Terra, Arte e Pão

Em Natal, Festival do MST reúne cerca de 30 mil pessoas

O festival aconteceu de 30 de novembro a 2 de dezembro, compondo a programação da I Feira Potiguar da Agricultura Familiar e Economia Solidária, contando com alta adesão do povo potiguar em defesa da terra, da arte e do pão.
Foto: Sofia Isbelo 

Por Coletivo de Comunicação do MST RN

O último fim de semana de novembro foi marcado por uma celebração única no calendário cultural do Rio Grande do Norte: o Festival do MST: por Terra, Arte e Pão – um evento que vai além da música, trazendo consigo a essência da luta pela Reforma Agrária Popular, por uma alimentação saudável e pelo fortalecimento da agricultura familiar camponesa. Com a participação ativa de cerca de 30 mil pessoas, o festival se tornou um verdadeiro marco na vida cultural de Natal.

Ao longo dos dias 30 de novembro a 02 de dezembro, ocupando o Centro Administrativo do Rio Grande do Norte e refletindo não apenas um interesse musical, mas um vínculo significativo com as bandeiras defendidas pelo MST. O povo potiguar compareceu em peso, mostrando seu apoio à luta pela terra, pela arte e por alimentos saudáveis. 

Um dos grandes momentos do evento foi a comercialização dos produtos da agricultura familiar camponesa, que realizou na I Feira Potiguar da Agricultura Familiar e Economia Solidária, paralelo ao Festival de Música do MST. Essa iniciativa do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF), não apenas proporcionou uma oportunidade de renda direta aos produtores, mas também permitiu que os visitantes levassem para casa alimentos frescos, saudáveis e produzidos de maneira sustentável pelos assentados da reforma agrária das diversas regiões do estado.

Foto: Wirenilza Lima 

Além das atrações musicais, o evento promoveu mesas de debates, onde pesquisadores, movimentos sociais e setor público compartilharam ideias e discutiram questões cruciais relacionadas à reforma agrária, soberania alimentar, desenvolvimento rural e justiça social. Esses diálogos foram fundamentais para estimular a reflexão e promover a conscientização sobre as bandeiras defendidas pelo MST e estimular relações mais harmoniosas com a natureza.

O Festival também foi palco do lançamento do livro de Karina Buhr, multiartista pernambucana que também se apresentou. Sua obra, permeada por reflexões sobre a importância da cultura e do engajamento político, enriqueceu ainda mais o ambiente do evento.

“Minha relação com o MST é de admiração e de acompanhar desde sempre, desde muito tempo. Em Recife e em todo lugar que eu vou, na verdade. Então é maravilhoso trazer o livro para lançar aqui, acho muito especial. Para mim é isso, é o que diz o título, por Terra, Arte e Pão, porque é tudo junto mesmo, a reforma agrária é o ponto zero”, disse a artista.

O palco do Festival de Música do MST recebeu mais de 15 atrações musicais, oferecendo uma variedade de estilos que iam do tradicional ao contemporâneo. O público natalense teve a oportunidade de vivenciar apresentações cativantes, repletas de energia e mensagens de resistência.

“Eu costumo dizer que a reforma agrária não é um problema, é a solução. Um artista não pode se omitir da vida e das dificuldades do país. Direito de escolher lado, todo mundo tem, mas o artista tem por obrigação reconhecer o lado que leva ao social. Não pode achar que o público é apenas número na frente do palco para ele fazer sucesso e ganhar dinheiro. A arte não foi feita só para fazer negócio. Quem faz negócio com a arte não faz arte, faz negócio. E eu como compositor, acho que a pessoa tem a obrigação de, quando escrever uma canção, pensar também na forma que o recado dessa canção pode ajudar as pessoas a chegar em uma reflexão”, afirmou Odair José, que se apresentou no sábado 2. 

Foto: Sofia Isbelo 

Além de Karina Burh e Odair José, outros nomes passaram pelo festival, como, Cátia de França, a banda Nação Zumbi e Santanna, O cantador e diversos artistas potiguares que já firmam uma parceria histórica com o movimento, a exemplo da multiartista Tiquinha Rodrigues, que trouxe seu Projeto Mulheres da Terra, com participação da paraibana Luana Flores e da pernambucana Isaar. Foi uma programação ampla e plural, elogiada pelo público por ser diversa e agradar todo tipo de público. Os artistas defendem não só a Reforma Agrária Popular, a produção de alimentos saudáveis e como também o fortalecimento da cultura popular nordestina.

“Eu sou de origem rural, então estes momentos de diálogo são essenciais para que a população conheça a verdadeira causa, ela não pode ficar só a mercê da mídia. Precisa que haja esse encontro com o povo, essa abertura, porque cada um é formador de opinião. A tecnologia não alimenta ninguém não, o ser humano não vive sem comer e nem beber, é preciso que todos deem as mãos para que as coisas aconteçam”, destacou Santanna.

O sucesso do Festival de Música do MST não seria possível sem o engajamento e apoio do povo potiguar. O evento reflete a força do trabalho coletivo em prol da Reforma Agrária Popular e de uma sociedade mais justa e igualitária. O MST expressa profunda gratidão a todos que contribuíram para tornar esse Festival uma celebração tão grandiosa.

O Festival de Música do MST: Por Terra, Arte e Pão não é apenas um evento musical, mas uma expressão viva da resistência, cultura e luta por um futuro melhor. Natal foi palco de um encontro que transcendeu as fronteiras da música, conectando corações e mentes em prol de causas fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. O MST do Rio Grande do Norte agradece a todos os envolvidos por tornarem esse festival verdadeiramente inesquecível.

*Editado por João Carlos