Recuperação ambiental: MST realiza oficina de enxertia de mudas e promove o cuidado com a natureza

Por Diógenes Rabelo
Da Página do MST

No último final de semana, nos dias 27 e 28, aconteceu em Jarinu (SP), uma oficina de enxertia de pinheiro araucária e árvores frutíferas no Centro Agroecológico Paulo Kageyama. A oficina teve o objetivo de promover a capacitação técnica de assentados e assentadas da Reforma Agrária para atuar na regeneração do bioma Mata Atlântica tendo como foco a produção de mudas nativas.

A oficina reuniu 20 pessoas, oriundas de assentamentos rurais de São Paulo, Paraná e Minas Gerais e do Instituto Educar do Rio Grande do Sul, que saíram da formação com a responsabilidade de replicar a oficina em seus territórios envolvendo novas pessoas nesta estratégia de cuidado com a natureza.

A oficina foi facilitada pela Brigada Cacique Guaícara, do MST no estado do Paraná. Contou com uma parte teórica sobre o manejo e a história da espécie de Pinheiro Araucária e um outro momento de exercícios práticos, onde foi realizada a técnica de enxertia, feitura de mudas a partir da semente e plantio de mudas já enxertadas no bosque Palestina Livre, batizado pela turma.

Vinculada ao Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, que tem colocado o debate da questão ambiental e da crise climática no diálogo com a sociedade, essa formação vai ao encontro do objetivo do programa, onde o Movimento Sem Terra tem trabalhado para plantar 100 milhões de árvores em dez anos e, com isso, promover a recuperação ambiental e a defesa da agroecologia e Soberania Alimentar.

O pinheiro araucária é uma espécie ameaçada de extinção e seu plantio é um ato de resistência e de denúncia aos crimes ambientais promovidos pelo agronegócio. Além disso, a enxertia de frutíferas contribui para a produção de alimentos saudáveis nos territórios da Reforma Agrária, promovendo a agroecologia através dos quintais ecológicos e dos Sistemas Agroflorestais, por exemplo.

A araucária é uma espécie da Mata Atlântica presente nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais que corre o risco de extinção. Sua área foi reduzida a 2% pela extração predatória da sua madeira. Araucária é uma espécie soberana no bioma Mata Atlântica, sendo o teto da cadeia.

Para Camila Modena, técnica da Brigada Cacique Guacara, “a enxertia na Araucária permite reduzir o tempo da primeira produção do pinhão para sete anos, sendo bem manejada. O recomendado é plantar árvores com um espaçamento de dez metros entre elas e na proporção de 70% de fêmeas e 30% de indivíduos machos. A polinização entre eles é realizada através do ar em uma distância de até dois quilômetros. É nossa tarefa recuperar essa espécie tão importante aqui no estado de São Paulo”.

*Editado por Wesley Lima