Alimentação Saudável

Assentadas/os participam de curso de agrofloresta e plantas medicinais, no interior de SP

A formação é estratégica para promoção da agroecologia e busca aliar produção de alimentos saudáveis, conservação dos recursos naturais e geração de renda
Foto: Gabriel Pereira

Por Coletivo de Comunicação do MST no Pontal do Paranapanema
Da Página do MST

Promovido pelo Sesc Thermas de Presidente Prudente (SP), em parceria com o MST do Pontal do Paranapanema e da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/campus de Rosana e Pres. Prudente), no último final de semana, entre os dias 23 e 24 de março, foi realizado um curso de Agrofloresta com ênfase em plantas medicinais, no assentamento Porto Maria, município de Rosana, São Paulo.

A atividade, intitulada “ConsCiência Socioalimentar no Pontal do Paranapanema: caminhos para transformar o mundo”, também contou com o apoio do projeto de extensão universitária chamado “Vamos Transformar o Mundo”, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Estadual Paulista (UNESP).

O objetivo do curso foi, de um lado, aproximar e sensibilizar os usuários do Sesc sobre as formas de uso da terra e o trabalho dos agricultores e agricultoras familiares na produção de alimentos. Por outro lado, promoveu uma formação técnica para agricultores familiares na transição agroecológica, buscando conhecimentos na produção de alimentos saudáveis e no cultivo de plantas medicinais.

Foto: Eduarda Prado
Foto: Eduarda Prado

“Foi uma experiência muito boa, aprendemos muito sobre o consórcio entre plantas, sobre os SAFs [Sistemas Agroflorestais] e sobre a agroecologia. Foi uma experiência que valeu a pena participar. Tivemos a oportunidade de trabalhar desde o preparo da terra, técnicas de conservação do solo e envolvimento das espécies nativas do bioma. Deixamos lá uma área experimental que terá continuidade com a comunidade local, e que poderá ser visitada por outros agricultores com o propósito de ser um exemplo para ampliar e criar outras iniciativas”, destacou Aparecido Maia, dirigente do MST no Pontal do Paranapanema e assentado no assentamento Rodeio, em Presidente Bernardes.

Foto: Eduarda Prado

O curso foi ministrado pelo educador agroflorestal Namastê Messerschmidt e teve a participação de cerca de 50 pessoas com um público diversificado, contando com usuários associados do Sesc Thermas, assentados da Reforma Agrária de diversos assentamentos e municípios da região, estudantes e extensionistas.

Para Lucas Souza, do Setor de Produção do MST no Pontal, as pessoas que vivem nas cidades muitas vezes não têm a dimensão do que é o trabalho com a terra e os desafios que os agricultores familiares enfrentam para levar o alimento até a mesa deles. “Então, esse curso ajudou a dar essa dimensão para o pessoal da cidade. E para nós, que já estamos na lida com a terra, trouxe muitas coisas novas de aprendizados com as técnicas da agroecologia, coisas novas para incrementar no que a gente já sabe e ter uma visão mais ampla do que podemos fazer para melhorar a produção na agroecologia”.

Foto: Eduarda Prado

A agroecologia tem se colocado cada vez mais como uma ferramenta de diálogo entre o campo e a cidade. Ela contribui para chamar a atenção para a insustentabilidade do latifúndio como forma de estruturação fundiária e da monocultura no uso da terra, que trazem, na perspectiva de reprodução do capital no campo, a exploração da natureza por meio do esgotamento dos recursos naturais, a contaminação por agrotóxicos e a exploração do trabalho.

Nesta perspectiva, a agrofloresta representa uma das estratégias da agroecologia para construir-se no uso da terra para produção de alimentos saudáveis, com base no cuidado com a biodiversidade e na conservação dos ecossistemas. Chama-se a atenção, desta forma, para a emergência de um amplo processo de Reforma Agrária e a necessidade de fortalecer o conjunto de políticas públicas para fomentar a transição agroecológica.

*Editado por Solange Engelmann