Premiação

Militante do MST na Bahia recebe prêmio literário em Genebra, Suíça

Itamiles se define como mulher negra, camponesa, poetisa, filha de pai quilombola da comunidade Ronco e Abóbora e de mãe assentada da Reforma Agrária, é residente do assentamento Bom Jesus, em Igrapiúna, BA
Itamiles Santos Nascimento (à esquerda) na premiação. Foto: Arquivo pessoal

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

A militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST na Bahia, Itamiles Santos Nascimento, recebeu o 8º Prêmio Talentos Helvético-Brasileiros, pelo livro “Desaguar: Poesias, lamentos e rebeldia”, em cerimônia do Salão do Livro de Genebra, na Suíça, que aconteceu no dia 06 de março, na International School of Geneva, considerada uma das mais antigas escolas internacionais do mundo.

O livro foi lançado em 2022, por meio do Prêmio Resistência, da editora a Arte da Palavra, e retrata poesias sobre vivências, desafios, encantos, ancestralidade e resistências pessoais e coletivas de uma mulher negra.

A convite da editora Helvetia Edições, realizou uma sessão de autógrafos no evento do Salão do Livro de Genebra, considerado o maior evento literário da Suíça e um dos principais do segmento da Europa. 

Itamiles se define como mulher negra, camponesa, poetisa, filha de pai quilombola da comunidade Ronco e Abóbora e de mãe assentada da Reforma Agrária, é residente do assentamento Bom Jesus, em Igrapiúna (BA), militante do MST e integra o coletivo de comunicação do MST na Bahia, além disso é estudante do Curso de Licenciatura em Educação do Campo pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

A ganhadora do prêmio disse que a escrita surgiu para ela como parte essencial para os seus processos de cura e libertação de tudo e de todos que a tocam, seja de forma positiva ou negativa. “Costumo dizer que escrever é algo libertador. Escrevo por ousadia, rebeldia e resistência”, completa.

Foto: Arquivo pessoal

Segundo ela, sua escrita não é neutra, “ela diz sobre quem sou, sobre meus sentimentos, sobre como me posiciono, sobre as coisas que acredito e defendo. A minha escrita surge do meu lugar de fala, das minhas percepções sobre a sociedade, das minhas inquietações, frustrações e caos”, afirmou.

A escolha das obras a serem premiadas no Salão do Livro de Genebra obedece a critérios de originalidade, ineditismo, linguagem, desenvolvimento e criatividade, além de considerar o currículo do escritor(a) e o trabalho em prol da literatura do seu país.

“A premiação acontece todos os anos em território suíço e visa a promoção de autores lusófonos e francófonos. Nossa escolha se baseia sempre em um estudo minucioso de currículos e obras literárias que nos são indicadas por bibliotecas e instituições”, explica Jannini Rosa, diretora-geral da Helvetia, editora suíço-brasileira e componente do Salão literário.

*Editado por Solange Engelmann