Viveiro de Mudas
Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis: Feira do MST em Alagoas fortalece debate ambiental
Por Nicole Mafra
Da Página do MST
De frente ao palco central montado na Praça da Faculdade, onde diversos artistas vêm se apresentando, é marcante a presença de um lindo ponto verde. O verde que chama a atenção dos olhares de quem visita a 23º Feira da Reforma Agrária em Alagoas é o Viveiro do MST, em mais uma participação nas Feiras do Movimento no estado.
“Nos trazemos para a realidade da cidade uma variedade de mudas com um preço acessível”, disse Cynara Nunes, uma das responsáveis pelo Viveiro na Feira.
Nas prateleiras, lindas samambaias, suculentas, cactos, rosas do deserto e jiboias são algumas das mudas ornamentais que estão saindo bastante, juntamente com as caqueiras disponíveis para venda. Para mostrar que a diversidade se estende também àqueles que estão em busca de sua horta caseira, o viveiro conta com a presença de rúcula, couve, arruda, salsa, manjericão e pimenta. Além disso, para quem deseja daqui a alguns anos descansar debaixo de um boa sombra natural, mudas de árvores frondosas como manga, ingá e jatobá são opções disponíveis.
Aberto durante todos os dias de Feira, o Viveiro com base agroecológica inicia suas atividades às 9 horas e encerra por volta das 22h. “Enquanto os salgados assavam na padaria vim aqui dar uma olhada e levar alguma plantinha. Hoje, por exemplo, comparado com o primeiro dia, tem metade das plantas que tinha antes. É uma das Feiras que mais gosto”, relatou uma visitante que passava pelo Viveiro na folga do trabalho. A Feira que teve início quarta (4), acontece até sábado (7), com a apresentação de diversos artistas, venda de produtos agroecológicos, deliciosos aperitivos e, é claro, diversas plantas durante todo o dia.
A presença do Viveiro na Feira é apenas uma das missões que existem por trás dele. Essa iniciativa começou a ser desenvolvida em 2020, sob o nome de Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis, em uma iniciativa do Movimento Sem Terra de se comprometer com o conjunto da sociedade com o plantio de 100 milhões de árvores em dez anos, em todo o Brasil.
“Aqui em Alagoas já foram plantadas 100 mil e agora contamos com mais cinco novos viveiros para plantio em nossas áreas de acampamento e assentamento”, diz com orgulho Carlos Alexandre, conhecido como Chiliu, um dos coordenadores do Plano Nacional em Alagoas.
“Nas nossas áreas de acampamento e assentamento tem sido mais fácil construir iniciativas de plantio, mas quando a gente leva o diálogo para fora, para a população, fica mais difícil o envolvimento para a ação concreta”, comenta Chiliu quanto às dificuldades que o Plano apresenta no estado.
Apesar desse entrave, ele não impede os avanços dos Viveiros e de seu fundamental papel socioambiental para melhora da qualidade de vida, aliado à produção de alimentos saudáveis para o enfrentamento à crise ambiental.
Plantio e geração de renda no campo
Na formação política dos acampados e assentados, a criação de espaços formativos sobre o tema ambiental, têm sido pontes importantes para o entendimento da relação da Reforma Agrária com a preservação do meio ambiente, combinado com a geração de renda e organização dos territórios, ajudando não só a dar continuidade às iniciativas como as dos Viveiros, como também na profissionalização da produção de mudas nas comunidades.
“Com as iniciativas do Plano a partir dos Viveiros, a gente já pensa em criar cooperativas para poder gerar emprego para nossos jovens. Em Joaquim Gomes, por exemplo, estamos trabalhando muito com o plantio do açaí, pensando futuramente na geração de emprego e renda em nossos locais”, explicou. Chiliu destacou ainda que quanto ao processo de geração de renda, os camponeses almejam um sistema que crie emprego para as famílias, com a produção de alimentos saudáveis, banco de sementes crioulas e a venda de mudas como as que acontecem hoje na Praça da Faculdade, durante a Feira do MST.
“Floresta de pé, povo vivo e comida no prato”, esse é o lema que marca a entrada do Viveiro e que carrega o Plano nacionalmente, com a expectativa de ampliar o diálogo com a sociedade, fortalecendo a conservação dos bens da natureza.
*Editado por Solange Engelmann