Educação do Campo

Movimentos populares do campo realizam Seminário do Pronera em São Paulo

A atividade aconteceu ontem, 19, no INCRA de São Paulo e reuniu militantes dos movimentos populares
Foto: Divulgação MST

Por Coletivo de Comunicação do MST São Paulo
Da Página do MST

O Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) foi fundado em 1998, envolvendo a articulação do Estado, movimentos sociais e Universidades. Desde sua criação, tem buscado fortalecer a formação básica e acadêmica de trabalhadores e trabalhadoras do campo desde uma perspectiva de diversidade cultural e socioterritorial, os processos de interação e transformação do campo, a gestão democrática e o avanço científico e tecnológico no país. 

O programa é direcionado para jovens e adultos oriundos de assentamentos criados ou reconhecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), quilombos e educadores que exerçam atividades educacionais voltadas às famílias beneficiárias. O Pronera tem como objetivo proporcionar uma educação com procedimentos próprios para os povos do campo, mediante a pedagogia da alternância, cujos tempos fomentam a cultura, o trabalho, a produção, a organização coletiva e a cooperação. 

No estado de São Paulo já foram oferecidos oito cursos para o nível de Educação de Jovens e Adultos (EJA), três cursos de ensino médio e dois cursos de nível superior. Para os níveis médio e superior acumulam um histórico de mais de 250 educandos, que estão contribuindo na transformação dos territórios da Reforma Agrária e na perspectiva do fortalecimento da matriz produtiva da agroecologia. A realização dos cursos no estado também foi uma ferramenta de fortalecimento das articulações políticas entre o MST, instituições de ensino e organizações da sociedade civil.

É nessa perspectiva que o Seminário do Pronera, realizado durante o dia de ontem (19/03), em São Paulo, partiu deste histórico para construir um espaço de socialização de experiências, visando fortalecer a implementação e execução de cursos dos diferentes níveis, bem como a de reafirmar a importância da Educação do e no Campo como política pública. Ela se realiza em diferentes territórios e práticas sociais que incorporam a diversidade do campo brasileiro, garante a ampliação das possibilidades de criação e recriação de condições de existência camponesa e da agricultura familiar, e o desenvolvimento das áreas de Reforma Agrária.

Foto: Michelly Ariadne

Para Marisa da Luz, da Direção Estadual do MST pelo Setor de Formação, “Nesses 25 anos de existência do Pronera, a gente acumulou muitas experiências e acumulou muito na produção do conhecimento. Conhecimento esse que, de fato, está à serviço da classe trabalhadora, dos povos do campo, das águas e das florestas. Estarmos aqui reunidos com nossos parceiros das instituições de ensino demonstra que essa trajetória foi muito importante, está sendo muito importante e que a gente, portanto, precisa fortalecer o Pronera”.

O Seminário apontou afirmações importantes, como a ampliação de cursos em diversas áreas e níveis de formação; fortalecimento das parcerias entre movimentos sociais, Incra e instituições de ensino para oferta de cursos; e, recomposição dos orçamento do Pronera. Como resultado, o Seminário construiu uma carta para apresentar as demandas e avaliações junto ao governo federal e às parcerias.

Desta forma, os sujeitos do campo, das águas e das florestas, educadores populares, presentes e empenhados nos processos formativos que construíram esses 25 anos do Pronera, afirmaram as seguintes ações a serem construídas e projetadas para o próximo período: 

    Ampliar os cursos de alfabetização e escolarização de jovens e adultos no ensino fundamental e médio; 
    Ampliar a capacitação educadores e educadoras para o ensino fundamental em áreas de reforma agrária, assim como a formação inicial e continuada de professores sem formação em áreas de reforma agrária; 
    Ampliar a formação de nível médio, concomitante/integrada ou não com ensino profissional através de cursos técnicos profissionais de nível médio/profissional; 
    Garantir a formação de nível superior e pós-graduação lato e stricto sensu, incluindo os mestrados profissionais, em um momento que diversos cursos estão previstos a iniciar e outros sendo avaliados para sua aprovação;
    Fortalecer o Pronera no estado junto às parcerias;
    Incentivar os diálogos entre instituições de ensino e movimentos sociais ligadas a educação no e do campo através da ampliação do conhecimento dentro dos campos da agroecologia, da extensão universitária e na possibilidade de novos cursos vinculados ao PRONERA
    Consolidar estratégias para a participação efetiva dos Movimentos Sociais, Universidades e IFSP, na construção e implantação do PRONERA, através do envolvimento de todos e todas presentes.
    Afirmar a necessidade de recomposição do orçamento destinado ao PRONERA através do governo federal;
    Recompor o colegiado estadual do PRONERA em São Paulo com a participação dos movimentos sociais, universidades e institutos federais e INCRA. 

*Editado por Fernanda Alcântara