Orçamento Público

No PR, Jornada do MST cobra mais investimentos para Reforma Agrária e produção de alimentos

As mobilizações acontecem em 13 cidades, de diversas regiões. A ação marca o Dia do Trabalhador/a Rural e Dia Internacional da Agricultura Familiar
Mobilização em Rio Bonito do Iguaçu, região centro do Paraná. Foto: Danielson Postinguer

Por Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
Da Página do MST

Camponesas e camponeses do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizam mobilizações em 13 cidades paranaenses, em agências do Banco do Brasil (BB). A ação faz parte da Jornada Nacional por Alimento Saudável e Reforma Agrária Popular, que marca o Dia do Trabalhador/a Rural e o Dia Internacional da Agricultura Familiar, celebrados nesta quinta-feira (25).  

Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular”, as mobilizações acontecem de 23 a 27 de julho, em todo o país. “O país precisa apoiar projetos como o da Reforma Agrária para que haja mais produção de comida de verdade, de alimentos saudáveis para alimentar a população brasileira com mais qualidade. Para que a Reforma Agrária consiga levar até a mesa de todas as famílias que passam necessidade”, reforça Sandra Ferrer, moradora do assentamento Eli Vive, de Londrina, e integrante da direção estadual do MST. 

Entre as reivindicações principais estão o investimento e crédito para a agricultura familiar, investimento para a educação no campo e verba para assentar as famílias acampadas; o fortalecimento da produção de alimentos saudáveis, a partir da liberação de crédito, garantindo o acesso de todas as famílias assentadas ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) A, de maneira permanente e contínua. Ainda nesta pauta, o Movimento Sem Terra cobra a ampliação do orçamento nacional para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). 

O Paraná tem 25 cooperativas, 62 agroindústrias e dezenas de associações da Reforma Agrária. Foto: Juliana Barbosa

No campo dos direitos básicos, a Jornada cobra também a garantia de recursos para construção de moradias nos assentamentos, levando em consideração, que atualmente existe um déficit de 100 mil novas casas para serem construídas e 400 mil moradias para serem reformadas. Já na educação, os Sem Terra cobram também a liberação de recurso no valor de 120 milhões para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). O valor será direcionado para 78 cursos já aprovados pelo programa. 

Armelindo da Maia, assentando na comunidade Valmir Mota de Oliveira, em Cascavel, e integrante da coordenação do Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST no Paraná, explica que a proposta é ampliar o diálogo com o governo Lula: “Nós estamos muito otimistas de que vamos sensibilizar o governo para as demandas da Reforma Agrária”. 

Em Querência do Norte, a ação reuniu camponeses/as vindos de 14 comunidades de assentamentos e acampamentos da região. Foto: Leila Barbosa

No Paraná, a primeira mobilização ocorreu nesta quarta-feira (24), em Querência do Norte, no Casarão da Cooperativa de Comercialização da Reforma Agrária Avante (COANA). O encontro reuniu cerca de 70 camponeses/as de 14 comunidades de assentamentos e acampamentos do município e de Santa Cruz de Monte Castelo. 

Em Londrina, mais de 300 agricultores/as Sem Terra se reuniram em frente a uma agência do BB, no Calçadão. Uma comissão se reuniu com a superintendência da instituição. Estavam presentes moradores de acampamentos, assentamentos e cooperativas da Reforma Agrária da região, de 10 municípios. A mobilização foi encerrada ao som da Batucada Sem Terra, gritos de ordem, e falas dos companheiros e companheiras que estiveram na atividade. 

Em Londrina, a ação reuniu mais de 300 pessoas. Foto Wagner Mendonça

Na região Oeste, as mobilizações aconteceram em Cascavel, São Miguel do Iguaçu, Matelândia, Diamante D’Oeste e Mariluz. Em Catanduvas, a ação será nesta sexta (26), com a presença do prefeito da cidade, na agência do Banco do Brasil. 

Em Ivaiporã, a mobilização reuniu dezenas de pessoas também em frente à agência bancária, onde foi lida a pauta de reivindicações da Jornada. Um grupo de camponeses/as participou de uma reunião com a gerência do banco. 

Na região centro, as ações ocorreram em agências do BB de Rio Bonito do Iguaçu, Laranjeiras do Sul e Quedas do Iguaçu, com a participação de moradores de acampamentos, assentamentos e representantes de cooperativas. A mobilização também aconteceu no município da Lapa, com a presença de moradores do assentamento e integrante da Cooperativa Agroecológica Terra Livre, do Contestado. 

Mais investimento público para a produção de alimentos

A Jornada Nacional reafirma a Reforma Agrária como uma política fundamental para combater a fome, mas que necessita de investimento público. Por isso, as ações denunciam o orçamento abaixo do necessário para agricultura familiar e camponesa, enquanto o agronegócio recebe grandes volumes de investimentos. 

O Plano Safra 2024/2025, dirigido ao agronegócio, e o Plano Safra da Agricultura Familiar, liberou R$ 475 bilhões em crédito, sendo R$ 400,58 bilhões para os grandes empresários e apenas R$ 74,98 bilhões para os pequenos agricultores.

É neste cenário desigual, no ponto de vista do investimento público, que a Jornada posiciona, através da luta, temas fundamentais para fortalecer a produção de alimentos saudáveis no país. O acesso à terra é uma das pautas centrais, e cobra a garantia do assentamento de todas as famílias acampadas no país, além de realizar o cadastramento até dezembro de 2024 e o acesso a um fomento inicial/emergencial para a produção de alimentos das mesmas. O MST contabiliza o número de mais de 60 mil famílias acampadas em todo o país.

*Editado por Solange Engelmann