Jornada das Mulheres

Comissão de mulheres Sem Terra se reúne com superintendente do Incra no RS

Ato unificado foi transferido para o dia 14 de março, devido à chuva em Porto Alegre
Foto: Katia Marko

Por Katia Marko
Da Página do MST

A Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra 2024, em Porto Alegre iniciou na manhã desta sexta-feira, 8 de Março, com uma agenda com o superintendente do Incra no Rio Grande do Sul, Nelson Grasseli. Uma delegação das mulheres assentadas e acampadas conversaram durante 3 horas com a equipe do Instituto sobre a pauta de reivindicações do movimento.

Assentamento emergencial para as cerca de 800 famílias acampadas, cestas básicas para as famílias acampadas no RS, cronograma de vistoria de áreas para futuros assentamentos, Pronaf Mulher, inclusão dos pagamentos e vencimentos de programas como Fomento Mulheres, em processos de anistia de dívidas, dentro da justificativa de Emergência climática no RS foram alguns dos temas tratados.

Na avaliação da comissão, mais do que nunca é preciso fortalecer o Incra, exigindo do governo federal orçamento para a superintendência estadual. “A nossa pauta já está amarelada e a resposta que tivemos é que na medida do possível algumas coisas estão andando, mas que falta orçamento e servidores para o Incra trabalhar como deveria”, afirmaram as mulheres.

Foto: Katia Marko

As ações programadas para acontecer durante à tarde foram transferidas devido ao tempo chuvoso. A nova data escolhida para a mobilização unitária nas ruas da capital gaúcha é a próxima quinta-feira (14), dia em que completam seis anos do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Eram esperadas cerca de 400 mulheres Sem Terra do estado.

Confira o Manifesto das mulheres Sem Terra do RS

Há alguns anos vivemos um completo desequilíbrio ambiental, com secas severas, enchentes catastróficas, aquecimento global, ciclones e queimadas.

Estes impactos estão diretamente ligados à produção de alimentos, e em especial à proteção dos Biomas, cada vez mais ameaçados pelas constantes catástrofes. 

A monocultura e o uso desregulado de agrotóxicos são os principais componentes desta junção de descaso do poder público, violências permanentes das grandes corporações nas reconstruções dos ecossistemas ano após ano. 

A cada 10 eventos climáticos provocados por La Nina ou El Nino, quatro ocorreram no RS. Enquanto isso as elites não sofrem prejuízos, deixando ainda mais vulneráveis as classes populares, do campo e da cidade.

Os impactos das mudanças climáticas se evidenciam cada vez mais na carestia da vida, na dificuldade de produzir alimentos saudáveis e nas ações criminosas e violentas do agronegócio e seus cúmplices contra toda a natureza.

Neste 8 de Março viemos à capital debater com a sociedade esses temas essenciais para a geração da vida, da natureza, da produção de alimentos saudáveis.

Trazemos também a questão da privatização da CEEE Equatorial, ocorrida em 2021 pelo governador Eduardo Leite, que tem evitado se pronunciar e atender as demandas da população, sem respostas, nem ações concretas. Foram as comunidades que se organizaram para socorrer suas necessidades e reparos. Saúde, transporte público, telefonia também foram setores diretamente atingidos. 

Com a urgência desta pauta reivindicamos que o governador Eduardo Leite coloque o RS como Estado de emergência climática permanente e que desprivatize a CEEE.

*Editado por Solange Engelmann