Formação
Cooperativas da Reforma Agrária fortalecem produção e comercialização com encontros no PR

Por Camila Calaudiano, Maíra Fernandes e Nilciney Toná
Da Página do MST
Nos meses de março e abril, a Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA/PR) realizou diversas atividades, entre elas o Encontro Estadual das Cooperativas, na Escola Milton Santos, em Maringá. Foram realizados encontros para formação, debates e reflexão sobre o desenvolvimento da produção e comercialização dos produtos camponeses.
Na Escola Milton Santos de Agroecologia, em Maringá, foram dois dias intensos com aproximadamente 120 pessoas, entre associados/as, dirigentes e assessores técnicos, que atuam nas 31 cooperativas e associações vinculadas à Cooperativa Central da Reforma Agrária do Paraná (CCA/PR), promovendo um espaço estratégico de debate sobre políticas públicas, inovação e desafios das cooperativas.
A reunião teve como objetivo principal avaliar a conjuntura atual e fortalecer as estratégias de produção e comercialização, além de avançar na organização da Reforma Agrária Popular. O destaque do primeiro dia foi a análise de conjuntura realizada por Diego Moreira, da direção nacional do Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que contextualizou os desafios globais, latino-americanos e nacionais que impactam diretamente a luta pela terra e na produção de alimentos saudáveis.
Armelindo da Maia, conhecido como Beá, membro da Direção Estadual do Setor de Produção, destacou a importância de estruturar as cooperativas em quatro eixos: produção, industrialização, comercialização e crédito. A meta é fortalecer um sistema integrado de cadeias produtivas de acordo com as características de cada região.
Projetos estratégicos para massificar a Agroecologia também foram discutidos, incluindo investimentos em bioinsumos, mecanização, energia, mudas e reflorestamento. A proposta é tornar os assentamentos em territórios cooperados e ambientalmente sustentáveis.
Também foi abordada na reunião a participação das cooperativas do Paraná na 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que levou 20 toneladas de produtos e alimentos agroecológicos para o evento realizado entre os dias 8 e 11 de maio, no Parque da Água Branca, em São Paulo.

A reunião reforçou a importância da cooperação e da intercooperação para a valorização da agricultura camponesa, para a produção de alimentos saudáveis e para a urgência de massificar o debate e a construção da Agroecologia como enfrentamento às crises ambientais e sociais que vivemos na atualidade.
Os encaminhamentos do encontro fortalecem a cooperação e intercooperação, a organização e a agroecologia, ampliando o impacto social e econômico da Reforma Agrária Popular.
Seminário reforça papel do cooperativismo na Reforma Agrária Popular

“Mostrar que a Reforma Agrária dá certo! […] vale a pena, e mostrar que os trabalhadores do Movimento Sem Terra e agricultores familiares arregaçam as mangas e trabalham para produzir alimentos para o povo brasileiro”. Para o assentado Claudemir de Oliveira, esse é o objetivo de uma cooperativa para os trabalhadores e trabalhadoras da brigada Cacique Guairacá, que desejam iniciar uma. O Seminário de Cooperação na Reforma Agrária, que buscou orientar os assentados, aconteceu nos dias 1° e 2 de abril, com a realização de atividades de formação política, no assentamento Nova Geração, em Guarapuava/PR.
Durante os dois dias de atividades, os trabalhadores da região puderam entender e tirar suas dúvidas sobre o cooperativismo dentro dos assentamentos, resgatando a importância da organização coletiva e da luta organizada para o avanço da Reforma Agrária Popular.
Ao contrário do agronegócio, o cooperativismo é uma forma de se organizar coletivamente com o mesmo propósito – produzir alimentos saudáveis e nutritivos, que alimentam o povo sem ir na contramão da natureza, prejudicando o planeta e os que vivem nele.
Organizar as áreas de Reforma Agrária é fundamental para a consolidação do direito à terra. Não basta conquistá-la, é preciso usufruir dela, produzindo diversidade de alimentos, com qualidade nutricional e que possam chegar à mesa da população brasileira.
Além de discutir os fundamentos do cooperativismo, o seminário promoveu reflexões sobre a participação das famílias e a produção coletiva e agroecológica, destacando seu papel na garantia da segurança alimentar dos brasileiros.
Formação reúne jovens e mulheres para debater comercialização e construção de novas práticas no campo

No início de abril, jovens e mulheres de diferentes regiões do Paraná se reuniram no Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (CEAGRO) para participar da primeira etapa do curso “Gestão Comercial, Relações Humanas e Juventude”, em parceria firmada entre a CCA-PR e Fundação Mundukide. A formação teve como objetivo fortalecer o protagonismo da juventude e das mulheres nas estratégias de organização e produção camponesa.
Durante quatro dias, cerca de 50 participantes, entre jovens assentados, assentadas e integrantes de cooperativas da Reforma Agrária, aprofundaram debates sobre autogestão, agroindustrialização, comercialização solidária e os desafios enfrentados por mulheres e jovens na condução desses processos. Além de palestras e momentos de estudo, a programação incluiu oficinas práticas e rodas de conversa com experiências bem-sucedidas de comercialização coletiva e produção agroecológica.

A formação também reforçou a importância da construção de espaços com perspectiva feminista e geracional dentro das cooperativas, apontando que a consolidação de sistemas de comercialização mais justos passa pelo enfrentamento das desigualdades de gênero e pela valorização das juventudes do campo.
Encontros como esses reforçam a importância da organização coletiva, da formação política e da intercooperação na produção agroecológica, como caminhos para a consolidação do projeto de Socialismo e para o enfrentamento dos desafios de construir um futuro com soberania alimentar, justiça social, equidade de gênero e sustentabilidade ambiental.
*Editado por Fernanda Alcântara