Homenagem

20 anos de memória viva de Eduardo Coutinho

A Brigada Audiovisual Eduardo Coutinho do MST presta homenagem a esse ícone do cinema brasileiro, genial em sua forma de documentar a realidade brasileira
Eduardo Coutinho. Foto: Reprodução

Por Yuri Gringo
Da Página do MST

Nesta sexta-feira, dia 2 de fevereiro, relembramos Eduardo Coutinho, renomado cineasta brasileiro cujo legado permanece imortalizado nas telas do cinema e da televisão. Coutinho foi genial em sua forma de documentar a realidade brasileira, utilizando uma abordagem direta entre a câmera e o que se filma, que lhe conferiu um lugar distinto na história do cinema nacional. A aproximação com o outro, o amor pela possibilidade do encontro, o cotidiano, para Coutinho, revelava a verdade profunda do país.

Nascido em 7 de maio de 1933, Coutinho iniciou sua carreira no cinema como assistente de direção e roteirista. Contudo, foi nos documentários que ele encontrou sua verdadeira vocação e deixou uma marca inapagável. Seu trabalho notável inclui obras como “Cabra Marcado para Morrer” (1985) e “Peões” (2004). “Seja nas lutas camponesas, na voz de um coronel do sertão, em um lixão a céu aberto, em um morro do Rio de Janeiro, com sindicalistas das greves dos anos 1980 ou em conversas com adolescentes de ensino médio, Coutinho, sempre aberto ao encontro sem buscar confirmar teses, foi revelando identidades, culturas, lutas e memórias nacionais, forjando assim um caminho de cinema genuíno que não busca a cópia alienante”, afirma Marco Escrivão, em matéria para a página do MST, intitulada “Brasil, cinema e Eduardo Coutinho: 121 anos de cinema nacional”.

Foto: Reprodução

Em “Cabra Marcado para Morrer”, Coutinho narra a história do líder camponês, João Pedro Teixeira, assassinado durante a ditadura militar, recriando o filme interrompido pela censura anos antes. Essa obra tornou-se um ícone do cinema brasileiro e é reconhecida internacionalmente como uma obra-prima do gênero. “Peões”, por sua vez, mergulha no universo operário, destacando as vozes e as perspectivas dos trabalhadores. Ainda com “Cabra Marcado para Morrer”, Coutinho tira do exílio político Elizabeth Teixeira, que desde 1964 vivia na clandestinidade.

Brigada Audiovisual Eduardo Coutinho do MST

A Brigada Audiovisual Eduardo Coutinho (BAEC) do MST presta homenagem a esse ícone do cinema brasileiro ao levar seu nome. O vínculo entre Eduardo Coutinho e o MST é profundo e vai além do reconhecimento de seu talento cinematográfico. Coutinho, com sua sensibilidade única, capturou as vozes dos marginalizados, destacando as lutas e as realidades do povo brasileiro. Essa abordagem ressoa de maneira especial com a missão do MST, que busca dar visibilidade à luta pela terra e à realidade dos trabalhadores rurais.

“Eduardo Coutinho, (…) se tornou uma importante fonte de inspiração para os militantes ligados à produção audiovisual, especialmente com os títulos ‘Cabra Marcado para Morrer’ e ‘Peões’. Ambas as obras foram e continuam sendo exibidas pelo Movimento, ocupando um espaço especial enquanto material didático e referência estética para futuros iniciados no audiovisual”, aponta Leonardo Gonçalves da Silva, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Multimeios do Instituto de Artes/Unicamp.

A decisão de nomear a brigada audiovisual em homenagem a Eduardo Coutinho reflete a admiração do MST por seu compromisso com a verdade e a justiça social. Ao incorporar o nome do cineasta em sua brigada, o MST não apenas presta uma homenagem póstuma, mas também reconhece a importância de preservar e continuar a narrativa autêntica que Coutinho defendia e produzia. A homenagem a Eduardo Coutinho é, portanto, uma manifestação do compromisso do MST com a preservação da memória, a justiça social e a autenticidade na representação audiovisual.

Você também pode assistir as principais produções audiovisuais produzidas pela BAEC, na Playlist do YouTube “Cinema na Terra: MST 40 ANOS”.

Saiba Mais:

Panorama da produção audiovisual do MST: A produção audiovisual camponesa no Brasil cruza com a história da luta pela terra

Brasil, cinema e Eduardo Coutinho: 121 anos de cinema nacional. Artigo relaciona a conjuntura do país e a obra de Eduardo Coutinho, no marco do dia do cinema nacional, 19 de junho.

*Editado por Solange Engelmann