Rio Grande do Sul

Assentados se manifestam devido a perda da produção de arroz agroecológico no RS

Com prejuízo de até 100% da produção agroecológica na região, manifestantes pedem soluções ao governo

Ação ocorre em Nova Santa Rita e em Eldorado do Sul. Foto: Sandra Rodrigues

Da Página do MST

Famílias assentadas em Nova Santa Rita, Eldorado do Sul e Viamão, atingidos pelas enchentes do Rio Jacuí, vão para as margens das BRs na manhã desta quarta-feira (29). O objetivo é dialogar com a sociedade e expor a grande perda na produção agroecológica da região. As famílias pedem ações do governo do estado e federal para amenizar os impactos das inundações. A ideia é reunir ao menos 200 pessoas em cada cidade.

Em Viamão, a manifestação será na entrada do Assentamento Filhos de Sepé. Em Nova Santa Rita, na BR 386, assentamento Santa Rita de Cássia 2, e em Eldorado do Sul, na BR 290, entrada do assentamento Lanceiros Negros.

Os assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesses municípios foram afetados pelas enchentes que atingiram diretamente mais de 3500 hectares de arroz. A região concentra a maior área plantada de arroz orgânico da América Latina.

Protesto na BR 290, em Eldorado do Sul (RS). Foto: Sandra Rodrigues

Em alguns locais, a perda da lavoura de arroz chegou a ser de 100%, de acordo com os representantes do movimento, o que tem causado diversos prejuízos aos agricultores. Em Eldorado houve perda de 100% das verduras. O tomate orgânico produzido em Viamão teve perda de mais de 70%. Segundo eles, no município de Eldorado do Sul, mais de 2,7 mil famílias tiveram que sair de suas casas. Os laudos apresentados pela Emater apontam que as perdas são imensuráveis.

Além disso, os agricultores têm enfrentado uma estiagem prolongada nos últimos três anos com diversos estragos na cadeia produtiva do leite, arroz e feijão. Alagaram boa parte da base social dos assentamentos do MST, em Eldorado do Sul (RS). Atingiu as casas, as hortas, a criação de pequenos animais das famílias e a produção de arroz.

O MST está solicitando a todos os órgãos, tanto em nível federal como estadual, ajuda para conseguir manter o Projeto de Produção de Arroz Orgânico e as hortas das famílias atingidas. “A transição agroecológica é um processo que acompanha a nossa história, desenvolvida em torno das relações que constituímos com a natureza”, destaca o Sem Terra Marildo Mulinari, conhecido como Tubiano.

O movimento está pedindo medidas estruturantes que atendam a demanda de produção de forma urgente, como a renegociação das dívidas de todos os agricultores atingidos; investimento através do Plano Camponês; crédito emergencial de R$ 15 mil por família para aquisição de equipamentos e utensílios de produção; linha de Recurso Emergencial com subsídio dos governos federal e estadual; e infraestrutura de estradas além de barragens.

Foto: Samuel Riedel

Visita do ministro Paulo Pimenta

Após reunião nesta última terça-feira (28) do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, com representantes do MST, de cooperativas ligadas ao movimento e da Prefeitura de Nova Santa Rita, ele agendou uma visita ao estado nesta quarta e quinta-feiras.

Durante a quarta-feira, o ministro Pimenta acompanha a situação das cidades de Montenegro e Eldorado do Sul. Nos dois municípios, vai se reunir com prefeitos e visitar as áreas mais afetadas.

Na quinta-feira, Pimenta terá um encontro com prefeitos na sede da Famurs em Porto Alegre. Onde apresenta as ações do governo Lula para os municípios gaúchos.