Nota pública de reconhecimento à luta do MST no Quilombo Campo Grande, em MG

Da Página do MST

O Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais (Consea-MG), no uso das suas atribuições dispostas na Lei Estadual nº 22.806/2017 vem a público apresentar apoio ao Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela luta histórica e conquista referente ao reconhecimento do direito à terra no Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, no sul do Estado de Minas Gerais.

Nesta sexta-feira (7), o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva estará em Campo do Meio, Sul de Minas Gerais. A sua presença marca a formalização da entrega do direito à terra às famílias do Quilombo Campo Grande, reconhecendo a ocupação como assentamento. Esse momento representa o reconhecimento oficial da luta histórica das trabalhadoras e trabalhadores rurais do MST que há décadas transformaram a área, com a terra sem uso, em um modelo de resistência, produção de alimentos de base agroecológica e sustentável ao meio ambiente.

O acampamento organizado pelo MST, se tornou símbolo da luta pela Reforma Agrária no Brasil. As 459 famílias Sem Terra que vivem no local, resistem no território a mais de 27 anos, já enfrentaram 11 despejos. E em 2020, as famílias enfrentaram um dos momentos mais difíceis de sua trajetória, quando o governo estadual realizou uma ação de despejo violenta, resultando na destruição da Escola Popular Eduardo Galeano e ameaçando a permanência das famílias na terra. No entanto, a comunidade resistiu, fortaleceu sua organização e hoje colhe os frutos dessa luta. 

Apesar de todas as iniciativas de despejo ao longo desses anos, as famílias seguem produzindo comida de verdade de maneira cooperada e agroecológica, demonstrando que é possível a concretização de um sistema alimentar sustentável e justo que dialoga com os princípios da segurança alimentar e nutricional e da soberania alimentar. Atualmente, segundo dados do MST, são 2 milhões e 200 mil pés de café plantados e uma variedade de 160 tipos de alimentos produzidos no acampamento. No local também existe a Cooperativa Camponesa, com uma vasta produção de ervas medicinais. A produção de alimentos do Quilombo Campo Grande, incluindo a produção do renomado café Guaií, é um exemplo de resistência concreta de que a agricultura familiar de base agroecológica é pilar essencial ao modelo de desenvolvimento sustentável e inclusivo.

A entrega do direito à terra ao Movimento representa a importância da Reforma Agrária no Brasil, a garantia de moradia e trabalho digno para centenas de famílias. O Consea-MG celebra essa conquista do MST. A conquista simboliza a resistência da sociedade civil organizada em prol de um direito negado historicamente no Brasil, o acesso à terra para a produção de comida de verdade e a garantia do direito humano à alimentação adequada e à soberania alimentar. 

O Consea-MG reforça a importância da permanência e fortalecimento de políticas públicas alimentares que garantam o direito humano à alimentação adequada, o direito à terra, o enfrentamento à fome e insegurança alimentar e nutricional e a valorização da agricultura familiar de base agroecológica. 

Seguimos, enquanto instância de controle social de Minas Gerais da Política de Segurança Alimentar e Nutricional no reconhecimento da Reforma Agrária de base popular como forma de promoção da agroecologia e por consequência, na viabilização do Direito Humano à Alimentação Adequada e da Soberania Alimentar!

Quilombo Campo Grande, não para de lutar! Para construir Reforma Agrária Popular!

Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais (Consea-MG).