Jornada de Lutas

Mil famílias do MST ocupam usina falida CBB, no entorno do Distrito Federal

Famílias Sem Terra ocupam agora pela manhã a usina falida CBB, em Vila Boa de Goiás, no DFE
Foto: MST

Da Página do MST

Cerca de um mil famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Distrito Federal e Entorno ocuparam na madrugada do dia 15 de abril a área falida de 8 mil hectares da usina CBB, em Vila Boa de Goiás. A ação compõe a Jornada Nacional de Lutas em defesa da Reforma Agrária, com o lema “Ocupar, para o Brasil Alimentar”.

As famílias organizadas pelo MST no DFE, vindas de vários municípios do nordeste do estado de GO e do Distrito Federal, denunciam a demora do governo em desapropriar a usina que foi oferecida ao patrimônio da União para quitar as dívidas milionárias, e assim ser incorporada ao Programa Nacional de Reforma Agrária, resolvendo o passivo de famílias sem terra que vivem na região.

A Usina da Companhia Bioenergética Brasileira – CBB, de 8 mil hectares de terra, compõe dois principais complexos: as fazendas Tábua de Cima e Prelúdio, dentre outras, que estão em processo de adjudicação, ou seja, estão sendo repassadas ao patrimônio da união como forma de pagar a dívida milionária que tem com o Estado.

Informações asseguram que a usina CBB deve mais de 300 milhões de reais, compostas por inúmeras dívidas tributárias, trabalhistas, embargos e multas ambientais. A área da usina, por si só, não quita as dívidas, pois a fazenda está avaliada em 200 milhões de reais.

Há inúmeras dívidas trabalhistas, em sua maioria com trabalhadores pobres assalariados que residem na região, mas também vem de outros estados do Brasil. Há denúncias de trabalhadores da usina que recebiam 27 reais de diárias, configurando assim trabalho análogo à escravidão.

Segundo dados públicos do Ministério do Meio Ambiente, a usina CBB tem uma área de aproximadamente 4 mil hectares de terras embargadas por cometimento de crimes ambientais, destruindo, desmatando áreas sensíveis de reserva sem nenhuma autorização, somando uma multa de 3 milhões e 200 mil reais pelos crimes cometidos, ferindo a legislação ambiental.

Importante ressaltar que essa usina se vale, em seus discursos, como Companhia “Bioenergética” ou na linguagem ambiental, como uma empresa verde, ou limpa, o que é uma grande mentira. A Usina CBB é inimiga do meio ambiente, operando o que chamamos de grennwashing, termo em inglês que se refere a práticas de maquiagem ou lavagem verde, pois maquiam e escondem os crimes ambientais que cometem, explorando irregularmente o ambiente com práticas destrutivas.

Outra questão importante é que dentro da sede da usina tem instalada, de forma irregular e sem nenhum tipo de licenciamento, um Stand de tiros, que pode servir para diversas práticas irregulares, coagindo trabalhadores e utilizando deste espaço para inibir ações de Estado no território.

O MST no DFE e as 1 mil famílias acampadas não sairão da área até que o governo federal encaminhe soluções e avance com o processo de desapropriação por dívida com a União, e de fato incorpore ela na política de Reforma Agrária, via prateleira de terras públicas, e dê uma solução definitiva para as famílias sem terra que se encontram em condições de acampadas no território.

Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!

Ocupar! Para o Brasil Alimentar! Rumo ao VII Congresso Nacional do MST!

Coordenação Estadual do MST do Distrito Federal e Entorno