, realizar estudos e debater sobre a história do MST, com muitas brincadeiras, oficinas culturais e sarau literário. Discussão de temas e pautas permanentes, como a luta em defesa das Escolas do Campo, nos assentamentos e acampamentos; contra o fechamento, e pela abertura de novas escolas e melhorias, além de merenda saudável e transporte escolar.
Também vamos realizar atividades em torno do Plano Nacional do MST Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, com o plantio de mudas de árvores que as crianças Sem Terrinha contribuem bastante. Ainda teremos atividades sobre a coleta sementes, como produz mudas e cuidar dos bosques. Ações sobre o Festival Literário do MST “Escrevivências Sem Terra: luta e construção”, como rodas de leitura, oficinas de escritas, jogos literários e saraus; e ações de solidariedade e doação de alimentos. Sabemos que ao dividir o que temos e não o que nos sobra, ensinamos as crianças nosso compromisso com a classe trabalhadora.
Qual a importância dos Sem Terrinha e da infância Sem Terra na luta pela Reforma Agrária Popular?
A Reforma Agrária Popular beneficia os pequenos agricultores e agricultoras e favorece o reconhecimento do valor social da terra. Assim, as crianças Sem Terrinha do MST, podem dar uma grande contribuição, tendo um papel fundamental na organização da luta pela terra, bem como no futuro da luta pela reforma agrária e pela educação pública e de qualidade no Brasil.
Pode comentar sobre como funciona a organização e participação das crianças Sem Terrinha no MST?
A organização e a participação política das crianças fazem parte do que construímos ao longo dos nossos 40 anos de MST. Reafirmando o aprendizado coletivo sobre a importância de espaços de socialização, de vivência da organicidade, fortalecimento das relações de gênero, da coletividade e da auto-organização desde a infância Sem Terrinha.
Nos acampamentos e assentamentos do MST, a infância é conectada com a luta pela terra e as lutas pelo direito à educação e à subsistência.
E quais os principais avanços e desafios das crianças Sem Terrinha, que vivem nos acampamentos e assentamentos do Movimento Sem Terra?
Avançamos no debate de que o lugar da infância Sem Terra é nos diferentes espaços do Movimento, aonde as crianças se organizam desde os acampamentos até os assentamentos, seja com uma Ciranda Itinerante ou Cirandas permanentes, que se consolidam na nossa história, como espaços de aprendizado no dia a dia, sobre a importância de lutar pelo lugar onde vivem, com entendimento da Reforma Agrária Popular.
Enfrentamos em alguns locais desde acampamentos como também assentamentos, dificuldades de acesso a uma escola com qualidade, visto que algumas regiões sofrem com a distancia e as condições improprias de deslocamento no campo.
*Editado por Fernanda Alcântara