Comida Sem Veneno

“É preciso criar condições para levar comida de verdade para as periferias desse país!”

Acontecendo este final de semana em Valinhos, região de Campinas, o Festival reúne feira com produtos oriundos dos assentamentos de Reforma Agrária de diversas regiões do estado de São Paulo

4º Festival de Agroecologia, Ecoturismo e Economia Solidária acontece em Valinhos (SP).

Por Coletivo de Comunicação do MST São Paulo
Da Página do MST

Fotos: Filipe Augusto Peres

Promovido pela parceria entre o MST na regional de Campinas, o Sindicato dos Químicos Unificados de Valinhos e a Rede Livre de Agroecologia, o 4º Festival de Agroecologia, Ecoturismo e Economia Solidária congrega o debate entre agroecologia com a exposição e venda dos produtores e das produtoras dos assentamentos rurais paulista, que trouxeram alimentos in natura e beneficiados como hortifrúti, doces, compotas, feijão, derivados do leite e outros. Também houve a comercialização de produtos fitoterápicos e fitocosméticos.

A parceria entre o sindicato e o MST na região já vendo sendo construída a partir de outras iniciativas, como a inauguração do Espaço Agroecológico, uma das lojas da Rede Armazém do Campo que fica localizada no bairro Barão Geraldo, em Campinas. Na loja são comercializados alimentos produzidos em assentamentos da região e no Acampamento Marielle Vive, além de outros produtos beneficiados pelas cooperativas do MST em várias regiões do Brasil.

A abertura do Festival contou com a fala de José Pereira, do Sindicato dos Químicos Unificados, que ressaltou a importância da parceria entre movimento social e sindical na promoção de ações como essa que envolvem diretamente os trabalhadores e as trabalhadoras. Na mesma linha, Eunice Pereira, da Direção Estadual do MST de São Paulo lembrou que é por meio da aliança entre trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade que vamos avançar na construção de outra sociedade, mais justa, ecológica e igualitária.

Também prestigiando o evento estiveram presentes o Deputado Estadual Simão Pedro (PT), a Deputada Federal Luiz Erundina (Psol) e a Vereadora de Campinas Paola Miguel (PT). Simão Pedro discursou apontando as iniciativas do seu mandato para transformar a agroecologia em política pública, através de um projeto de lei de incentivo à produção de alimentos livres de agrotóxicos. Erundina ressaltou a importância da classe trabalhadora unificada na construção de um projeto de país livre de desigualdades, da perda de direitos e que lute pela construção de mudanças estruturais na sociedade rumo ao socialismo.

O Festival também é uma forma de dialogar com a sociedade sobre a crise climática. A agroecologia é uma importante ferramenta para combater os problemas ambientais causados pelo agronegócio, mas para isso é necessário que tenhamos avanços concretos na Reforma Agrária Popular, é preciso que as terras públicas estejam nas mãos da classe trabalhadora para que ela alie produção de alimentos com conservação ambiental.

Com essa preocupação, Gilmar Mauro, da Coordenação Nacional do MST, apontou os desafios na luta pela terra e nos avanços concretos da Reforma Agrária Popular para fortalecer a produção de alimentos agroecológicos, a geração de renda e o enfrentamento à crise climática.

Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST.

O dirigente anunciou que o MST de São Paulo vai apresentar ao governo um projeto de arrecadação de terras públicas para assentar famílias de trabalhadores e trabalhadoras na perspectiva agroflorestal. A proposta consiste em arrecadar as terras griladas do Pontal do Paranapanema, interior do estado, em um grande projeto de reflorestamento onde as famílias, de forma organizada e coletiva, mobilizadas em torno da pauta da agroecologia, sejam promotoras do cuidado dos bens comuns convergindo trabalho, produção de alimentos, geração de renda e conservação dos recursos naturais.

“A luta contra a ordem do capital se colocou como uma necessidade imediata de todo o conjunto da classe trabalhadora. É por isso que o Movimento Sem Terra quer propor um debate chamando os sindicatos, o INPE, os cientistas, as Universidades, até o Papa se for preciso, para que os 500 mil hectares de terras devolutas do Pontal sejam reflorestados. Isso seria um assentamento de novo tipo, para cuidadores e cuidadoras da floresta. O objetivo é reflorestar e desenvolver agroflorestas. É um projeto de médio prazo e queremos essa semeadura para preservar o planeta para as futuras gerações. Esse é o projeto que queremos discutir, fazer um assentamento de novo tipo para que os jovens daqui de Campinas, de São Paulo e demais grandes cidades possam se interessar em ser um cuidador ou cuidadora da agrofloresta”, apontou o Gilmar Mauro.

Outro projeto que está sendo desenvolvido pelo MST em São Paulo, ressaltado pelo dirigente, são os Sacolões Populares, uma ideia de provocar o governo a criar políticas públicas para subsidiar alimentos agroecológicos produzidos nos assentamentos de Reforma Agrária para serem destinados à população que vive nas periferias. Essa é uma forma não só de combater a desnutrição, que atinge crianças e adolescentes, mas de promover formação da consciência com essa população por meio de diversas ferramentas, como cultura, arte, geração de renda, educação e outras.

O 4º Festival de Agroecologia, Ecoturismo e Economia Solidária ainda acontece amanhã, domingo, em Valinhos, com oficinas, feira, música e culinária da terra.

*Editado por Gustavo Marinho