Agro Mata

Mais de 30% dos moradores do Sudeste do MS registram contaminação por agrotóxicos ou metais pesados

Resultados revelaram que 38% das pessoas comprovaram que testaram positivo para algum produto químico ou metal, com casos em que múltiplos compostos estavam presentes
Foto: Reprodução/Nexo Jornal

Do Nexo Jornal

Pesquisadores de uma equipe multidisciplinar divulgaram resultados alarmantes no último mês de fevereiro: uma parcela dos moradores do sudeste do Mato Grosso do Sul está contaminada com agrotóxicos e metais pesados, provenientes das grandes monoculturas presentes na região. Essa descoberta crucial só foi possível graças ao alerta dado por um indicador ambiental: as antas locais.

O estudo, liderado por pesquisadores da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), um projeto do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), investigou a presença de 25 tipos de agrotóxicos e novos metais em moradores das cidades de Nova Alvorada do Sul e Nova Andradina. Os resultados revelaram que 38% das pessoas comprovaram que testaram positivo para algum produto químico ou metal, com casos em que múltiplos compostos estavam presentes.

Em entrevista ao Nexo Jornal, Patrícia Medici, coordenadora do INCAB-IPÊ, explicou que as antas desempenham um papel crucial como “espécie sentinela”, capaz de detectar riscos ambientais não apenas para si mesmas, mas também para outras espécies, incluindo os seres humanos.

“A presença dessas substâncias nas antas nos alerta para a preocupação com a saúde das comunidades que habitam a região onde os animais foram encontrados, uma área marcada pela presença extensiva de monoculturas de cana-de-açúcar, soja, milho, algodão e pela criação de gado”, afirmou a pesquisadora.

A exposição a altas concentrações de herbicidas pode resultar em uma série de problemas de saúde, incluindo prurido e lesões na pele, disfunção hepática e renal, mal-estar, náuseas, vômitos, diarreia, tremores, alterações de humor, perda de memória e insônia , entre outros sintomas.

Patrícia Medici expressou a esperança de que os resultados dessa pesquisa possam iniciar um diálogo com autoridades governamentais, laboratórios e empresas do agronegócio envolvidas na cadeia de utilização de agrotóxicos no país, promovendo medidas que protejam a saúde pública e o meio ambiente.