Mulher Sem Terra

Polícia de Zema cerca acampamento de mulheres do MST e impede entrada de suprimentos

Sem ordem judicial para despejo, Polícia de Minas Gerais tem impedido a entrada de suprimentos no acampamento da fazenda Aroeiras, ocupada durante o 8M.
Foto: Flora Vilela

Da Página do MST

No segundo dia de ocupação da fazenda Aroeiras, em Lagoa Santa (MG), as mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de Minas Gerais denunciam o cerco policial ilegal contra as acampadas, impedindo a entrada de suprimentos.

O MST reforça que não existe nenhum pedido de reintegração de posse por parte da família que reivindica a propriedade do terreno, e que algumas das herdeiras já manifestaram interesse em negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a venda do imóvel. Por sua parte, a superintendente do Incra em MG afirmou estar disposta a apresentar uma proposta para a destinação da área para fins de reforma agrária.

De acordo com Sílvio Netto, da direção nacional do MST em MG, não faz sentido que o governo de Minas utilize seu aparato contra o grupo de mulheres acampadas.

“O governador Romeu Zema precisa entender que a ocupação de terras é um direito do povo que luta para que a Constituição brasileira seja cumprida. Portanto, é desumano colocar a tropa para reprimir essas pessoas e impedir que elas tenham o mínimo que precisam. Chega de desgoverno Zema”.

Desde ontem, um forte contingente de policiais militares faz um cerco ao acampamento, impedindo a entrada e saída de pessoas do local. Na manhã deste sábado, foi permitida a entrada de água e medicamentos. No entanto, o movimento reivindica a entrada de outros suprimentos para garantir o bem estar das famílias acampadas, como lonas para a proteção do sol e da chuva e não dormir ao relento e gás para o preparo da alimentação.

A fazenda Aroeiras

A área da fazenda Aroeiras é uma herança familiar, disputada por oito herdeiros. Duas mulheres, membros da família, estiveram na sexta-feira (8) e se mostraram dispostas ao diálogo. Segundo elas, em mais de 20 anos nunca foi feita a regularização do imóvel, nem acordo de partilha e que o imóvel está abandonado há pelo menos sete anos.

A fazenda está localizada em uma área de avanço da especulação imobiliária, o que tem resultado em danos visíveis ao meio ambiente do entorno, como a derrubada de mata e o comprometimento dos recursos hídricos.

Campanha de solidariedade

O MST fez um chamado para que apoiadores, artistas, parlamentares e a população em geral manifeste solidariedade ao movimento e colabore com a doação de alimentos e recursos para a continuidade da ação.

É esperada, na tarde deste sábado, a presença de apoiadores no acampamento. Ainda hoje, às 20h, será realizado um ato político no Armazém do Campo, em Belo Horizonte.

*Editado por Leonardo Correia