Meio Ambiente

Estudo afirma que o colapso da floresta amazônica pode se tornar irreversível até 2050

“Nosso estudo mostra que, devido a esses distúrbios sobrepostos, até 47% da Amazônia pode estar caminhando para um ponto crítico nos próximos 25 anos”
Desmatamento em Rondônia. Foto: Bruno Kelly – Amazônia Real

Do Mídia Ninja

A maior floresta tropical do mundo está em perigo iminente. Um estudo conduzido por cientistas brasileiros e destacado na capa da revista “Nature” lança um alerta crucial: a Amazônia pode estar à beira de um colapso irreversível até 2050. No entanto, além do desmatamento, o estudo revela uma série de fatores interligados que ameaçam empurrar a Amazônia para além do “ponto de não retorno”.

O desmatamento sempre foi o foco das preocupações ambientais na Amazônia, mas os resultados desse estudo indicam que o problema vai muito além. O aumento das temperaturas, secas extremas e incêndios estão desempenhando um papel fundamental na desestabilização desse ecossistema vital.

Bernardo Flores, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que liderou a pesquisa, ressalta que mesmo uma pequena parcela de desmatamento adicional, somada à área já degradada, pode ser suficiente para desencadear uma mudança catastrófica na floresta.

“Nosso estudo mostra que, devido a esses distúrbios sobrepostos, até 47% da Amazônia pode estar caminhando para um ponto crítico nos próximos 25 anos”, diz Flores. Isso significa que quase metade da floresta pode perder sua capacidade de se recuperar totalmente.

Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real

Além das consequências ambientais, o colapso da Amazônia teria repercussões devastadoras para milhões de pessoas que dependem dela para sua subsistência. Comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas enfrentariam uma crise humanitária sem precedentes.

Um aspecto-chave destacado pelo estudo é a estreita relação entre a floresta e o ciclo hidrológico regional. A Amazônia atua como uma bomba de água natural, reciclando a umidade e regulando o clima em toda a região. No entanto, à medida que a floresta é destruída, esse processo é comprometido, levando a mais secas e desmatamento em um ciclo de retroalimentação perigoso.

O estudo identifica uma série de “limites seguros” que, se ultrapassados, poderiam levar a Amazônia ao ponto de não retorno. Esses limites incluem não apenas o desmatamento, mas também o aumento das temperaturas globais e a redução do volume de chuvas.

Carlos Nobre, coautor do estudo e renomado climatologista brasileiro, destaca a necessidade urgente de ação. “O tempo está se esgotando. Precisamos agir agora para evitar uma catástrofe ambiental irreversível”, afirma Nobre.