Esporte e Lazer

MST realiza reunião sobre esporte e lazer em áreas da Reforma Agrária Popular

O encontro destaca as práticas na vida dos Sem Terra de todas as regiões e busca fortalecer o entendimento sobre como o esporte e o lazer contribuem na construção da identidade
Foto: Acervo MST

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza esta semana, em Brasília (DF), a II Reunião sobre Esporte e Lazer em áreas da Reforma Agrária, destacando as práticas na vida dos Sem Terra de todas as regiões. O encontro busca fortalecer o entendimento sobre como o esporte e o lazer podem contribuir para a construção da identidade coletiva nos acampamentos e assentamentos, promovendo a saúde e reforçando os princípios do Movimento.

“O esporte e o lazer, assim como outras políticas públicas, foram negados ao povo do campo por muito tempo. E, na medida em que o Movimento se apropria desse debate e o coloca em pauta, discutimos direitos e dignidade humana” afirma Poliana Souza, do setor de Comunicação do MST em Pernambuco, presente na reunião.

Durante as atividades e debates, os participantes refletem sobre o papel do esporte e do lazer na luta política do MST. Dentre as atividades, houve ainda uma visita ao Estádio Mané Garrincha e ao Palácio do Planalto. Esses momentos de convivência e práticas coletivas não apenas fortalecem a solidariedade, mas são vistos como ferramentas estratégicas para mobilização e conscientização política. Através dessas práticas, é possível promover a educação popular e sensibilizar a sociedade como um todo para as causas defendidas pelo Movimento.

Foto: Acervo MST

“Construir uma concepção de esporte e lazer diferente do senso comum já é, por si só, um desafio interno para nós, camponeses e camponesas. Precisamos fazer esse contraponto, entendendo o esporte em sua dimensão política, de classe, emancipatória e humana, para além do senso comum, que enxerga os esportes, por exemplo, como práticas extremamente competitivas e voltadas para o mercado”, lembra Poliana.

É certo que a implementação de iniciativas de esporte e lazer em áreas de Reforma Agrária enfrentam diversos desafios, principalmente em relação à políticas públicas que garantam infraestrutura, recursos e a formação de educadores e gestores. Além disso, o Movimento tenta garantir que essas atividades sejam inclusivas e acessíveis a todos os membros da comunidade, lembra Poliana.

“Fazer uma luta qualificada pelo direito ao esporte e lazer também nos coloca diante do desafio de enfrentar os governos. Assim como a saúde e a educação, o esporte e o lazer são direitos e políticas públicas. Essas políticas precisam chegar também aos assentamentos e acampamentos de Reforma Agrária no país e para a emancipação da classe trabalhadora camponesa”, lembra Poliana.

Foto: Acervo MST

Poliana afirmou que a reunião parte da ideia de pensar o esporte para os companheiros e companheiras que estão no campo não com a lógica de mercado, mas sim como uma dimensão humana, visando o desenvolvimento, o equilíbrio, o fortalecimento da identidade, do lugar de fala e da luta de cada um. Ela também destacou que o lazer era um desafio, mencionando que, apesar de estarem no campo, tinham pouco acesso às estruturas ou à qualificação dessas estruturas para o resgate de brincadeiras.

Foto: Acervo MST

“É necessário criar momentos em que possamos olhar para nossas paisagens e aproveitá-las. Temos muitas cachoeiras, muitos rios, muitos igarapés, mas não os acessamos com o intuito do lazer, pois acabam sendo, cotidianamente, ambientes de trabalho. Portanto, é essencial que olhemos para o potencial natural que temos no campo. Fazer cavalgadas, caminhadas, trocar uma conversa com a comadre, se juntar com a criançada para brincar de pega pega, de amarelinha. Esses são elementos muito importantes para recolocarmos na nossa pauta de desenvolvimento social e humano nos nossos assentamentos”.

Neste sentido, a reunião que termina nesta quinta-feira (05) evidencia como o esporte e lazer, defendidos pelo MST valorizam a participação coletiva, a promoção da saúde e da dignidade e asseguram direitos sociais, contrastando com modelos competitivos e individualistas comuns em outras esferas. Estas atividades estão presentes nas práticas pedagógicas e são utilizados nas escolas do campo como instrumentos de ensino e recreação. Difundir esses debates nas áreas da Reforma Agrária Popular é fundamental para consolidar o esporte e lazer como direitos de todos/as/es.

*Editado por Solange Engelmann