Reforma Agrária Popular

MST ocupa fazenda improdutiva na região de Campinas e sofre violência da Guarda Municipal

Em completa ilegalidade, a Guarda Municipal realizou o despejo de 200 famílias que realizaram ocupação hoje durante a Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária
Foto: Filipe Augusto Peres

Por Coletivo de Comunicação do MST em São Paulo
Da Página do MST

Na manhã desta segunda-feira (15), cerca de 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a Fazenda Santa Mariana, no município de Campinas (SP). A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas em memória ao Massacre de Eldorado do Carajás. O lema deste ano, com ações em todo o Brasil, é “Ocupar para o Brasil alimentar”.

A área de aproximadamente 200 hectares é administrada por uma empresa do setor imobiliário. Improdutiva, está tomada por pastagem degradada e há anos não cumpre sua função social.

A Secretaria de Habitação compareceu no local mais cedo, com a qual o Movimento Sem Terra abriu diálogo para negociações. Entretanto, a Guarda Civil Municipal com o batalhão de choque, mesmo sabendo que a negociação estava iniciada, não aguardou e invadiu a ocupação com bombas de gás lacrimogêneo e ateando fogo na pastagem em torno do local onde as famílias estavam construindo seus barracos.

As famílias, tremendo a truculência da polícia, recuaram para as margens da rodovia. No local, atingidos pela violência, estavam mulheres, idosos e crianças.

Entenda a reivindicação

Em um documento enviado à prefeitura de Campinas em 2015, no âmbito da revisão do Plano Diretor, a empresa Zezito Empreendimentos Ltda autodeclarou a impossibilidade de viabilizar atividades produtivas no local.

“O desenvolvimento das atividades rurais para se manter é inviável nessa localidade, o que atualmente gera prejuízos e despesas de grande monta”, afirma a proprietária, ao solicitar uma alteração do uso no zoneamento da cidade para que seja considerada uma área de expansão urbana.

Foto: Filipe Augusto Peres

No mesmo documento, a proprietária diz almejar que a destinação da área seja para interesse social. O MST afirma que quer realizar, tão somente, o mesmo desejo. “Reivindicamos que o terreno seja destinado para fins de reforma agrária tornando-se, enfim, produtivo”.

Além de fazer a denúncia da quantidade de terras na região que, sem cumprir a função social, servem apenas à especulação imobiliária, a ocupação visa iniciar o reflorestamento da área e o plantio de alimentos saudáveis.

Além desta ação, o Movimento segue organizando a luta em todos os estados do país, em denúncia da fome, da violência no campo, e por investimentos para a agricultura familiar.

*Editado por Fernanda Alcântara