Contra o Feminicídio

Acusado de assassinar Neurice Torres, agricultora e militante do MST, será julgado em Minaçu

Tribunal do Júri sobre o feminicídio que vitimou militante do MST será no próximo dia 23
Neurice Torres. Foto: Arquivo Pessoal

Coletivo de Comunicação em Goiás e Marilia da Silva*
Da Página do MST

Sidronio Alves de Lima, ex-marido de Neurice, é o réu acusado pelo brutal assassinato, ocorrido em 11 de setembro de 2022, na residência da vítima, localizada na zona rural de Minaçu. O julgamento acontecerá no Fórum de Minaçu em Goiás, com início às nove horas da manhã.

As investigações da polícia civil e o processo criminal apontam Sidronio como o responsável pelo crime hediondo. O casal estava separado desde 2017, quando Neurice o denunciou por agressão e tentativa de estupro.

Desde sua prisão em 8 de outubro de 2022, após 27 dias foragido, o acusado permanece sob custódia, já que a justiça havia decretado sua prisão preventiva.

Inúmeras evidências incriminatórias foram apresentadas durante o processo, incluindo uma mensagem de Neurice para sua filha, enviada momentos antes de sua morte, na qual ela expressava grande temor, relatando a presença ameaçadora de Sidronio em sua residência. Uma das filhas do casal está entre as testemunhas de acusação, enquanto vídeos divulgados mostram outros filhos testemunhando a violência perpetrada por Sidronio contra Neurice.

O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra no Estado de Goiás, do qual Neurice era membra ativa, exige justiça e responsabilização pelo assassinato da agricultora. Amélia Franz, da direção estadual do MST em Goiás, declarou: “Como movimento social, deixamos claro que não toleraremos a impunidade e envidaremos todos os esforços para garantir justiça para Dona Neura”.

Neurice era uma agricultora, militante do MST e beneficiária da Reforma Agrária. Em sua memória, as mulheres do movimento nomearam um acampamento de famílias em Hidrolândia como Acampamento Dona Neura. Elas denunciam a falta de segurança enfrentada pelas mulheres na zona rural, onde a ausência de políticas públicas para proteção das pessoas expostas a ameaças persiste.

De acordo com o advogado que acompanha o caso, Allan Hahnemann, “a expectativa da acusação é que a gente realize um julgamento limpo, que traga toda a verdade, que colham os depoimentos das testemunhas, os quais confirmam, com todos os indícios e provas, a autoria do homicídio realizado pelo Sr. Sidrônio Alves de Lima”.

*Marilia da Silva faz parte da Comissão Pastoral da Terra (CPT)