Mulheres em Luta!

Mulheres do MST no RN ocupam INCRA em defesa da Reforma Agrária e dos seus territórios 

A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra que denuncia o congelamento do orçamento para a Reforma Agrária no país
Cerca de 400 mulheres camponesas do MST, de diversas regiões do estado deram início à Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra em Natal. Foto: Morgana Souza 

Por Coletivo de Comunicação do MST no RN
Da Página do MST

Nesta quinta-feira (07), cerca de 400 mulheres camponesas do MST, de vindas de acampamentos e assentamentos de diversas regiões do Rio Grande do Norte, deram início a Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra em Natal, marcando o início das atividades na semana do 8 de março.

Sob o lema “Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”, as mulheres seguiram em marcha pelo centro da capital e ocuparam a sede estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra 2024, que abrange todas as grandes regiões do Brasil, unindo mobilizações e atos, tanto no campo quanto na cidade.

A ocupação visa denunciar veementemente a paralisação do orçamento destinado à reforma agrária no país, cobra o fortalecimento das políticas públicas para a juventude do campo, educação no campo, com a ampliação do orçamento para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) e crédito fundiário para as famílias.

Foto: Morgana Souza 

As camponesas também reivindicam a realização imediata da Reforma Agrária e a demarcação de territórios indígenas e quilombolas, garantindo a integridade das comunidades que protegem o campo, as águas e as florestas.

A concentração ocorreu em frente ao campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) do bairro Tirol e seguiu em marcha pela avenida Nevaldo Rocha até a sede do INCRA no Rio Grande do Norte. Com uma faixa que questiona “Lula, cadê a reforma agrária?”, a caminhada simboliza a força das mulheres na busca por melhores condições de vida para a produção de alimentos saudáveis nas áreas de Reforma Agrária do MST.

Foto: Morgana Souza 

As manifestações em todo o território nacional são uma resposta às violências estruturais do sistema capitalista, que impactam diretamente a vida das mulheres por meio da instituição do patriarcado, do racismo e da LGBTQI+fobia. Além disso, as mulheres protestaram contra as diversas violações, incluindo as desigualdades sociais, a fome e a pobreza, geradas pela mercantilização da vida, dos bens comuns e da natureza, destacando especialmente o congelamento dos recursos para a reforma agrária no país.

A denúncia das camponesas centraliza-se na paralisação da Reforma Agrária, que não avança desde 2018, durante os governos de Temer e Bolsonaro, e no sucateamento das políticas para a agricultura familiar.

Segundo Williana Soares, da direção nacional do MST, o Rio Grande do Norte abriga cerca de 22 mil famílias assentadas e 5 mil famílias acampadas, distribuídas em todas as regiões do estado. “A ação aponta ainda a omissão e conivência do Governo Federal na não demarcação de territórios de povos originários e tradicionais, privando-os de permanecerem nesses locais”, afirma Williana.

Foto: Erick Attos 

As mulheres Sem Terra se reuniram com o superintendente do INCRA em Natal, com o superintendente do INCRA, Lucenilson Ângelo; Fernandes, chefe da divisão de desenvolvimento do INCRA; Caterine Oliveira, chefe de gabinete do INCRA, Francisco Erivan, Superintendente substituto; Ailton, chefe de obtenção e Dário, coordenador estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em que foi apresentada uma pauta de reivindicação pelas mulheres do MST e definidos alguns encaminhamentos, como calendário de reuniões em prol do atendimento das demandas apresentadas pelas camponesas do estado.

Nesse intuito, as camponesas seguem na sede do órgão, em um acampamento com uma programação também formativa, e em preparação para as lutas e ações deste 8 de março que ocorrem conjuntamente com as mulheres do campo unitário, do campo e da cidade.

*Editado por Solange Engelmann