Violência Policial
MST repudia ação violenta e ilegal da PM em Canoinhas/SC
Da Página do MST
O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) repudia e denuncia a operação das forças de segurança do governo do estado de Santa Catarina, que despejou no dia 21 de outubro aproximadamente 120 famílias que ocuparam área pertencente à União, localizada na entrada de acesso a Valinhos, em Canoinhas.
Na manhã do sábado (21), as famílias Sem Terra ocuparam a área para denunciar a existência de uma faixa de terras devolutas de 600 hectares, pertencentes à União e utilizada indevidamente de forma privada. Trata-se de uma luta antiga do Movimento Sem Terra para que ocorra a desapropriação e destinação para a política de Reforma Agrária.
Em poucas horas as famílias foram surpreendidas por uma ação de um grande efetivo da PM com mais de 150 policiais, aproximadamente 40 viaturas, oriundos dos municípios de Canoinhas, Porto União, Mafra, São Bento do Sul, Lages, Batalhão de Aviação de Lages (helicóptero).
Os presentes relataram inúmeras formas de violência. “A gente foi abordado, e já cutucado com arma e gritando”, colocaram “as armas na cabeça”, “eu tenho um ferimento na barriga com o cano de uma 12”, “me puxou pelo cabelo… me chutaram pra abrir as perna”, foi uma “humilhação, jogaram nossos documentos no chão”, “humilhação com as mulheres, nem crianças respeitaram”, “me algemaram”.
Um jovem de 14 anos foi algemado.
As famílias foram todas dispersadas, inclusive foram impedidas de se abrigarem em um assentamento vizinho, que ofereceu guarida para acolher as pessoas. Elas foram obrigadas a retornar imediatamente para seus locais de origem. Três pessoas foram presas e liberadas, ainda não há confirmação sobre a abertura de inquérito policial, mas os celulares e veículos continuam apreendidos.
O Movimento Sem Terra reforça que “Reforma Agrária é comida no prato”, que não parou e nem irá parar de lutar pelo direito a terra e para que a mesma seja destinada a produção de alimentos saudáveis. Em Santa Catarina são cerca de 6 mil famílias assentadas, mais de 20 mil pessoas em cerca de 75 mil hectares. Essas famílias não teriam onde morar se não fosse a luta por reforma agrária. Hoje organizaram cooperativas, contam com escolas desde o nível básico até o ensino superior em seus territórios.
Lutamos pelo direito de viver e produzir no campo. Não aceitamos qualquer forma de injustiça ou violência contra o povo.
Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST)
Chapecó (SC), 22 de outubro de 2023