Nove Mortos

MST recebe comitiva nacional de negociação após tragédia em acampamento no Pará

Em reunião, representantes do Movimento nacional e de governos apontaram medidas emergenciais
‘Precisamos sair daqui com a resolução de um espaço de acampamento viável para a manutenção das famílias’, cobrou o dirigente estadual do MST do Pará, Jorge Neri. Foto: Mariana Castro

Por Mariana Castro
Do Brasil de Fato | Parauapebas (PA)

A direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) recebeu representantes de órgãos e dos governos local, estadual e federal para a discussão de soluções imediatas em relação à indefinição a que seguem submetidas mais de mil famílias do acampamento Terra e Liberdade, na cidade de Parauapebas (PA).

A reunião aconteceu após a morte de nove pessoas ocorrida no acampamento neste sábado (9), quando um curto-circuito ocorrido durante a instalação de uma antena de internet, que se chocou com fios de alta tensão. Diversas entidades encaminharam moções de solidariedade às famílias enlutadas e reforçam a urgência em assentar as famílias.

Em clima de emergência e luto, parte da militância do movimento se dedicou aos velórios, que aconteciam em diversos pontos da região, prestando solidariedade e acolhimento às famílias. De outro lado, no Assentamento Palmares II, próximo ao local do acampamento, a comitiva se dedicou a pautas reivindicatórias, a fim de garantir segurança às famílias que seguem sob risco de novos acidentes, como explica Giselda Coelho, da direção estadual do MST.

“Agradecemos a solidariedade de todos os parceiros, mas acompanhada dela, precisamos de ação urgente. A situação que viram no acampamento é de um risco iminente de outras possíveis tragédias e as famílias estão sob risco constante. Elas estão no limite de uma estrada de ferro, sem as condições necessárias para permanecerem acampadas“, pontua.

O tom da reunião foi a cobrança de que os representantes de governo apontassem, de maneira prática e urgente, medidas que possam garantir direitos básicos necessários às famílias, como acesso à água potável e infraestrutura, mas acima de tudo, a garantia de assentamento.

“Nós precisamos sair daqui com uma resolução de um espaço de acampamento viável para a manutenção das famílias e essa não é uma tarefa nossa, é uma tarefa dos governos estadual e federal”, cobrou o dirigente estadual do MST do Pará, Jorge Neri. 

O coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues, também reforçou a importância de ações práticas, apontando a necessidade de reforma agrária em todo o país. 

“Dar uma saída para essa situação é parte da solidariedade que temos recebido diante dessa tragédia. O resultado dessa solidariedade não é apenas o que vamos dizer para o Pará, mas a todas as famílias sem-terra do Brasil. O nosso movimento está de luto, mas se sente abraçado por todas as organizações”.

A pedido do presidente Lula, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, apresentou ao movimento cinco diretrizes de ações que serão encaminhadas a partir desta segunda pelo governo federal. Entre eles está um levantamento de áreas públicas destinadas à reforma agrária na região. 

“Nós assumimos essa demanda como nossa e estamos pedindo apoio para todos que puderem ajudar. Vamos fazer um levantamento de áreas públicas que possam ser destinadas à finalidade de assentar essas famílias. Estamos cadastrando essas famílias e ao mesmo tempo vamos dar toda a infraestrutura para elas e estamos buscando uma alternativa de mudança daquele assentamento, que estamos considerando inadequado, para um lugar melhor”, explicou Teixeira.

Edição: Thalita Pires