Alimentação Saudável
Assentadas/os participam de curso de agrofloresta e plantas medicinais, no interior de SP
Por Coletivo de Comunicação do MST no Pontal do Paranapanema
Da Página do MST
Promovido pelo Sesc Thermas de Presidente Prudente (SP), em parceria com o MST do Pontal do Paranapanema e da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/campus de Rosana e Pres. Prudente), no último final de semana, entre os dias 23 e 24 de março, foi realizado um curso de Agrofloresta com ênfase em plantas medicinais, no assentamento Porto Maria, município de Rosana, São Paulo.
A atividade, intitulada “ConsCiência Socioalimentar no Pontal do Paranapanema: caminhos para transformar o mundo”, também contou com o apoio do projeto de extensão universitária chamado “Vamos Transformar o Mundo”, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
O objetivo do curso foi, de um lado, aproximar e sensibilizar os usuários do Sesc sobre as formas de uso da terra e o trabalho dos agricultores e agricultoras familiares na produção de alimentos. Por outro lado, promoveu uma formação técnica para agricultores familiares na transição agroecológica, buscando conhecimentos na produção de alimentos saudáveis e no cultivo de plantas medicinais.
“Foi uma experiência muito boa, aprendemos muito sobre o consórcio entre plantas, sobre os SAFs [Sistemas Agroflorestais] e sobre a agroecologia. Foi uma experiência que valeu a pena participar. Tivemos a oportunidade de trabalhar desde o preparo da terra, técnicas de conservação do solo e envolvimento das espécies nativas do bioma. Deixamos lá uma área experimental que terá continuidade com a comunidade local, e que poderá ser visitada por outros agricultores com o propósito de ser um exemplo para ampliar e criar outras iniciativas”, destacou Aparecido Maia, dirigente do MST no Pontal do Paranapanema e assentado no assentamento Rodeio, em Presidente Bernardes.
O curso foi ministrado pelo educador agroflorestal Namastê Messerschmidt e teve a participação de cerca de 50 pessoas com um público diversificado, contando com usuários associados do Sesc Thermas, assentados da Reforma Agrária de diversos assentamentos e municípios da região, estudantes e extensionistas.
Para Lucas Souza, do Setor de Produção do MST no Pontal, as pessoas que vivem nas cidades muitas vezes não têm a dimensão do que é o trabalho com a terra e os desafios que os agricultores familiares enfrentam para levar o alimento até a mesa deles. “Então, esse curso ajudou a dar essa dimensão para o pessoal da cidade. E para nós, que já estamos na lida com a terra, trouxe muitas coisas novas de aprendizados com as técnicas da agroecologia, coisas novas para incrementar no que a gente já sabe e ter uma visão mais ampla do que podemos fazer para melhorar a produção na agroecologia”.
A agroecologia tem se colocado cada vez mais como uma ferramenta de diálogo entre o campo e a cidade. Ela contribui para chamar a atenção para a insustentabilidade do latifúndio como forma de estruturação fundiária e da monocultura no uso da terra, que trazem, na perspectiva de reprodução do capital no campo, a exploração da natureza por meio do esgotamento dos recursos naturais, a contaminação por agrotóxicos e a exploração do trabalho.
Nesta perspectiva, a agrofloresta representa uma das estratégias da agroecologia para construir-se no uso da terra para produção de alimentos saudáveis, com base no cuidado com a biodiversidade e na conservação dos ecossistemas. Chama-se a atenção, desta forma, para a emergência de um amplo processo de Reforma Agrária e a necessidade de fortalecer o conjunto de políticas públicas para fomentar a transição agroecológica.
*Editado por Solange Engelmann