Despejo

Há 6 anos, o acampamento Marcelino Chiarello sofria despejo em Santa Catarina

Aniversário marcado por resistência: 180 famílias eram despejadas do acampamento Marcelino Chiarello
Sem Terrinha do acampamento Chiarello, em julho de 2023 Foto: Janaina dos Santos 

Por Janaína dos Santos
Da Página do MST

Assim que amanheceu o dia, um contingente de 200 policiais da tropa de choque, helicópteros e dezenas de viaturas dirigiram-se ao acampamento Marcelino Chiarello, localizado no oeste do estado em Xanxerê, e, com ordem judicial, despejaram cerca de 180 famílias.

O acampamento Marcelino Chiarello teve sua origem em Chapecó, na Floresta Nacional, sendo ocupado em 4 de junho de 2016, e trouxe à tona o debate sobre a plantação de pinus americano em uma área destinada originalmente à preservação da mata nativa. Após diversas negociações e remoções, as famílias se estabeleceram em Xanxerê, na Fazenda Prezotto, Gleba Chapecózinho 1, cuja posse é considerada irregular perante a justiça. Fruto de uma desapropriação de dívidas com a União, o terreno já foi destinado à reforma agrária em 1983, porém permanecia sob posse da empresa Sementes Prezzotto.

A desocupação do acampamento ocorreu um dia após o aniversário da morte do vereador Marcelino Chiarello, que deu nome ao acampamento. Marcelino era vereador em Chapecó e foi encontrado morto em sua casa em 2011. A morte foi oficialmente declarada como suicídio pela justiça, porém amigos e líderes da região questionam até hoje a falta de uma investigação aprofundada sobre o caso. Marcelino, professor estadual, estava se preparando para denunciar casos de corrupção envolvendo grandes empresários e políticos do oeste catarinense.

Acampamento Marcelino Chiarello, Julho de 2023. Foto: Janaina dos Santos

Após o despejo, sem ter para onde ir, as famílias encontraram abrigo no Ginásio de Esportes de Faxinal dos Guedes, e, 30 dias depois, se realocaram para uma área provisória de cerca de 01 hectares, cedida pela Igreja, na comunidade da linha São Lourenço, onde residem até hoje. As famílias aguardam uma resposta e denunciam o descaso e o sofrimento, afirmando que “todos os anos, durante o período de plantio, aqueles que se dizem proprietários da terra despejam veneno próximo às residências e fontes de água”. O MST continua a denunciar a área grilada.

As famílias resistem embaixo da lona preta, cultivando o sonho da terra para produzir alimentos e viver com dignidade, fica evidente que a luta pela reforma agrária é urgente e necessária!

Confira algumas fotos:

Despejo no acampamento Marcelino Chiarello Foto: Juliana Adriano
Despejo no acampamento Marcelino Chiarello Foto: Juliana Adriano
Despejo no acampamento Marcelino Chiarello Foto: Juliana Adriano
Despejo no acampamento Marcelino Chiarello Foto: Juliana Adriano

*Editado por Fernanda Alcântara