Agroecologia

“Precisamos transformar Campinas em uma cidade agroecológica”

Ato Político Cultural na Feira Neusa Paviato reuniu apoiadores da luta pela terra e da produção de alimentos saudáveis

Ato Político Cultural reuniu apoiadores da Reforma Agrária. Foto: Filipe Augusto

Por Wesley Lima
Da Página do MST

O 2º dia da Feira Estadual da Reforma Agrária Neusa Paviato, teve início com a comercialização da produção dos assentamentos e acampamentos do MST e com a realização de um Ato Político Cultural. O evento acontece desde a última sexta-feira (24), na Estação Cultura, em Campinas (SP), e terá programação diversa até este domingo (26), com um conjunto de ações formativas, culturais, de comercialização e diálogo com a sociedade.

O Ato Político Cultural reuniu dezenas de autoridades locais, lideranças políticas, representações de partidos de esquerda, movimentos e organizações populares. O espaço, que foi construído com o objetivo de denunciar o avanço do agronegócio contra os territórios da Reforma Agrária no estado de São Paulo, apontou os principais desafios e as perspectivas da luta pela terra, pela produção de alimentos saudáveis e no combate à fome na atualidade.

Além disso, foi celebrado ao longo do Ato os 40 anos do Movimento Sem Terra, onde também houve reflexões coletivas analisando o atual momento político e reafirmando a necessidade de se construir instrumentos políticos capazes de avançar na luta por mais direitos no estado.

Ato político reuniu apoiadores da Reforma Agrária

De acordo com a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Paolla Miguel, a construção da Feira Neusa Paviato em Campinas simboliza resistência frente ao histórico de perseguição política da extrema direita no município. E, por isso, ela destaca que as políticas que visam enfrentar “o problema da fome de frente” seguem tendo obstáculos. “A política de assistência, por exemplo, que a gente tem incorporada no governo, não tem conseguido garantir alimentação saudável, muito menos agroecológico para o povo de Campinas”, ressaltou.

“A realização da Feira aponta um desafio estratégico para todos nós: precisamos transformar a cidade de Campinas em uma cidade agroecológica”,

afirmou Paolla.

Paolla Miguel, vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Foto: Eduarda Prado

Nessa mesma linha, Ivan Valente, deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol), salientou a importância do MST para realizar o enfrentamento político ao modelo de produção de agronegócio e por apresentar saídas palpáveis ao povo brasileiro, frente a produção com agrotóxicos colocado na mesa dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo e da cidade pelo agronegócio.

Para ele, a presença do MST em Campinas é simbólica e central. “O Movimento Sem Terra, ao longo dos seus 40 anos, é mais que a luta pela reforma agrária. Ele é um avanço. O MST hoje é alimentação saudável, é agroecologia, é trabalho justo, e tem muito para nos ensinar por onde passa e aqui, em Campinas, não é diferente”.

– disse Valente.

Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL. Foto: Eduarda Prado

Combate à fome

No geral, as falas durante o Ato, também denunciaram a fome no município. Segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico) de 2022, 90 mil famílias se encontram em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar na cidade. O CadÚnico utilizou como metodologia a construção de dados a partir de ferramentas que identificaram famílias de baixa renda. Com isso, esses dados contribuem para a criação de políticas sociais.

Diante desse cenário, Paulo Bufalo, vereador pelo PSol em Campinas, afirmou que “vivemos um momento que é importante tomar decisões contundentes”, declarou que “se torna necessário virar a página do fascismo, e o MST propõe a realização da Feira como uma forma de apresentar novas perspectivas no combate à fome e na luta política”.

“O MST ao longo dos seus 40 anos fez tombar as cercas do latifúndio e transformou um chão que era de morte, em chão de vida, de recuperação ambiental, de plantio de água”.

– declarou Paulo.

Vereador Paulo Bufalo, do PSOL. Foto: Eduarda Prado

Pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Agenor Soares, endossou as reflexões que já tinham aparecido no Ato Político Cultural e falou da experiência do Acampamento Marielle Vive, em Valinhos, próximo de Campinas.

De acordo com Soares, a construção do acampamento é “a maior experiência social de ocupação” que tinha participado e destacou:

“Na história desse país, o povo preto e o povo pobre nunca teve acesso a terra, e o MST tem se tornado um exemplo de luta organizada, que vai nos remeter ao processo de fortalecimento da cultura política dos nossos originários, tendo como primeiro passo a garantia do acesso à terra”.

*Editado por Lays Furtado