Mulheres em Luta!

Mulheres do MST SE constroem mobilização pela organização de seus territórios

Coordenadora do setor de gênero do MST no estado, Gorete Ferreira relata que a organização das mulheres na produção de alimentos é central no empoderamento e autonomia das camponesas
Atividade com as mulheres Sem Terra, assentamento Rosa Luxembrugo, no Sergipe. Foto: Luiz Fernando/MST SE

Da Página do MST

Através de espaços organizados em grupos de mulheres, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de Sergipe realiza o fortalecimento das associações e cooperativas como alternativa para o empoderamento e autonomia da cadeia produtiva. Dentre as alternativas, estão a Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (ATER), pautada no desenvolvimento territorial rural sustentável, no fortalecimento da agricultura familiar, com a promoção da agroecologia e da segurança alimentar e nutricional, para os diferentes grupos existentes nas regiões do país e do estado.

Gorete Ferreira, coordenadora do setor de gênero do MST no Sergipe, explica que os grupos de mulheres Sem Terra estão se organizando em todo o estado em torno da produção de alimentos. “A gente está organizada em grupos de mulheres por todo o estado, em cooperativas e associações, com grupos organizados em cada cadeia produtiva. Nas reuniões, sempre discutimos o empoderamento das mulheres na sua comunidade, para que ela tenha a sua liberdade financeira e com essa liberdade, tenha coragem de denunciar qualquer tipo de violência ou preconceito que ela esteja passando ou sofrendo”.

A coordenadora relata que no sertão sergipano, a partir do setor de gênero, o Movimento está organizando cerca de 465 mulheres, com grupos que variam entre 20 e 30 camponesas com objetivo de discutir sobre o protagonismo da mulher agricultura e sua importância no movimento social.

Com o avanço das tratativas acerca das políticas públicas que versam sobre a Reforma Agrária e a Agricultura Familiar, através dessas perspectivas de melhorias, as mulheres buscam trabalhar as especificidades de cada grupo e região sergipana, com o intuito de fortalecer a produção local e expandir nacionalmente os produtos oriundos das famílias assentadas.

Segundo Rosa Oliveira, da coordenação estadual do MST SE, as cooperativas e as associações são instrumentos importantes para a comercialização da produção organizada pelas mulheres.

“Aqui acreditamos na possibilidade de, através desses espaços, também dar visibilidade e reconhecimento para o fazer das mulheres e, consequentemente, construir arranjos que melhorem a renda, a autonomia, a situação econômica das mesmas. Discutimos a importância da mulher na agricultura camponesa, da emancipação feminina, da organização das mulheres Sem Terra, da produção de cada região, sobre a unidade, o fortalecimento das experiências organizativas e produtivas em andamento e os projetos e experiências que ainda estão em gestação. Essa troca é fundamental para o fortalecimento de nosso movimento”, afirma.

A iniciativa das mulheres do MST no estado tem alcançado não somente as zonas rurais, como também as zonas periurbanas, a exemplo do município de Nossa Senhora da Glória, no sertão sergipano, através dos assentamentos Zé Emílio, Luiz Beltrano e Adão Preto, trabalhando as especificidades de cada área. Nesse territórios as mulheres trabalham como o ofício das costureiras, da produção leiteira, entre outros, porém, o Movimento conta somente com o apoio de alguns municípios e do governo federal, como relata Cleosvalda Góes, assentada de Reforma Agrária e da Direção Nacional do MST, que vive no assentamento Adão Preto.

“Em cada área tem as especificidades, cada uma trabalha com grupos diferenciados. Além disso, buscamos parcerias com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para fortalecer essa cadeia e buscarmos alternativas de como trabalhar para fortalecer os grupos de mulheres da região.”

A assentada aponta que até o momento o governo do estado não se posicionou sobre o atendimento à pauta dos movimentos sociais do campo e da agricultura familiar, mas que há possibilidades junto ao governo federal. “Esperamos poder dialogar, mas ainda não tivemos esse contato. Mas, em âmbito federal, as coisas tendem a melhorar, porque foram quatro anos bem difíceis, com pandemia, e todas nós estamos com expectativas que através da participação coletiva, haverá melhoria dentro da região, dentro do município”, concluiu.

*Editado por Solange Engelmann